Arroz, Feijão, Crimes e Farofa e/ou O Banquete Das Hienas

Arroz, Feijão, Crimes e Farofa e/ou O Banquete Das Hienas Bia Onofre




Resenhas -


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LT 21/05/2018

Olá!!! Nana Garces aqui para mais uma resenha nacional e já vou alerta-los: esse banquete não é pra qualquer um não, tem muito mais sangue e arroz e feijão, então para aqueles mais sensíveis, preparem seus estômagos e vamos seguir para a resenha!

Arroz, feijão, crimes e farofa e/ou O banquete das hienas é um livro de contos da autora Bia Onofre que aborda exatamente o que o título fala. São várias histórias com temáticas bem cruéis, sanguinolentas e até mesmo realistas.

Vou explicar um pouco mais, embora não dê para entrar em detalhes sobre os contos, porque alguns são muito curtos. Sim, tem minicontos, micro e nanos e vou colocar apenas um aqui para vocês saborearem...

[QUOTE] "Matei. E daí? Não vai fazer falta nenhuma. A ninguém.” [...]

Mas em geral os contos tem uma ideia muito próxima, e muito brasileira, o que torna tudo mais cruel, porque aproxima da nossa realidade, e do que o nosso lado animalesco pode fazer ou que quer fazer.

Bia Onofre é uma escritora de carreira, com prêmios e não está começando agora, o que ela nos apresenta não é mais um clichê juvenil, é uma leitura para poucos, para pessoas prontas para se deleitar com algo mais sórdido e muitas vezes difícil de engolir. Até mesmo a forma como os contos são contados é incrível e muito profissional. Não há formalidade, a quebra de padrões com o devido respeito a como deve ser escrito e lido, e isso força o leitor a uma atenção redobrada e cuidadosa, porque a maldade, em alguns contos, não está evidente até chegar ao ápice, que se tratando de contos, está nas últimas ou senão, na última frase.

Apesar de ser um livro fininho, não se engane, a leitura é pesada e eu indicaria ler aos poucos, um conto de cada vez, porque eles não vão ficando mais fáceis de digerir, apenas mais cruéis, sanguinários e até mesmo brutalmente sexuais.

Se eu indico? Com toda a certeza, se você tem a idade física e maturidade mental para engolir o que Bia serve. E se você gosta de uma crueldade crua e servida bem mal passada, com sangue vivo ainda, essa é a sua leitura. Um livro para se ler dia a dia, e como uma boa refeição saboreando calmamente, em suaves garfadas.

E mais um detalhe, a edição da Giostri Editora está incrível, os detalhes dentro e fora dão todo o ar que os contos que a autora passam, sem falar que as letras estão em um tamanho muito bom em páginas amareladas, o que não cansa a leitura.

Espero que tenham curtido a resenha e se puderem leiam os trabalhos de Bia Onofre, uma autora brasileira que está trazendo um trabalho diferente do que normalmente nos é apresentado!

É isso aí, beijos e até a próxima!

Resenhista: Nana Garces.

site: http://livrosetalgroup.blogspot.com.br/
Bia Onofre 04/06/2018minha estante
Adorei a resenha! Obrigada!!!
Se vc quiser, me mande uma cópia e coloco no FB:
biaonofre@hotmail.com




Poesia na Alma 06/04/2018

O indigesto arroz com feijão das Hienas
“Matei, mas não tive culpa.
Ela não me amava mais.”

O perturbador Arroz, Feijão, Crimes e Farofa e/ou O Banquete Das Hienas, de Bia Onofre, Editora Giostri, se orienta do ponto de vista do comum e do descartável. Os arroubos da instabilidade emocional que podem se manifestar no interior de uma cultura fragmentada e nas profundezas de uma índole mansa há de se encontrar o afrontamento entre o refinado e a barbárie.

“Matar é fácil. Difícil é se livrar do corpo.”

A banalização da vida sob o véu da aparência, se por um lado matar é tão corriqueiro e natural quanto peidar, o corpo cadavérico, símbolo de sujeira que transgride a elegância, causa conflito. O mesmo pode-se dizer sobre o conto Anjo Loiro, Felipe vive noites de encontros amorosos fugazes com requintes de sensibilidade e crueldade, entretanto, no dia seguinte, mostra-se um marido fraterno e atencioso, faz um afago na mulher acamada com Esclerose Múltipla.

“Esvaziou os bolsos e colocou o guarda-chuva ao lado de cinco outros enfeites de copos. Caminhou até o escritório, ora um quarto de hospital improvisado. A esposa, na cadeira de rodas, se encontrava em posição incompreensível. Nada no lugar certo: pernas, braços e dedos contorcidos.”

O guarda-chuva, peça de abrigo e proteção, usado por Felipe como elo entre duas vidas opostas, a do homem transgressor, cruel e de muitas amantes e do marido bondoso e perfeito. Ele leva as amantes para casa e prepara drinks elaborados e enfeitados com o guarda-chuva o mesmo objeto que ele presenteia a mulher no dia seguinte. Além disso, o guarda-chuva também liga o dia e a noite, o homem do dia é o fragmentado socialmente e refinado o da noite é a catarse da barbárie.

O guarda-chuva representa a âncora que o mantem ligado à realidade da sua existência, protegendo suas emoções e o fortalecendo para o dia seguinte. Esse é a rebento do homem Pós-industrial, que perde sua identidade e precisa de um abrigo para se equilibrar entre a sanidade e a loucura; entre o bem o mal. Byung-Chul Han, em seu livro Sociedade do Cansaço, entende essa violência como resultado de excesso de positividade, estímulos “A violência não provém apenas da negatividade, mas também da positividade, não apenas do outro ou do estranho, mas também do igual” (p.15).

Em cada conto uma surpresa, um personagem novo e disposto ou imposto a mudança sem sair das convenções sociais públicas. Já no privado, vive-se o que se deseja e o que se é: “Mais uma trepada. Só mais uma. Não faria mal a ninguém. Precisava relaxar. Amanhã teriam um dia intenso. A noiva, o noivo. Os convidados.”. Desse modo, Paulo Rogério, no conto Até que a morte os separe, expõe a positividade do homem público e sua rigidez ‘Precisava relaxar’ e a impotência do privado que não deve ser exposto “Agarrou o futuro cunhado pelos ombros e o beijou esfomeado”.

Arroz, Feijão, Crimes e Farofa e/ou O Banquete Das Hienas é um livro de leitura rápida de contos e microcontos para causar indigestão, dentre eles A Filha da Puta ganhador do prêmio Concurso Nacional de Contos ‘Newton Sampaio’. Além disso, a autora publicou Restos de Nós também premiado pela Biblioteca Nacional. Bia Onofre é um nome da produção literária nacional que não vamos esquecer...


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Nu e As 1001 Nuccias 02/02/2018

Resenha do blog As 1001 Nuccias
Resenhista: Nuccia De Cicco - imagens e citações no link do blog

Conheci a escrita da Bia através do seu romance histórico "Restos de Nós" e descobri uma autora com a incrível capacidade de ser delicada, cuidadosa e sucinta com as palavras.

Daí, eu peguei O Banquete das Hienas, vi a capa simples, mas cheia de significado e pensei que ia encontrar outra Bia. Dito e Feito.

O Banquete não é um livro que pinga sangue. A bem da verdade, escorre, verte, dá até pra torcer. Dividido em duas partes, encontramos na primeira vários contos e na segunda, o Banquete em si, grandiosos (em contexto e conteúdo, mas não em tamanho) microcontos.

"Padre Décio me falou que temos de perdoar. Mas perdão deve vir de dentro e eu fiquei oco como minha mãe. Sem - amor no - peito. Não consigo. Acho que nem mesmo Ele conseguirá. Onipresente, conhece o homem e sabe que ele é ruim."

O que impera nos contos e microcontos? A realidade, nua, crua, sanguinolenta, dolorida. Realidade pura e simples. Como bem diz na sinopse e na orelha, são contos que poderíamos encontrar em qualquer jornal, site de notícias e difusão em redes sociais, se é que já não encontramos.

Também conforme conta na sinopse, os contos desse livro têm inspiração na escrita de Rubem Fonseca, um grande escritor brasileiro contemporâneo, cuja maior característica é a narrativa urbana carregada de realidade: com violência, sutileza, sexo, brutalidade, e até um pop. Foi consagrado como reinventor da literatura noir (Fonte: Wikipédia).

Os contos variam entre primeira e terceira pessoa, possuem estilos de narração diferenciados que combinam com as personalidades dos personagens narradores, incluindo seu linguajar e modo de pensar. Alguns possuem muitas frases curtas de impacto, tornando a leitura mais ligeira sem deixar de massacrar nossos conceitos.

O português da Bia é impecável. Desde o livro anterior que sei o quanto a leitura é agradável e limpa. Nesse não foi diferente. Nenhum, anotem bem aí, nenhum mesmo erro de português, de digitação, de pontuação. Nenhuma vírgula faltando ou fora do lugar, nenhuma letra trocada. Bia e a Giostri estão de parabéns.

Diagramação linda, bem feita. Capa simples, até demais, mas convenhamos que com um título desses, nem precisava encher de efeitos.

Sobre os contos, vou deixar aqui um breve relato sobre dois dos meus preferidos, só para deixar vocês com água na boca. Só não falo sobre todos porque seria uma resenha extensa pra danar.

A filha da puta
Este conto foi premiado no Concurso Nacional de Contos Newton Sampaio. Narrado em primeira pessoa, mostra os pontos de vista de uma jovem de classe baixa, cuja mãe troca o corpo pelo que precisa, seja lá o que for. A jovem se enxerga de modo diferente, ela não troca, nem vende. Na primeira oportunidade que conseguiu de sobreviver sozinha, saiu de casa. E passou a enfrentar a rua, engravidou. O final? Tão comum, tão dia a dia, tão normal que chega a doer. Dói no coração.

"Saio e veio aquela sensação áspera. Todo mundo me olhando. Eu sei que me encaram assim porque sou filha da puta. Aqui a gente pode ser pobre e até vender o corpo, mas trocar como faz a mãe, e tão baratinho assim, não pode. Isso é feio. É baixo."

Cordeiro de Deus
Este é um conto bem curto, de uma página só, mas o impacto valeu por meio livro. Falar dele é entregar o ouro todo. É escrito em primeira pessoa em sua maior parte (só a última frase é em terceira). A descrição detalhada vem misturada aos pensamentos e divagações do narrador. Vai te chocar, claro. Por ser tão comum, tão corriqueiro.

"Mas sou um escravo. De Deus. Não podemos nos amar assim. Nunca mais."

Enfim, livro mais que recomendado se você busca uma boa variação da literatura nacional. Quem curte contistas, precisa conhecer a escrita da Bia. Vocês podem comprar o livro no site da editora ou direto com a autora.


site: http://1001nuccias.blogspot.com.br/2018/02/resenha-livro-arroz-crime-banquete-hienas.html
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Adriana1161 08/12/2017

Intenso
Segundo livro publicado, da autora. Leitura fácil, mas um pouco "indigesta", no bom sentido! Faz com que nos deparemos com verdades, com pensamentos por vezes obscuros, que mantemos escondidos até de nós mesmos. Acho que a autora foi muito corajosa ao expô-los. Recomendo fortemente!
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