O Ano Vermelho

O Ano Vermelho Moniz Bandeira




Resenhas - O Ano Vermelho


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Igor13 23/07/2018

Ótimo livro, mas título e capa levam a expectativas equivocadas
Primeiramente, explico que tanto o título como a foto de Lenin fazendo comício são ruins porque fica parecendo que o livro é sobre a revolução russa. 'O Ano Vermelho' leva a pensar que o livro será sobre o ano da revolução (ou melhor, contrarrevolução) dos bolchevistas em 1917. Mas não é. O livro foca 90% de sua atenção no Brasil.

Sobre o período avaliado
O livro faz inicialmente uma excelente contextualização histórica brasileira (e resumidamente da Rússia czarista de Nicolau II) desde a vinda da família real portuguesa e o início da industrialização no Brasil com o uso primordialmente de imigrantes europeus no final do século XIX.

A partir da república, e aceleração do processo industrial, o autor demonstra como as ideias socialistas, marxistas, anarquistas e social-democráticas são trazidas pelos europeus e difundidas nos meios dos proletários, estudiosos e militares.

No século XX, vai resumindo as principais revoltas sociais e nos quarteis. Suas ideias, líderes e consequências. Termina a análise pouco antes de Getúlio - não avalia o período pós 30. Só faz breves comentários sobre a chamada 'Intentona Comunista', também conhecida como Revolta Vermelha de 35.

Pontos fortes:
1) Avalia os líderes, ideias, reivindicações e atos dos movimentos marxistas, socialistas, anarquistas e socialdemocratas. Explica como havia confusão e discórdia entre os diferentes grupos. Relata a repressão do governo e promessas não cumpridas. Descreve a miséria e exploração dos imigrantes, na sua maioria, enganados ao virem para o Brasil procurando melhores oportunidades;

2) Demonstra como a mídia da época distorcia as notícias das greves e revoltas civis e militares na Europa e no Brasil. Compara e demonstra como já havia o que hoje chamamos de fake news;

3) Lista as reivindicações dos grevistas e conta como o governo brasileiro resolvia essas ‘questões sociais’ na época. Na base da violência e dissimulação. Obs: importante ressaltar que greves e reivindicações sociais eram caso de polícia em todo século XIX e início do XX em todas as sociedades; e

4) As consequências da Primeira Guerra Mundial para os movimentos sindicalistas e sociais na Europa e no Brasil.

Pontos fracos:
1) Não faz comentários, mesmo que breves, sobre os integralistas. Isso é estranho, pois o movimento fascista na Itália (com Mussolini) e China (com Chiang Kai-shek) foram fundados por ex-membros de grupos ‘de esquerda’. O autor poderia ter aproveitado para esclarecer melhor se havia ou não ligação entre os membros, ideias, etc;

2) Um ponto que não vai agradar a todos é o fato do autor, de forma muito metódica, transcrever (parte de) discursos, notícias e comunicações entre autoridades. No Brasil, já adianto que Lima Barreto é muito citado. Após um tempo, confesso que pulava alguns textos transcritos; e

3) Senti falta de mais detalhes da Coluna Prestes e demais revoltas do ‘tenentismo’. Vou ter que continuar buscando um livro sobre o tema.

Sugestões:
I – Se quiser um livro mais específico sobre Lenin e a revolução russa de 1917, sugiro o livro do mesmo autor: ‘Lenin. Vida e Obra’ – avaliado por mim nesse site.
II – um clássico sobre os intensos dias que levaram a derrubada de Alexander Kerensky e seu governo provisório: ‘Dez Dias Que Abalaram o Mundo”, de John Reed. Não li, mas está na fila.
III – Estou lendo o livro sobre Fredirick Engels: ‘The Frock-Coated Communist: The Revolutionary Life of Friedrich Engels’, de Tristram Hunt. Livro pouco conhecido e sem tradução para português. Faz uma análise muito interessante sobre a vida pessoal de Engels e o meio 'aristocrático' em que foi criado.
Patricia Falcao 11/01/2021minha estante
Desculpe, o movimento fascista nao foi fundado por ex membros da esquerda. Mussolini se infiltrou no partido de esquerda, acabou com o partido e o fechou pra tira-lo do caminho. É a mesma coisa que eu dizer que Ciro e Boulos sao de esquerda quando suas atitudes e falas demonstram que não o são. Não é porque a pessoa se diz de tal partido que ela seja de direita ou de esquerda, Ciro por exemplo, ja foi do partido liberal, do psdb, do pt, do pdt, infinitos partidos


Igor13 17/01/2021minha estante
Não posso entrar nessa discussão a fundo, pois não li obras exclusivas sobre ele. O que quero fazer no futuro. Os materiais que li sobre ele sempre falam que era jornalista que defendia o socialismo (agora qual versão socialista tenho que ler - até pq nacionalismo não combina com Marxismo, p.e.). e naqueles tempos conturbados acabou optando por outra vertente ideológica. Outros casos notórios de socialistas/comunistas 'de carteirinha' que deram guinadas radicais: Chiang Kai-shek (China - Taiwan) e Carlos Lacerda (do Rio de Janeiro). Não vejo pq não pode mudar de 'lado' ou posição política, ainda mais quando há ganhos financeiros e poder envolvido. Quantos não devem ter aderido ao partido comunista liderado por Lenin naqueles anos terríveis e incertos da WWI não pq acreditavam na ditadura do proletariado ou economia controlada pelo Estado, mas por falta de opção ou interesse pessoal?

Se souber um bom livro, do ponto de vista histórico/acadêmico de Mussolini e do partido Fascista Italiano - que aliás acho ridículo por tentar ressuscitar diversos símbolos da Roma antiga - agradeço.


Patricia Falcao 18/01/2021minha estante
Assim que eu tiver um tempo vou te indicar e você vai saber como tudo aconteceu.




1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR