Mariana 04/12/2022
Inspirador
Diários são recursos terapêuticos muito utilizados e incentivados dentro da Psicologia. Às vezes, servem até como material de estudo, como os diário de campo, ou as versões de sentido, dependendo da abordagem a qual se olha - etnografia, humanismo, etc. O livro de Débora é um diário, um recurso terapêutico utilizado por ela para dar vazão a toda experiência vivida, e na minha opinião, ele serve também como material de estudo, já que mostra a atuação da Psicologia em povos desprovidos de direitos, marginalizados, negligenciados, invisibilizados. Débora compartilha suas vivências e atuação, com muita sensibilidade, colocando-se como protagonista em meio a tanto sofrimento, de tantos povos que sofrem explorados e abusados. É interessante a forma como ela permite se expor, como uma Humana, não só psicóloga, não só colega de trabalho, não só amiga, filha... ela se coloca por inteira. Isso é um ato extremamente corajoso dentro de uma profissão que sempre tenta distanciar-se de seus pacientes, distanciamento esse que acaba até mesmo colocando nossa humanidade em cheque. Débora desfaz esse estereótipo com muita coragem e sensibilidade, mostrando brilhantemente, na prática, o que Jung dizia: "conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Inspirador seu trabalho, sua história e coragem. E que orgulho ter essa autora como colega de profissão!