Última hora

Última hora José Almeida Júnior




Resenhas -


9 encontrados | exibindo 1 a 9


50livros 04/03/2018

Livro bom para imergir na história do Brasil
Vamos falar de uma indicação que valeu muito a pena? Para quem não sabe, sou estudante de História (último período, graças ao Poder Superior) e já sou formada em Museologia, então História do Brasil sempre foi uma paixão.

Na literatura a gente ainda encontra muito mais romances ambientados na época Renascentista, Vitoriana e até mesmo na Segunda Guerra Mundial do que no Pós Guerras e menos ainda passados no Brasil. Então, imagina a minha felicidade de ver um romance histórico, ambientado no governo democrático de Getúlio Vargas (1951 a 1954), não só muito bem escrito como premiado com o Prêmio SESC de Literatura. Gente, que dádiva.

Sem quase nenhum erro histórico, o enredo se segue de maneira incrível dentro da redação do jornal Última Hora, periódico polêmico apoiado pelo presidente. Entremeando cultura e modos sociais, o livro consegue ambientar bem o leitor na época, fazendo-o ficar curioso acerca do cotidiano do carioca na década de 50. Os personagens não são anacrônicos, completamente bem inseridos em seu contexto, onde adultério era algo mais do que presente nessa sociedade.

Falando ainda em personagens, o protagonista é exageradamente bem formado, um verdadeiro homem de seu tempo. Seu envolvimento político é sintomático de sua época, tornando-se um verdadeiro estereótipo do homem hétero cis.

"Então por que ele não foi um FULL 5?" Porque existe um ser na História Nacional chamado Carlos Lacerda, uma pessoa insuportável, tanto no livro quanto na vida real. O problema real é que o meio do livro, quando acontece a CPI dos Jornais, ele torna-se uma figura muito presente, deixando de lado muito do que era narrado a partir da redação, deixando a leitura muito lenta. Um pouco da vida pessoal do protagonista é deixado de lado e o que é deixado, seu relacionamento com Isabela, a secretária, causa muito ranço, sem achar palavra melhor para definir. Causa algum dano ao livro? Não, mas enche o saco.

"Última Hora" é um livro para quem gosta de História ou quer aprender a gostar, pois o misto de ficção e não-ficção dessa obra gera uma leitura extremamente agradável, repleta de boas passagens, trazendo ainda um vislumbre da consciência política (ou ausência dela) que nos trouxe aonde estamos hoje.

site: https://www.50livros.com/single-post/2018/01/30/RESENHA-de-%C3%9Altima-Hora-de-Jos%C3%A9-Almeida-J%C3%BAnior---METALOUCADOSLIVROS2017-e-JORNADAMLV
valter davi 04/04/2018minha estante
AAAAAAAAAA eu tô louco pra ler esse livro, amo história, mais ainda do Brasil, e ter um livro desse me trás felicidade e vontade de ler, pena que tenho muitos livros na frente que impossibilita a compra dessa obra prima. Não li e já considero... amor da minha vida


50livros 05/04/2018minha estante
Quando puder leia sim! É incrível!




ElisaCazorla 23/05/2019

Dinâmico. Interessante. Bom!
Que coisa boa ler um autor brasileiro com tanta qualidade! Romances históricos são perigosos. Não é todo autor que consegue fazer de fatos históricos algo interessante num livro de literatura. Fui para este livro como um desafio de um clube de leitura sem nenhuma expectativa. Na verdade, imaginava que me depararia com um amontoado de informações frias e históricas e listas de nomes que eu já teria ouvido em alguma aula na escola, visto em alguma avenida ou lido em algum viaduto. Felizmente, não foi nada disso que aconteceu!
Entrei em uma jornada viciante acompanhando a vida de um jornalista intenso com problemas pessoais, profissionais em meio a um turbilhão de coisas do cenário nacional da era Vargas. Enfim, foi viciante, foi estimulante, não conseguia parar de ler.
No início, o protagonista não me agradou, mas aos poucos vamos entendendo sua história e seus questionamentos e tudo fica muito interessante. Recomendo o autor fortemente. Já estou na fila pra comprar o próximo livro dele.
José Almeida Júnior 31/05/2019minha estante
Obrigado pelo comentário generoso :)


ElisaCazorla 02/06/2019minha estante
Obrigada a você por ter compartilhado conosco o seu livro. Nos veremos em breve para falar mais sobre ele :) até breve!




Paula.Martuchelli 01/07/2019

Belíssimo mergulho na nossa história
Termino esse livro com uma sensação de saudosismo de algo que não vivi. Acho que é essa a sensação que o livro nos deixa, pois faz um mergulho em nossa história explorando as nuances de figuras conhecidas como Samuel Wainer, Getúlio Vargas, Nelson Rodrigues, Luís Carlos Prestes e trazendo de forma muito fidedigna a atmosfera política, social e cultural do Brasil das décadas de 30 à 50. Poucas não foram as vezes que me imaginei durante a leitura andando pelo centro do Rio naquela época, passeando nos jardins do Palácio do Catete ou sentada no bar Amarelinho.
É impossível não fazer um paralelo com o Brasil atual e seus personagens, então ao mesmo tempo que é um mergulho no passado, é também uma oportunidade de reflexão sobre o presente e o porquê da história se repetir, o que torna o livro uma leitura extremamente necessária.
José Almeida Júnior 09/07/2019minha estante
Obrigado pela resenha ??




Viviana 25/11/2018

Quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas.
Meu primeiro conselho para quem quiser ler este livro é: insista. Não é um livro que te conquista no início, eu mesma só prossegui com a leitura porque era indicação do canal da Leila Cardoso e eu sabia que nossos gostos combinam para este tipo de livro. Mas a insistência vale muito a pena.
O que dificultou a minha leitura inicialmente foi que o personagem principal é um escroto e, seguindo a história, um hipócrita. O autor optou por uma narrativa alternando o presente e o passado, então as justificativas para as atitudes do protagonista só aparecem no decorrer da história, e no início eu achei os personagens e situações muito caricatos. Além disso, como o livro é em primeira pessoa, todos os outros personagens são descritos a partir das percepções do Marcos, então a vontade era entrar no livro e dar uns sopapos. rsrsrs
A trama se passa no final da Era Vargas e propicia a reflexão sobre temas muito atuais. O livro me pegou mesmo quando eu comecei a perceber a crítica social que o autor fez e a entender que o Marcos representa um homem do seu tempo. Sem dúvida, o foco principal é sobre a manipulação da informação e o papel de influência da mídia nos jogos de poder. Mas eu gostei muito do modo como o autor retratou a hipocrisia social e pessoal, traçando um paralelo entre os acontecimentos políticos e a derrocada moral do protagonista. Demonstrando que quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas, porque nossos problemas enquanto sociedade são reflexos dos nossos valores individuais.
comentários(0)comente



Tiago 07/08/2019

Colorindo a sépia da narrativa histórica
Getúlio Vargas foi uma das figuras mais controversas da política nacional. De pai dos pobres a ditador anticomunista, cabem a ele e aos seus anos de poder tantos epítetos quanto marcos legislativos, ações que até hoje repercutem no cenário republicano. Getúlio é um dos vários personagens históricos proeminentes de Última Hora (Record, 2017), romance de estreia do potiguar José Almeida Júnior que incorpora tal controvérsia e a utiliza em prol de uma construção ficcional complexa, que tem no protagonista Marcos (um jornalista comunista que aceita trabalhar num tabloide getulista meses antes dos famigerados eventos que levaram ao suicídio do presidente) sua melhor representação.

Ganhadora do Prêmio Sesc de Literatura de 2017 e indicada ao Jabuti, a narrativa é conduzida em primeira pessoa por este personagem igualmente conflituoso, que de início é instado a ir contra as suas convicções ideológicas a fim de sustentar as ambições burguesas de sua família: a esposa Anita, uma ex-militante do partido comunista que abandonou a luta revolucionária em favor da vida doméstica, e o filho Nandinho, um adolescente em plena revolta hormonal e parricida, que sonha em seguir uma carreira militar e ter uma vida cheia de regalias como a dos seus vizinhos, donos de uma mercearia onde Marcos é eterno devedor.

Um dos grandes méritos do livro é firmar um vigoroso laço de empatia entre o leitor e estes personagens tão opacos ou, por vezes, antipáticos: não apenas o protagonista, aqui, está em eterna negação do seu ideal heroico como também todos os outros personagens do seu núcleo familiar, como a esposa (que se deixou embalar pelo cotidiano burguês) e o filho (um adolescente rebelde, embora no entanto seja o mais conservador dos três).
O que, em alguns momentos, pode parecer uma grande fragilidade do enredo — em certos pontos sentimos a personagem Anita negligenciada, e nos questionamos como sua aguerrida vocação revolucionária se dissipou depois do matrimônio — logo vai se transformando em um dos seus maiores trunfos quando Almeida Júnior, alternando presente e passado, começa a imiscuir à rotina do jornal Última Hora as reminiscências de Marcos nos seus anos como integrante do partido junto com a esposa.

A grande fragilidade, de fato, acabam sendo os diálogos: profusos e sem qualquer inciso, o que imprime um ritmo apressado à história e dificulta a identificação dos interlocutores em cada cena. O recurso quase sempre é utilizado com fins narrativos, trazendo informações que talvez pudessem ser substituídas por uma voz narrativa mais perspicaz. Apesar ou em virtude disso, é interessante observar como o autor não hesita em trabalhar com os dados históricos (sobretudo nas circunstâncias que envolvem personagens conhecidos, como o próprio Getúlio e o então jornalista e dramaturgo emergente, Nelson Rodrigues), sem se deixar capturar pelas armadilhas de uma eventual glamourização: eles são apresentados diretamente, sem grandes arroubos descritivos nem características afetadas pela percepção do farto material biográfico disponível.

Salvo a insistente alusão às marcas, que quiçá pudesse ser melhor calibrada a este estilo direto de sua prosa, Almeida Júnior consegue dar um colorido vivo ao seu romance — sem os tons sépias que costumam permear a ficcionalização de fatos reais. Falta habilidade também nas cenas de sexo — constrangedoramente ruins, embora felizmente tímidas dentro de um romance volumoso, com passagens de maior êxito.

Ao fim e ao cabo, Última Hora revela-se uma longa porém valiosa empreitada, com um arremate digno dos melhores folhetins de Nelson Rodrigues, esta referência que paira nas páginas e que Almeida Júnior não esquece de honrar com sua ironia.

site: https://medium.com/@tiagogermano/colorindo-o-s%C3%A9pia-da-narrativa-hist%C3%B3rica-4473a4027fa5
comentários(0)comente



Thiarlley 15/01/2020

Mesclagem de ficção e história muito bem feita!
Quem me conhece sabe que eu gosto bastante de estudar histórias e de livros com essa temática. Tanto que os romances históricos/ de época marcam grande presença nas resenhas aqui do blog. A resenha de hoje é um livro ambientado numa época bem conturbada do nosso país e que muito pouco se discute ou se conversa de maneira rasa. Vencedor do Prêmio SESC de Literatura em 2017, estamos falando de “Última Hora” de José Almeida Júnior. Vamos de resenha?

O enredo se passa na década de 1950, durante o governo democrático de Getúlio Vargas, após quinze anos de governo Vargas repleto de golpes e medidas provisórias. Em 1950, Getúlio volta ao poder, desta vez, de maneira democrática e através do voto. A ideia de uma ameaça comunista perde força no Brasil após a entrega de Luís Carlos Prestes e Olga Benário ao governo nazista e o Brasil vive um momento nacionalista por parte de Vargas versus interesses internacionais por parte de seus opositores. Getúlio tenta conseguir o apoio do proletariado, dando mais atenção aos direitos trabalhistas.

O livro tem esse plano de fundo, tendo como foco a vida de Marcos, o protagonista, comunista e revolucionário ferrenho, que tenho como principal objetivo de vida a oposição ao Governo Vargas. Como já citado, os partidos comunistas da época perdem força com a morte de seu principal líder e Marcos, agora, trabalha num jornal pequeno, recebe pouco – e muito atrasado – tendo diversas cobranças por parte de sua família, já que falta comida na mesa e as contas só se acumulam.

Marcos recebe uma proposta de Samuel Wainer para trabalhar num novo projeto. “Última Hora” promete ser um jornal popular, apresentando os interesses do povo e para o povo; um bom salário, a possibilidade de crescer e ganhar ainda mais, a proposta parecia perfeita, se não fosse um não tão pequeno detalhe: O jornal teria apoio direto do Cadete, ou seja, seria um veículo voltado a apoiar o Governo Vargas.

Acompanhamos o desenvolvimento de Marcos e a sua luta interna: manter os seus princípios e continuar a dever ao mundo e fundo, perdendo o respeito de seu filho e tendo constantes brigas em casa ou aceitar o emprego, ascender financeiramente, resolver seus atritos familiares e jogar todos os seus ideais por água abaixo?

Simpatizamos com Marcos desde o início, principalmente diante de seus problemas financeiros versus ideais, uma coisa muito comum para nós, pessoas que precisam trabalhar para pagar suas contas e que, muitas vezes, engolimos muitos sapos no ambiente de trabalho a fim de manter as contas pagas. O fato do protagonista ser jornalista o fez próximo da minha realidade, também, pois já trabalhei numa emissora que ia, entre vários motivos, contra o que eu acreditava.

Porém, Marcos é um corrupto e porque não canalha. Ao longo do livro vai cometendo cada vez mais erros e tropeços, dizendo a si mesmo que o faz para manter sua dignidade. Todavia, apenas se envolveu em coisas grandes demais para que pudesse dar conta.

O que mais me encantou na obra foi a junção de ficção e realidade, dando-nos a impressão que Marcos foi uma figura pública de nossa história. Peças chave para a história brasileira como Getúlio Vargas, Carlos Lacerda, Samuel Wainer, Roberto Marinho e, até mesmo, o próprio jornal Última Hora, que de fato existiu, dão ao livro um ar histórico verídico incrível; é como se estivéssemos inseridos numa aula de história aprofundada, com os bastidores que culminaram em acontecimentos cruciais para o rumo do nosso país.

O livro tem leitura fluída, mas não é nada leve. Alguns trechos trazem memórias de Marcos, vividas durante a ditadura conhecida por nós como Era Vargas, e diz muito sobre o que acontecia àqueles que discordavam e se opunham ao governo de Vargas, com um flashback dedicado exclusivamente a um processo de tortura no DOPS. Particularmente, acredito ser o tipo de leitura mais do que necessária, diante da atual realidade política brasileira.

Afinal, é preciso conhecer nosso passado para que os mesmos erros não sejam cometidos. Como vi no twitter certa vez, “você olha os eventos do passado e utiliza para entender o presente e construir um futuro”.

O autor, José Almeida Júnior, é natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Reforço isso, pois precisamos creditar e dar voz para nossos(as) escritores(as) nordestinos. Temos muita história para contar e somos bons demais nisso.

Não é à toa que Almeida Júnior venceu um prêmio com este livro!

site: http://www.apenasfugindo.com/2019/12/resenha-42-ultima-hora-jose-almeida.html
comentários(0)comente



Elane48 24/05/2021

Lacerda, Getúlio e o Quarto Poder
Quem? Quem sou eu para comentar esse livro sensacional??? As aulas de História que não tive foram ilustradas por esse romance protagonizado por uma personagem que quase me tornou simpatizante de certa ideologia política... Muito, muito, muito bom!
comentários(0)comente



Ellie 25/09/2023

Poder
Junção de ficção e realidade, conseguiu me transportar aquele período, 1950, segundo mandato de Getúlio Vargas.
comentários(0)comente



9 encontrados | exibindo 1 a 9


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR