A moça do internato

A moça do internato Nadiêjda Khvoschínskaia




Resenhas - A moça do internato


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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

A moça do internato, Nadiêjda Khvoschínskaia – Nota 9/10
Primeira obra escrita por uma escritora russa que leio! É um livro curto, com uma narrativa fluida e que consegue envolver o leitor. Escrito em 1861, “A moça do Internato” conta a história de Liôlienka, uma garota jovem, boa aluna e nascida em uma pequena cidade do interior da Rússia. Sua juventude é contada a partir do contexto da época em que vive, em que as mulheres têm um papel pré-definido na sociedade patriarcal: casar, cuidar da casa e dos filhos e respeitar as ordens do marido.

Apesar de ser uma filha obediente, seus comportamentos começam a mudar após conhecer seu vizinho, Veretítsin, um homem solitário e que foi mandado para essa pequena cidade do interior por seu comportamento de “rebeldia” aos valores tradicionais. Em suas conversas, o vizinho passa a brincar com a ingenuidade de Liôlienka, assumindo quase um papel de mentor. Veretítsin questiona as regras tão rígidas que a garota estava acostumada a seguir: estudar, cuidar da casa e dos irmãos, e aprender tarefas dignas de “boa esposa”. E esses diálogos, extremamente interessantes, despertam na protagonista conflitos internos e perturbadores, principalmente para uma jovem que mal sabe lidar com seus sentimentos.

Esse seu amadurecimento tormentoso me lembrou bastante a trajetória de Virgínia, personagem marcante construída por Lygia Fagundes Telles em “Ciranda de pedra”. A leitura fica ainda mais rica quando se percebe a coragem que Nadiêjda teve ao escrever uma obra com um discurso de emancipação da mulher em plena Rússia conservadora do século XIX. Apesar de um final não tão surpreendente, a autora conseguiu deixar clara a sua intenção de usar a literatura não apenas como entretenimento, mas também como um veículo de disseminação de crítica e insatisfação social.

A edição da @editorazouk , com tradução direto do russo, conta com um excelente prefácio do tradutor Odomiro Fonseca sobre o contexto histórico em que a obra foi publicada.

Ou seja, uma incrível obra sobre o papel da mulher em plena Rússia do século XIX e, o mais interessante, sob a perspectiva de uma poderosa e jovem estudante de uma cidade do interior.

site: https://www.instagram.com/book.ster
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Ale 01/06/2021

A transformação e evolução de uma menina que resolve romper com os padrões da sociedade da época para conquistar sua independência.
O livro trata as grandes questões como educação, casamento, reconhecimento profissional e liberdade.

" Seria melhor mudar os hábitos. Pra quê me ocupar dessas idiotices? A verdade é que ninguém pode viver assim: só esperando o momento de ficar espiando pela cerca e aguardar só Deus sabe o quê! Eu não consegui aprender nada que prestasse, nem para a governanta tenho jeito! E eu já tenho quase dezesseis anos! Pessoas decentes passeiam, visitam uns aos outros, mas eu não consigo nem abrir a boca. Estudei, mas já esqueci de tudo. Preciso me confessar aos meus pais. Não sei como, mas, dentro de mim, tudo está de cabeça pra baixo. Será que na minha idade as outras meninas passam por isso também? As outras meninas... " Pag: 128
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Izabel.Cristina 09/08/2020

O livro foi uma reviravolta na minha percepção cultural do crescimento feminino. Não foi a minha leitura favorita nem de longe, mas existem obras (como essa) que te fazem sentir um apreço pelo que te ensina, um livro simples que me trouxe novas perspectivas sobre o desencantar do mundo.
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Toni 25/09/2018

A perversidade de sistemas culturais predominantemente machistas não tem limites. Traduções brasileiras do russo existem desde o final do século XIX, editoras se especializaram no filão e grandes nomes da literatura russa tornaram-se ainda maiores e mais populares nos últimos anos. Tudo lindo e celebrável não fosse o fato desses grandes nomes significarem, quase estritamente, grandes homens. Onde estão as escritoras russas nas livrarias nacionais? Ou ainda, falando de leitor para leitor, quantas russas você já leu ou consegue nomear?
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"A moça do internato", da Nadiêjda Khvoschínskaia, foi a leitura mais surpreendente que fiz este ano até o momento. Publicado em 1861 — mil oitocentos motherfucking sessenta e um —, o romance vai tratar da estreitíssima perspectiva de vida das mulheres russas na segunda metade do século XIX. Critica severamente a educação bela-recatada-para-o-lar e o ideal de esposa e defende, sem quaisquer reservas, a liberdade intelectual e pecuniária das mulheres. Despido de romantizações (muito pelo contrário, todo lampejo de romantismo é descartado com fina ironia, acompanhem o destino de um certo livrinho no enredo), o texto de Khvoschínskaia subverte as expectativas do gênero Bildungsroman com uma narrativa que questiona o patriarcado, o silenciamento e a perfeição feminina, e consegue, com seu último capítulo, presentear o leitor com as mais belas páginas de literatura feminista que você pode encontrar.
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O livro foi publicado em 2017 pela @editorazouk , uma casa pequena de Porto Alegre que merece muito nossa atenção. O lançamento de "A moça do internato" me lembra que, por mais que o mundo inteiro queira nos fazer pensar o contrário, toda compra, quer você queira, quer não, é um ato político. Ainda que o mercado tente empurrar goela abaixo o que vamos consumir e quais edições de luxo precisamos ter, a decisão final de quem fica nas estantes comendo poeira é nossa. É tempo, pois, de valorizar editores que publicam fora da caixinha do machismo estrutural.
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Luíza | ig: @odisseiadelivros 16/04/2020

Leitura de quarentena #3
Há uma perspectiva da Rússia diferente neste livro, que até então não vi representada em Tchekhov, Gógol e Dostoievski. E, se vi, foi de forma muito tímida. A perspectiva é a da mulher russa do século XIX.
A autora, como tantas outras que escreveram no período, foi apagada pelo cânone maioritariamente masculino. Quando me propus a ler literatura russa neste ano, uma questão que me incomodou foi a de que não havia mulheres na minha lista – são até difíceis de encontrar, na verdade, ainda mais publicadas e traduzidas no Brasil. Encontrar “A moça do internato”, portanto, foi um alívio e, mais ainda, ler a respeito da visão da mulher (escrita por uma mulher) sobre a sociedade russa.
O livro é curto e conta com uma introdução acerca da autora e do contexto histórico em que viveu. Não tenho muito conhecimento sobre o assunto, mas, a partir do que nos é apresentado, pude perceber que houve um período na literatura russa em que a preocupação sobre as questões femininas foi ressaltada por meio da literatura. E, com isso, mais mulheres tiveram um espaço, ainda que modesto, para escrever tanto prosa quanto poesia. Nesse contexto, Nadiêjda Khvoschínskaia escrevia.
A protagonista da história é, de certa forma, um reflexo de Nadiêjda. Liôlienka, a protagonista, não aparece de imediato na história. No primeiro capítulo, somos apresentados a Veretítsin, um funcionário público que, aparentemente, não possui um histórico civil muito bom, pois é acompanhado pela polícia. Além disso, é um jovem que profere longos monólogos acerca da monotonia e do fracasso de sua vida, pois se mudou de Petersburgo, onde atuava como professor, para a pequena cidade em que sua irmã morava.
Nessa cidade, tudo acontece de modo muito provinciano e as pessoas não possuem oportunidades para melhorar de vida. Tudo é monótono, ainda mais para espíritos inquietos, como de Veretítsin e Liôlienka. Eles são vizinhos e começam a conversar com provocações de Veretítsin dirigidos à garota. Em um primeiro momento, Liôlienka não sabia que aquele primeiro contato mudaria a sua forma de ver o mundo e relacionar com as pessoas. As conversas com Veretítsin, por mais simplórias que pareçam, a fazem refletir sobre sua vida em família, no internato em que estuda e, em seguida, a fazem pensar em como poderia mudar de vida.
A vida de uma mulher na Rússia no século XIX não era fácil. Apesar de estudar em um internato que seu pai, um funcionário público, pagava com muitos sacrifícios, ela logo se dá conta de que aqueles ensinamentos de nada servirão para sua vida futura. Seu futuro estava destinado a um casamento com um homem medíocre. Além disso, o internato incentivava a rivalidade feminina, de forma que todas as alunas queriam ser melhores do que as outras para ascender de turma. No entanto, isso de nada serviria já que elas não poderiam ir à universidade, por exemplo.
O caminho de Liôlienka é árduo, pois lida com questões de crescimento também, da passagem da infância para a juventude – juventude essa pouco aproveitada, pois ela precisa se casar aos dezesseis anos. Há, ainda, a postura de sua família diante dela. Seus pais só se importam com as aparências, não a incentivando e sempre cobrando melhores resultados dela.
Tudo isso culmina para o final. O último capítulo apresenta um debate intenso entre ela e Veretítsin. Ali, as perspectivas são muito claras. Ele, homem, tem outra visão da vida, acomodado pelos fracassos, invocando um discurso tradicionalista. Ela, mulher, clama pela liberdade, pelo conhecimento, pela independência. Esse livro nos dá um panorama de como foi a vida da mulher na Rússia no século XIX e como poderia ser, se direitos equivalentes fossem dados para mulheres e homens.
Não pode ser considerado um livro para morrer de amores, mas, por sua importância histórica e social, vale à pena ser lido.
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Allisson 06/06/2021

Gostei bastante.
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O Ciclista 13/07/2020

Despertador
Qual é o preço que se paga para sair da zona de conforto? Este livro lhe dirá, com uma leitura objetiva e direta, vemos a "provocação" do destino em tornar os individuos cada vez mais donos de si mesmos. Com um romance por tras que explicita a melhor maneira de se contar isso.
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Thaís Vilas Bôas 03/02/2020

Bela, recatada e do lar... Será?
Na volta ao munda da literatura, a conexão da vez foi na Rússia!

Saindo da minha zona de conforto e conhecendo novas formas de escrita, apaixonei-me por “A moça do internato” de Nadiêjda Khvoshchínskaia.

Em diálogos fortes entre a adolescente Liôlienka e seu vizinho mais velho Veretítsin, nos situamos em uma Rússia do século XIX, onde a mulher possui o seu papel na sociedade de “bela, recatada e do lar”.

Liôlienka era uma menina ingênua, ótima aluna e uma filha obediente. Mas, ao conhecer Veretítsin e manter conversas com ele, percebe que o futuro que a aguarda não é exatamente o que deseja. Assim, acompanhamos os seus conflitos internos e o seu amadurecimento.

Com uma história envolvente, visualizamos o desejo de emancipação da mulher mesmo em uma época tão conservadora. Foi uma leitura nova para mim, que me conquistou e já quero ler mais obras similares!

@dboascomcafeelivros
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SimoneSMM 23/12/2022

Liôlienka é uma adolescente de 15 anos que vive sua vida de forma obediente, seguindo as regras dos pais, as mesmas regras da sociedade russa do século XIX. Estuda para ter maiores possibilidades de arrumar um bom casamento, era o destino das meninas/mulheres russas (que podiam estudar).
Em uma conversa casual com seu vizinho, um homem amargurado e pessimista, ela passa a sentir que não há sentido nas coisas que faz. A partir daí, os acontecimentos se desenrolam de modo que ela consegue romper com esse círculo ao qual a mulher está restrita nesse tempo e lugar. Ironicamente, o mote dessa transformação, são as idéias de um homem. Mas Liôlienka rompe também, posteriormente, com esse suposto vínculo de idéias entre eles, quando fica claro que a forma como ele vê a vida e as mulheres não era o que pareceu a ela.
Apesar de ser um livro curto, muitos fatos são contados de forma solta, como uma coleção de ocorrências, enquanto alguns outros dão a sensação de que estão incompletos. Mas vale a leitura por conta da época.
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Marina 07/06/2022

Eu já li dezenas de livros russos escritos no século XIX e esse foi o primeiro de uma autora mulher. É muito triste que as autoras russas não tenham reconhecimento e não tenham sido traduzidas para o português, seria enriquecedor ter outras perspectivas.
A história em si não me cativou muito, mas gostaria de poder ler os outros tantos títulos que Nadiêjda escreveu e publicou em vida.
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Queds 25/07/2020

Um livro com poucas páginas, 167, nos remete a várias discussões e nos inspira.

Em A moça do Internato acompanhamos a transformação e evolução de Liônlienka, uma garota de 15 anos que ousa romper os padrões estabelecidos pela sociedade da época.

Uma leitura que nos leva a discutir e refletir temas como: a figura feminina; as limitações impostas às mulheres no século XIX; a função da escola/internato no século XIX; as relações e padrões sociais; a importância do conhecimento científico; o valor e influência da leitura.

Quanto estamos dispostos a pagar para tirar as vendas de nossos olhos? Ainda mais como figura feminina, como mulher ?

Aquela sensação de que a luta não é fácil; olhar para o passado e ver que o papel da mulher na sociedade foi e é forjado com muita luta.

Nossa história é construída com mulheres guerreiras, que em cada atitude nos abriram espaços para que hoje possamos continuar lutando.

Nunca foi e nunca será fácil ser mulher. Não em um futuro tão próximo, ainda há um árduo caminho para trilharmos.

A Moça do Internato (1861) e só publicado no Brasil em 2017 é considerado um marco na representação da mulher na literatura russa. A autora iniciou suas publicações sob um pseudônimo masculino, sentindo na pele o preconceito e a opressão simplesmente pelo fato de ser mulher.

Nadiêjda Khvoschínskaia, não desistiu e é um símbolo de resistência na luta pelo reconhecimento feminino. Foi humilhada, enganada e no fim conquistou o seu espaço como escritora e romancista se tornando porta voz da luta e empoderamento feminino e inspirando suas leitoras.

A Moça do Internato é um livro curto, de 167 páginas. Leitura gostosa, fluída, rápida e com um final surpreendente. Uma narração crítica que reflete o poder e a transformação, simplesmente arrebatador.

Super Recomendo!
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Ely 08/11/2020

"A leitura trazia a sensação de um reecontro com alguém muito querido, mas sabemos que em breve essa pessoa terá que partir novamente."
Adorei essa escolha do Pacote de Textos para o mês de março, o mês da mulheres, ler uma autora com uma importância tanto para a literatura russa na época, pelo protagonismo de Lia e suas escolhas, quanto para leitores brasileiros que tiveram em primeira mão essa obra da autora pela editora Zouk.
Foi um livro bem tranquilo, bem diferente do que eu imaginava. Quando eu peguei ele pela primeira vez, fiquei pensando que seria uma leitura difícil, até mesmo pelo tamanho, afinal é um livro pequeno, e também pela autora ser russa. Eu não me lembro de ter lido nada desse país e confesso que fiquei um pouco insegura. Outro fator foi o fato de ser um livro do século passado. Tudo isso me fez pensar que eu teria uma leitura difícil e devagar, mas me surpreendi com escrita de Nadiêdja, ela foi muito tranquila, mesmo quando não tinha diálogos, para expressar o que seus personagens sentiam. Depois de um tempo eu me acostumei com a leitura, já gostando bastante da história. Fiquei confusa e curiosa por não saber o que se passava para que o vizinho estivesse na mira da polícia, pois poderia ser tanta coisa já que a Rússia não é um país tão aberto a diversidades, principalmente naquela época, eu só consigo imaginar; e fico curiosa também pela forma como ele conversava com Liôlienka, o que ele queria com aquilo, qual era o objetivo dele ao chegar nela e falar todas as aquelas coisas, eu só lembro de saber que ele era envolvido com poesia, mas que pecado era esse não entendi muito... mesmo assim continuei, e me surpreendi como suas palavras confusas, tanto para mim quanto para Lia, mexeram com ela a ponto de fazer ela toma certas atitudes. E aí, eu percebi, que foi de uma forma sutil que ela conseguiu ser feliz, se livrar da opressão da família para ter um futuro que eles desejavam e não o que ela desejava, ela fez isso de uma forma bem sutil... Enfim, esse livro me surpreendeu por ser uma leitura leve e gostosa que adorei no meu ano de 2020.

"- Eu gosto de me abster completamente da realidade que me cerca.
- E por que você precisa disso? A realidade é tão ruim assim? - perguntou Veretítsin.
- Não, está tudo bem, mas fica melhor assim: quando eu pego um livro e simplesmente perco a noção até do que eu sou. É como se você se retirasse para um mundo completamente diferente..."
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Carol.Cuofano 18/09/2021

Muito bom.
Bem interessante ler um texto escrito por uma mulher que aborda questões de escolhas femininas em uma Rússia absolutamente machista e patriarcal.
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Dinha 17/05/2020

Um livro necessário entre os russos
Lioliênka é uma jovem russa com 15 anos que vive numa vila onde o mais longe que pode chegar como ser humano é o casamento. Isso não a incomoda até ter acesso ao amor e a novas ideias que advindas de seu vizinho Veretítsin e o livro que ele empresta a ela. Uma novela bem desenvolvida que apresenta à Nadiêjda Khvoschínskaia com sua ideia de liberdade feminina num período histórico em que tal pensamento era considerado indiscutível em alguns círculos sociais. Trechos do texto elucidam muito bem os pensamentos progressistas da autora.
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