Gramatura Alta 22/02/2018
TEXTOS CRUÉIS DEMAIS PARA SEREM LIDOS RAPIDAMENTE, de fato intensos, realistas, mas também carregados pelos sentimentos que muitas das vezes se acumulam em nossos corações. É como uma enxurrada, uma expulsão de angústias, mas também de esperança e sensibilidade na forma de pequenos textos e de imagens, que podem representar (na forma do grafite preso ao papel, ou te tinta, no caso dos impressos), o que o coração tenta decifrar.
O livro se divide em quatro partes: na primeira, Para quando você se esquecer de mim, leva o leitor de volta às relações superficiais, sobre como dói saber que não fomos bons o bastante para sermos lembrados ou que não fomos o que as pessoas queriam ou precisavam para ficar. Sobre como é se sentir quando não se pode demonstrar tudo o que se é, simplesmente pelo fato de que as pessoas já não são capazes de suportar a ideia de sentir as pessoas de forma profunda. Ela nos coloca em conflito, questiona: o que faz as pessoas serem assim? Seria o fato de estarem machucadas demais pelo mundo? Ou seria o fato de estarem amedrontadas demais pelas histórias que ouviram sobre os casos falhos das outras pessoas?
Na segunda parte, A memória é uma pele, o autor mostra uma sensibilidade em transmitir o que pensamos quando sentimos a saudade de alguma coisa que se foi. Trata-se das boas memórias que já não podem ser alcançadas, que se perderam pelas escolhas feitas na vida.
Na terceira, Para você não esquecer de sentir, somos bombardeados com a realidade de como é deprimente o "não sentir", e sobre como isso torna as relações, e a própria vida, um conjunto de ações metódicas, repetitivas e realizadas apenas pelo hábito de se fazer a mesma coisa todos os dias. Essa parte nos coloca para pensar em: por que isso acontece? Por que passa a não ser importante dizer aquele pequeno detalhe, que insiste em nos chamar a atenção?
E, por último, A felicidade é uma arma quente, é como um reconhecimento, aquele que gostaríamos de ouvir das pessoas ao nosso lado, é também a compreensão de que não é fantasioso demais querer algo que te faça bem, porque embora não estejamos dando muita atenção às pessoas e até mesmo ao que nós mesmos fazemos, cada um de nós se esforça de alguma maneira.
É um livro que realmente me tomou um tempinho pra ler, porque traz textos e imagens tocantes, que nos prendem e que nos fazem viajar na nossa própria existência e no que já experimentamos. A conexão entre o autor e quem lê é bem forte, e ao ler, temos realmente a impressão de que o autor está esvaziando a alma, na sua forma nua e crua, mas sem perder o encanto e a poesia.
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