Resenhas - Sempre o mesmo céu, sempre o mesmo azul

Charlene.Ximenes 16/11/2017

A leitura tem um poder que vai além. O livro nos encara, escolhe-nos e revira-nos. Cheguei em casa, num domingo à noite, e o livro "Sempre o mesmo céu, sempre o mesmo azul" me encarou, olhou para mim e pediu para ser lido. Rapidinho se foi metade da obra. Dormi, sonhei com minha irmã, com ela distante, tive medo de perdê-la, ela parecia estar doente, eu não sabia onde minha mãe estava. Fiquei assustada. Acordei, terminei o livro.

Li coisas na obra que estavam no meu sonho, indiretamente, e eu nem sabia. A literatura tem esse poder sobrenatural e é mais ou menos assim que eu gostaria de falar sobre esse livro. Porque isso não é uma resenha e não foi do interesse da Laura Haubert escrever algo satisfatório, algo que bastasse. Assim como a vida, é preciso que completemos partes.

É um livro pequeno, irrisório. Sinto muito em dizer para você que vi erros de escrita aqui. Vi alguns problemas de revisão e isso geralmente me incomoda muito. Mas eu segui e me envolvi com as dores de mulheres, que assim como a minha mãe, a mãe da autora e a mãe de muitas de nós, passam ou passaram pela vida.

O livro narra a história de uma relação conturbada, confusa e angustiante de três mulheres (mãe, filha e irmã). A mãe, Olivia, abandonou suas duas filhas há muitos anos e sumiu. Letícia e Clara cresceram e permaneceram tocadas por essa ausência e, de certo modo, buscando compreender o que se passou. Já adultas, a mãe doente e a busca ou perda de uma relação maternal e fraternal existe sob um muro, um redemoinho. Erros são repetidos, histórias se misturam e recebem características próprias, formando mulheres que muito se diferenciam e muito se assemelham. As dores, as angústias, o medo da solidão, o medo da morte, a dor, a vida - é isso que você encontrará nesse livro. A vida retratada em cartas, bilhetes, notas, em relatos pulsantes, no qual se falam de seres humanos e seus sentimentos. Indico a leitura!