Jose 06/03/2023
A Editora Nemo é uma das editoras que eu mais tenho títulos na coleção, e a maioria são histórias biográficas, mas esse não é o caso de Uma Irmã, do artista francês Bastien Vivès. No entanto, essa história ficcional se relaciona muito com uma biografia porque conta momentos tão íntimos e fala de sentimentos tão comuns, que muitos podem enxergar a si mesmos no quadrinho, quase que como uma biografia coletiva.
O protagonista é um jovem parisiense de 13 anos chamado Antoine que vai passar as férias com sua família em sua casa de veraneio. O mundo dele gira de cabeça pra baixo quando uma amiga de sua mãe precisa passar o final de semana com eles e traz consigo sua filha, Hélène, que é um pouco mais velha que Antoine. É a relação que ambos constroem nesse curto, porém intenso fim de semana que presenciamos uma das histórias mais singelas e mais bonitas que já tive o prazer de ler.
A jovem Hélène é desenhada de maneira tão simples, mas que ao mesmo tempo cativa e seduz o leitor. Ela representa um mundo novo para Antoine, o mundo das relações afetivas, amorosas, sexuais; um mundo que te assusta, mas que também encanta. Ela é um primeiro amor que marca e que fica dentro de você quase que para sempre. É esse tipo de personagem que a Hélène é, e é esse tipo de pessoa que quase todos já tivemos, por isso nos identificamos nas páginas do quadrinho.
Além da maneira como a história é contada ser simples e rápida, o traço do Bastien também é. Ele ignora detalhes desnecessários e foca no que é importante, mas sem sacrificar a alma dos personagens e do cenário. Pode-se dizer que o desenho é minimalista, muitas vezes vemos personagens que tem certos detalhes do rosto desprezados ou simplesmente o rosto não é desenhado, mas isso está longe de ser um defeito ou falta de habilidade, é pura escolha estética. E como eu disse, não perdemos nada com isso e ainda podemos perceber a emoção e intenção dos personagens.
Uma Irmã é uma leitura despretensiosa, bem rápida e interessante, que com certeza vai te fazer reviver memórias, talvez um pouco espinhosas para alguns, mas o quadrinho mostra que até um pouco de dor, pode te fazer crescer.