Mariana 02/01/2023
Procura-se... muito do que foi prometido.
Li esse livro pela primeira vez quando tinha, não sei - uns 14 anos. Gostei muito, e ainda gosto, da ideia de dois pontos de vista em um livro só, porque sempre me questiono a respeito de como a história correu pelos olhos do outro. Então esse, particularmente, é um dos pontos mais fortes. A capa também, na minha opinião. As duas são lindas.
Contudo, relacionado à história... Quando li, mais jovem, achei incrível. Uma obra prima, um dos melhores romances já escritos. Resolvi reler e, sinceramente, eu deveria ter ficado com aquela memória gostosa de quando eu era menor. Porque acabei por me decepcionar, e bastante.
A protagonista, Ariane Sparks, tem uma condição de saúde grave a qual ela negligencia com um fervor que, olha; vi em poucos protagonistas. E naqueles em que vi essa mesma negligência, eram crianças em situações mágicas, distópicas ou pós-apocalípticas. Nesse livro, em particular, acho chato. Quase preguiçoso, talvez, porque a autora apresenta uma doença extremamente grave e deixa por aí, mesmo.
Claro, ela avisa, no meio da história (antes de os livros se inverterem) como é tudo ficcional, e conscientiza sobre a doação de órgãos. Ainda assim, não consegui gostar do desfecho, nem de como as coisas chegaram a ser o que foram a cada momento do livro. A escrita é leve, simples (jamais colocando isso como alguma coisa ruim, por favor) e fácil de ler. Gostosa, eu diria. Mas, infelizmente, não traz muito do conteúdo poético que a sinopse, o título e a capa oferecem como premissa.
Na visão de Miles, a história ainda é um tanto repetitiva. Lógico, contam a mesma história, então, logicamente, espera-se que isso aconteça, mas senti falta de nuances particulares - parece somente a mesma personalidade contando a mesma coisa para outra pessoa. Ou, como se tivesse esquecido que contou a história para alguém e só está recontando.
E o final... Ainda me pergunto como gostei tanto dele, antes, haha! É fantasioso, talvez um pouco demais, e banaliza um assunto e esperanças que, na minha opinião, devem sempre ser tratados com muita, muita cautela. Transplantes são um assunto delicado, dolorido, que se pendura na, várias vezes, vã esperança de se ter um amanhã, dependendo de que outra pessoa não o tenha. Tratá-lo com negligência e tanta fantasia mais me dá repulsa do que encanta ou permite sonhar.
É uma boa leitura para passar o tempo, mas, vejo que minha eu de 14 anos só gostava demais de qualquer clichê. Frases que parecem ter sido tiradas do Tumblr em 2012, pensamentos supérfluos que querem ser passados como grandes filosofias, indelicadeza com assuntos e aspectos de vida e morte que quebram qualquer coração. Aí, ao fim dessa história, já foram quatro deles.