Mila F. @delivroemlivro_ 03/05/2020
Eu já tinha lido, porém não lembrava de nada e AMEI
Em A Mansão Hollow somos apresentados a Lucy e Henry Angkatell, proprietários da Mansão Hollow, que estão se preparando para receber familiares e amigos no final de semana, algo que já ficamos sabendo ser bastante normal.
Porém, nesse final de semana específico, Lucy fala com sua prima Midge Hardcastle dizendo estar preocupada com as pessoas que estarão presentes na casa, porque vai ter o acréscimo de mais pessoas e são as "pessoas erradas", fala também que convidou "o homem do crime", Hercule Poirot, que mora em um chalé próximo a Mansão Hollow.
Então quando todos estão reunidos: Lucy e Henry Angkatell, Midge Hardcastle, Gerda e John Christow, Henrietta Savernake, Edward Angkatell e David Angkayell, percebemos que Agatha Christie começa a construir uma atmosfera mais carregada, tensa e pesada entre os convidados na Mansão Hollow e os contornos de uma tragédia começa a se delinear.
O fatídico crime acontece e uma parte bem intrigante é que Hercule Poirot - que vai para o almoço, no domingo - chega bem no momento em que o fato acabou de acontecer e a vítima está dando seu suspiro final. Poirot achou toda a cena dramática e como se tivesse sido ensaiada, de modo que o próprio "homem do crime" demora a acreditar que a cena é real, pois acredita estar sendo vítima de uma peça.
Eis que a polícia é chamada e uma série de investigações passam a acontecer para tentar desvendar quem foi o autor do crime, qual foi o propósito e como de fato ocorreu, já que a cena inicial pode levantar a algumas dúvidas.
Agatha Christie foi sensacional em A Mansão Hollow por diversos motivos. Primeiro, temos uma narrativa bastante diferente da que encontramos em outros livros que Hercule Poirot aparece. Segundo, temos um desenlace pouco convencional também. Terceiro, temos um dramalhão de família cujo pacto familiar fala bem mais alto que a verdade. Vou explicar!
A questão da narrativa é que temos uma introdução realmente muito grande, assim, Agatha demora a introduzir Poirot no livro, de modo que o leitor realmente esquece que o detetive irá fazer parte da narrativa. De fato ele é um personagem dispensável e quando aparece é possível perceber o quando Poirot está deslocado e é estranho para o desenvolvimento da história. Fiquei com a impressão de que A Mansão Hollow poderia ter acontecido realmente sem a participação de Poirot, até porque não tem um papel preponderante para o descobrimento do crime. Inclusive vi em algum lugar que a própria Agatha Christie se arrependeu de ter colocado Poirot nessa história. Interessante, não é mesmo?
Sobre o desenlace do crime, tem a ver com a participação de Poirot. Quando falamos de um livro de Poirot esperamos ver aquele final tradicional, quando o detetive faz uma reunião e conta sua descoberta de quem é o assassino, mas aqui temos algo completamente diferente e ao mesmo tempo bem coerente e aceitável.
O terceiro ponto em que achei Agatha Christie genial em A Mansão Hollow foi ter colocado esse pacto silencioso, ou pacto familiar entre todos os que estavam na Mansão Hollow naquele final de semana, algo que faz com que o crime se tornasse mais intrincado e complexo, de modo a dificultar as investigações da polícia. Afinal tudo levava a crer que todos estavam tentando se encobertar, mas quem será que cometeu o crime? Eis a grande questão.
Pra finalizar, preciso confessar que fiquei absolutamente viciada nesse livro, simplesmente não conseguia soltar A Mansão Hollow, porque a trama me envolveu de uma forma indescritível, embora também reconheça que esse livro é pouco convencional de Agatha Christie e, por isso, pode não agradar a todo mundo, sobretudo, porque é bem fácil "matar a charada", no entanto, ainda assim super recomendo. Amei!
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