De A a Z: Dicas para Escritores

De A a Z: Dicas para Escritores Fábio Fernandes




Resenhas - De A a Z: Dicas para Escritores


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Paulo 02/12/2021

Estamos em um bom momento no Brasil onde mais e mais pessoas desejam começar a escrever. Com a popularização de plataformas de auto-publicação, qualquer pessoa pode publicar o seu livro. Inclusive você, leitor. A única coisa que é essencial é tirar suas ideias da cabeça. Mas, será que é a única coisa mesmo? Uma profusão de workshops e palestras tem surgido com autores buscando ensinar esse difícil tema que é a escrita criativa. Nos quadros brancos e apresentações surgem gráficos complexos com estruturas e técnicas que parecem estranhas e formulaicas demais. Isso quando o autor em si nem é um nome de sucesso e apresenta técnicas que não servem nem para ele mesmo. Fábio Fernandes expõe esse e vários outros temas em um pequeno manual que de pequeno só tem o nome. O autor e tradutor elenca de A a Z diversos conceitos que podem ajudar ou não autores de todos os gêneros e formações.

Com as possibilidades de publicação se tornando mais diversificadas e a pandemia e a crise econômica terem feito as editoras se concentrarem mais em talentos locais, se tornou de suma importância para os autores saberem aonde estão pisando. Fábio Fernandes apresenta alguns conceitos de mercado editorial de maneira franca e honesta, vindo da sua experiência no mercado. Por exemplo, um tópico sempre muito polêmico é o Vanity Press, ou seja, editoras que cobram todos os custos da publicação da parte do autor. Fábio é contrário a esse modelo de publicação e explica os motivos de seu posicionamento (spoiler: também sou mortalmente contrário). Menciono isso porque alguns autores naturalizam esse tipo de proposta e Fábio mostra neste livro que esse não é um procedimento comum. E que existem outras maneiras de se alcançar o sonho da publicação. Um detalhe tão pequeno que pode custar milhares de reais a uma pessoa incauta que está entrando nesse mundo.

Gostei de como o livro consegue abordar tantos temas diferentes sem se alongar demais. Fábio colocou uma limitação a si mesmo de escrever no máximo duas páginas por tópico. Trata-se então de um pequeno manual rápido de consulta a temas selecionados que podem ajudar autores seja na entrada no mercado editorial, na preparação de seu material de escrita e até alguns tópicos de escrita criativa como condução de diálogos, construção de mundo entre outros. Sempre temos dúvidas e carecemos ainda de mais materiais como esse nas nossas prateleiras. Infelizmente o Brasil ainda engatinha na oferta de cursos apropriados na área. Estamos melhorando, mas um livro como esse oferecido pela Monomito Editorial é uma pérola a ser usufruída pelo máximo número de pessoas possível. Fora que conta com a escrita de alguém que possui larga experiência no mercado.

E por falar em experiência, não esperem uma metodologia específica ou uma apresentação de "regras essenciais de escrita" da parte do Fábio. Não é isso o que ele se propõe a fazer. Ele não vai pegar na sua mão e te ensinar as "cinco regras de ouro para escrita fabulosa". O que ele apresenta são conselhos que vai caber a cada um dos leitores escolher aproveitar ou deixar de lado. Minha sugestão é a de sempre escutar quem está a mais tempo no mercado. Assim como outros escritores mais tarimbados, Fábio não tem tantos anos de estrada à toa. Vale, no mínimo, você dar uns dez minutos de atenção e considerar suas palavras. E ele faz isso de uma maneira leve e divertida, brincando com as próprias fórmulas que ele criou para escrever seu livro. E mais: Fábio é um daqueles talentos que se formaram no meio da literatura de gênero. Ele vai te fornecer indicações que você normalmente não espera e sai dos tradicionais Stephen King, Ítalo Calvino, Jorge Luis Borges. Claro que estes autores são importantes, mas como não se alegrar quando o autor cita Richard Kadrey (e sua série Sandman Slim, uma das melhores de fantasia urbana das últimas décadas) ou Samuel R. Delany que só recentemente teve uma publicação ganhando mais espaço em terras brasileiras.

Outro ponto positivo do livro são as palavras de encorajamento do autor. Muitas vezes ficamos pensando se devemos ou não escrever. Se aquela ideia que temos que ou está engavetada ou nunca tivemos a coragem de passar para o papel deve ou não ganhar o mundo. Em vários momentos, Fábio incentiva a experimentação. Como as palavras de Neil Gaiman, "Faça Boa Arte". Se um projeto não sai de nossas cabeças, como saberemos se ele é ou não algo legal? Fora que todo começo de projeto é sempre repleto de percalços, de dificuldades. Nenhum livro ai acabado no primeiro rascunho. É preciso ler, reler, dar a leitores críticos para que eles façam suas considerações. O que Fábio mais apoia neste livro é o de buscarmos o caminho para o sol. Ao invés de remoer sobre a síndrome do impostor, que tal colocar o traseiro na cadeira e começar a escrever? Essa e outras dicas de organização e planejamento estão aqui neste livro.

Não vou comentar mais porque acho que abordei os principais pontos deste trabalho que não tem nada de pequeno, apenas o tamanho. Ele é grande em sua concepção e ideias e é mais um daqueles manuais que precisam estar na estante de qualquer aspirante a escritor. Aquela parte da prateleira dedicada a livros que possam ser úteis em alguma etapa do processo criativo, seja no planejamento do que vai ser escrito, na construção de mundo ou de personagens e até mesmo no momento da publicação. Com tópicos concisos, didáticos e leves, Fábio Fernandes e a Monomito Editorial trouxeram um material de qualidade para nós. Podem conferir sem medo.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Ricardo Santos 06/01/2018

Dicas de um mestre
"De A a Z, Dicas Para Escritores", de Fábio Fernandes, é uma leitura que tem algo relevante a dizer, mesmo para quem já leu vários manuais de escrita. Serve tanto para o autor em formação (afinal, o aprendizado não para) quanto para o leitor que busca ficar mais esperto, consciente e crítico com os livros que consome. Os bastidores da criação literária são mostrados de maneira clara e com alguma ironia. Dá para ler o livrinho numa sentada. E reler sempre que bater aquela dúvida se você está realmente no caminho certo, se essa coisa de literatura vale mesmo a pena. Não é auto-ajuda. O autor fala de coisas sérias, com muita propriedade, mas como se fosse um bate-papo, o que ajuda na assimilação do conteúdo. A gente fica empolgado para escrever depois do incentivo de Fábio. O único ponto negativo: o livro é curto demais. Fico pensando como seria interessante lermos algo de maior fôlego com a mesma pegada.
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