@biaentreleituras 20/02/2018A Segunda Guerra Mundial é uma mancha na História. Todos os atos desumanos e abomináveis jamais serão esquecidos. Os líderes do nazismo são odiados por quase toda a população mundial, mas existem aqueles que os veneram. Os filhos. Nem todo filho de nazista idolatra o pai ou apoia seus atos, mas alguns deles têm pelos pais uma grande admiração.
Esse livro relata com detalhes a vida familiar dos homens mais odiados do mundo e como seus filhos reagiram após terem o conhecimento de quem realmente eram os seus pais. É quase inacreditável que aqueles homens monstruosos pudessem ter uma vida tão tranquila, tão comum, ao mesmo tempo em que eram capazes de ações tão atrozes.
Quando aconteceu a Segunda Guerra Mundial, os filhos dos líderes nazistas eram crianças ou adolescentes e não tinham conhecimento do trabalho dos pais. Algumas crianças visitaram campos de concentração, mas nada entendiam. Os filhos do comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, sempre moraram perto dos campos e tinham contato direto com os prisioneiros que eram criados de sua família. O livro mostra uma cena em que a pequena Brigitte queria comer morangos e a mãe alerta que é preciso lavá-los antes, pois estão cobertos de pó pretos e têm cheiro de cinzas. Os morangos estavam, na verdade, cobertos com as cinzas que chegavam de Auschwitz.
Brigitte é uma das filhas desses líderes que não aceitam o que o mundo fala de seus pais, para ela o pai não exterminou tantas pessoas quanto dizem: "Como pode haver tantos sobreviventes, se tantos assim foram assassinados?, para ela, o pai confessou ser responsável pelas mortes por ter sido torturado. Mas nem todos os descendentes de Höss pensam assim, Rainer (neto de Rudolf) tem dificuldade em aceitar o passado familiar, já tentou se suicidar, já teve ataques cardíacos e sofre de crises de asma (que ficam piores cada vez que vasculha a sua história). Para a família ele é um traidor.
Uma das histórias que mais me chamou atenção foi a de Rolf Mengele, filho de Josef Mengele, o médico que fazia experimentos com gêmeos. Há algum tempo, assisti a um vídeo de uma sobrevivente gêmea de Mengele, ela conta que foi uma cobaia humana e revela as atrocidades às quais foi submetida. Quem quiser assistir ao vídeo é só clicar aqui (link na resenha do blog) e uma guia será aberta diretamente no youtube.
Rolf passou anos sem contato com o pai, que fugiu para o Brasil (antes passou por Argentina e Paraguai) e morou em uma periferia de São Paulo. Só após 21 anos é que concordou em se encontrar com ele e a sua viagem durou muito tempo de planejamento para despistar os caçadores de nazistas. Foi o único que teve a chance de confrontar o pai e descobriu que este não guardava qualquer remorso, pelo contrário, continuava convicto de ter feito um bem aos judeus (pois os que escolhia para os experimentos tinham a chance de viver, enquanto outros eram mandados diretamente para a morte, dizia ele).
Muitos desses homens cruéis não foram capazes de reconhecer as suas próprias ações como desumanas, Höss, por exemplo, acreditava que a câmara de gás era um meio menos sofrido de morrer (mas também via como algo mais aceitável de se ver, não havia banho de sangue, "só" um monte de corpos empilhados). A maioria dizia apenas ter cumprido as ordens de Hitler, muitos - mas não todos - de seus descendentes e familiares assumiram essa postura e ainda hoje os defendem.
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