Resenhas - Tudo que Ama e Rasteja

luadepaginas 13/01/2024

Estranhamente perturbador e fantástico. A mente de Jaime Azevedo é um território assombroso e singular, as coisas que ele criou são capazes de nos afetar de formas que não podemos nem imaginar.

Gustavo 03/12/2023

RESENHA REPLETA DE SPOILERS - RESENHA REPLETA DE SPOILERS
Não consigo ainda classificar o que li.
O enredo apresenta uma condução inteiramente nova e instigante, sem nos dar pistas para onde a história vai seguindo; a escrita é ágil e nos desperta curiosidade para os novos acontecimentos; realmente é muito difícil parar de ler. No entanto, o absurdo das situações é tão excessivo, que, quando surge algo que deveria ser chocante, não nos surpreende mais, por já estarmos acostumados com as bizarrices daquele universo; ao passo que outras situações saem do plano do absurdo e passam a simplesmente não ter coerência, como, por exemplo:

SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER:
num determinado momento, Teufel arranca a porta da casa do Dr. Sterben para conseguir entrar na casa, mas numa situação seguinte, alguém bate na porta da casa, sem nenhuma explicação de como aquela porta foi reposta no lugar. Outro exemplo: Liebe, ao tomar o remédio, enfia a colher com tanta força na própria boca, que quebra os dentes; mas depois, esses dentes quebrados parecem não incomodar ou dificultar a alimentação da personagem, porque esse fato não é mais citado.

SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER SPOILER:
O clímax da história (e o comentado plot twist), soou mais como uma solução “Deus Ex Machina”. É meio frustrante como as histórias de fantasia sempre improvisam uma saída para mostrar que todo aquele universo tão meticulosamente desenvolvido nas páginas anteriores não passa de sonho ou alucinação ou uma projeção mental ou algo que o valha. É como se o autor alertasse: "Ponha os pés no chão! Nada daquilo existe!" Vimos isso em “O Mágico de Oz” (alucinações de uma Dorothy atingida pelo tornado), “Alice no País das Maravilhas” (sonho vespertino de uma Alice adormecida no jardim) e em “O Gabinete do Dr. Caligari” (alucinações de um interno do hospício). Dito isso, “Tudo que Ama e Rasteja” é uma excelente leitura, vale a pena ser lido e conhecido.

Saulors 28/09/2020

Deliciosamente estranho
Um livro que desde o começo me instigou e devorei em pouco tempo. Estranho, sujo, abusado, indecente, absurdo, maravilhoso, tudo isso e muito mais

Lídia @relatosdaLih 15/05/2019

RESENHA | TUDO QUE AMA E RASTEJA - BLOG DEPOIS DA LEITURA
Olá, pessoal.
Hoje a resenha é sobre um livro viajante, projeto literário que o Micael do Canal Alegria Literária organizou, e o livro escolhido foi Tudo que Ama e Rasteja do autor Jaime Azevedo.

A história acontece na cidade Schadel. Coisas atípicas que acontecem em Schadel. Sterben e sua mulher, Liebe mudaram-se para Schadel por um propósito. Sendo o único médico da cidade, Sterben está atendendo um paciente que reclama de dores em lugares peculiares quando, Teufel, nosso paciente fica muito “feliz”, e após alguns acontecimentos uma aranha, sai de dentro do Teufel. Sterben, surpreendeu-se e ficou de analisar o ocorrido, entretanto acontece uma coisa com o Dr. que influência em toda a história.

Mais casos são descobertos ao longo da história, porém, temos centopeias, cupins, borboletas e abelhas. Agora como o Dr, Sterben vai curar as pessoas e resolver o problema de Schadel ?

Vários personagens secundários interagem na história, mas, Teufel, Liebe e Cora são essenciais para o enredo. O Lupanar, um bordel (que em Belo Horizonte seria na Rua Guaicurus, rsrs) também é essencial para a história. Além do cenário erótico do livro o autor aborda vários casos reais da nossa contemporaneidade. A única pergunta que irei deixar no ar é, você já rastejou por aí, e nem ficou sabendo?

O livro é objetivo, não tem enrolação, achei objetivo até mais, pois, às vezes os cenários mudavam e eu ainda estava cena anterior. A escrita do autor é muito boa, e tem um ótimo uso da língua portuguesa, como também, cientifico. Várias mensagens subliminares são passadas na história, e confesso que tenho certeza que não “pegue” ou entendi algumas mensagens. Não é um livro para ler somente uma vez, pena que tive que enviar para dar continuidade para o projeto do Micael.

Uma dica pra quem quer ler este livro: pesquise todos os nomes da história. Os nomes presentes nas capas pretas antes de cada capítulo, tudo na verdade, rsrs.

O Desfecho da história que me deixou sem folego, quando li não acreditei, ai eu reli e percebi que fui “enganada” também. Se você desanimar no início do livro persista, porque o final vale a pena.

É isso gente, até mais!

site: https://www.depoisdaleitura.com.br/2019/05/tudoqueamaerasteja.html

Regina 01/04/2019

Surreal!
Movida pela curiosidade de uma premissa totalmente "diferente" quis conferir o que Jaime Azevedo queria mostrar quando "os orgãos sexuais das pessoas estavam se transformando em insetos". Com muito medo de encontrar algo repugnante ou ofensivo iniciei a leitura e fui relaxando conforme adentrava a cidade de Schadel.

Jaime aborda de forma inovadora e inteligente aspectos de nossa sexualidade versus moral/limite/certo x errado/bem x mal e põe em xeque aquilo que consideramos modelo social, diretrizes, opressão religiosa. Tudo isso através de acontecimentos muito peculiares com cenas aflitivas ao extremo e um toque de lascívia que acometem os habitantes de uma cidade surreal, casos hediondos em que até o médico local se vê contaminado. O autor não nos entrega nada pronto, somos obrigados a pensar, repensar e ainda assim ao termos a certeza de que encontramos uma explicação pra tudo somos jogados novamente ao início por lembrarmos de apenas uma palavra que pode mudar todo o contexto.
Tudo está envolto em simbolismos excepcionais e especulações insidiosas e ACHO que não há somente uma interpretação, cabe ao leitor conforme a SUA visão do mundo e seus preceitos dar a interpretação a tudo que foi lido.
Uma experiência sensorial eu diria, uma abordagem que tem me agradado muitíssimo pois não entrega uma história linear, achatada e roteirizada, te faz é pensar, questionar, atormentar o autor e nunca te deixar satisfeita.
Ainda tô remoendo um bocado.

A edição está impecável! A capa simples com recorte de aranha me deixou maluca e a diagramação está deliciosa de ler. As ilustrações são nada menos que alguns originais de Gustave Doré e outras de domínio público. Um luxo!

Vinny Britto 26/01/2019

Loucura de Livro
Um livro difícil de resenhar, me despertou diversos sentimentos durante a leitura. Há momentos em que é cômico, logo em seguida é escatológico, mas nada está ali por acaso.

O gore, a nojeira, a podridão, tudo está bem encaixado na trama, não soa como exposição gratuita, e serve de manual para alguns escritores que acham que jogar tudo quanto é tipo de carnificina vai tornar seu texto uma boa história de terror.

Prestem atenção no detalhes, nos nomes, está cheio de simbolismos e referências. O trabalho da editora deve ser destacado também, edição lindíssima. Esse livro merece mais destaque no cenário nacional, principalmente entre os leitores de terror.

Apertem os cintos pois a viagem é nauseante e maluca, e adorei toda essa maluquice!!!

RECOMENDO!!!

Brunno 11/05/2018

Tudo que Ama e Rasteja, por sua estratégia narrativa, é um livro que guarda armadilhas. A primeira delas é, em um livro de horror, rápidas transições, em diversas passagens, entre o riso e a repulsa, a repulsa e o riso, desarmando o leitor reticente com o gênero, é o meu caso.
De guarda baixa, tomado pela boa-vontade decorrente do humor inusitado, prossegui com afinco na leitura. Surge a segunda armadilha, o absurdo convincente do cenário, a cidade de Schadel, e dos personagens, um médico sempre sereno diante das aberrações que se debruçam sobre ele; sua esposa; a viúva do coveiro, e, figura interessantíssima, Teufel, um cara de falo, não de fala, de falo magnânimo, elemento visual repulsivo, porém com uma personalidade que vai se revelando provocativa, perspicaz.
Fui fisgado mais uma vez, a atmosfera fantasmagórica apresenta-se verossímil, é toda pertinente. Para um leitor não afeto à fantasia, surge a questão: como foi possível? Talvez a resposta para a questão esteja na terceira armadilha, o estilo da escrita.
Amigos, camaradas, o livro é muito bem escrito, há sutilezas de pensamento e na construção dos personagens. O autor sabe o que está fazendo. Não, não é um texto quadrado que você logo identifica a fôrma em que foi moldado. É bem calculado, é verdade, mas sem revelar o fluxo natural dos acontecimentos. Dentro do estilo, ressalto a criatividade. Verifiquem, já no início do livro, no Lupanar, o prostíbulo de Schadel, o elevado gosto revelado na beleza da imperfeição, além do breve relato do sucesso da fábrica de chocolates da cidade. A descrição do Lupanar, em seus três pavimentos ou estágios, mereceu parada para apreciação.
Foi assim, achando graça, buscando novos eventos pitorescos, que fui avançando no texto, encarando a marca do livro, a repulsa, o horror, já não havia volta. Enfrentei, graças à estratégia bem traçada pelo narrador, páginas difíceis com algumas sensações que eu preferiria evitar. Encarei passagens que me motivam a refletir sobre as possíveis aflições que atormentam o autor, não é possível que haja relevante descolamento entre o artista e a obra.
Estou tentado a avançar meu relato sobre a trama, a apresentar os problemas a serem resolvidos, as surpresas que advirão, até algumas críticas menos benevolentes sobre alguns aspectos do livro. Mas a minha real intenção é convidá-los à leitura, o livro merece ampla divulgação, amplo diálogo. Espero que esta obra floresça, provoque leitores, gere discussões.

Girotto 22/04/2018

O eterno retorno de um pervertido
Tive a oportunidade de conversar com o autor deste livro sobre o mesmo e sobre seu livro anterior e descobri que ele não sabe o que faz, já que me disse que seus livros não têm filosofia.
A filosofia, nos dois livros de Jaime Azevedo, é não apenas marcante como determinante. Seus personagens estão presos num ciclo demoníaco de repetição e agonia sem aprendizado que me fez ler a ambos como alegorias pervertidas do eterno retorno nietzschiano. Nietzsche, nos últimos estágios da loucura, teria adorado.
Nossa geração de autores tem um obsessão pela originalidade e profundidade que faz de todos nós repetidores da presunção vazia e conceitual em que morre a literatura lentamente. Por isso é muito irônico que uma das poucas coisas originais que li nos últimos anos de escritores brasileiros sejam estes dois livro de Jaime Azevedo, que queria apenas escrever umas histórias que dessem pra se ler.

Daniel Moraes (Irmãos Livreiros) 20/04/2018

Tudo que Ama e Rasteja
Olá, pessoal! Tudo bem com vocês?



Recebemos do autor Jaime Azevedo, o livro “Tudo que ama e Rasteja” em forma de cortesia, no qual fiquei muito encantado com a edição do livro e sua diagramação impecável! Já adianto: fãs de Dante Alighieri irão se encantar por esse livro, pois é lindo! Sem mais delongas, vamos a resenha:

Aqui nós somos apresentados ao Dr. Sterben, personagem principal do livro, cujo consultório fica na estranha cidade de Schadel, um lugar atípico que traz em sua áurea, um lugar desprovido de recursos que atendam a necessidade dos seres humanos, onde a pobreza e os males mais estranhos estão enraizados em suas pobres almas.

Tudo começa quando o personagem mais excêntrico da literatura, Teufel, aparece no consultório do Dr. Sterben e reclama de um mal que o atormenta: ele acredita que tem uma tarântula vivendo dentro dos seus testículos. Pensa nisso: MI-SE-RI-CÓR-DIA! Ao ler tal expressão, me incomodou muito, pois a todo momento lá estava eu levando a mão ao saco para ver se algo se mexia. Argh!

E através de práticas sexuais um tanto quanto sadomasoquistas, a gigante aranha sai dos testículos de Teufel e passa pela minúscula cavidade do pênis desse cara. Na boa: senti uma incomodo alucinante percorrer meu corpo, ao imaginar a dor que este personagem sentia.

A partir daí, tudo que pode ter de bizarro, permeia o livro, desde o aparecimento de uma mulher que tem cupim saindo de sua vagina e a paixão pelo luto de seu marido que há muito foi morto, mas acredita que não está falecido e o mantém embalsamado em sua casa até mesmo, o envolvimento de diversos personagens que se amarram na exuberante “Torre do Lupanar”, o bordel steampumk, cuja torre é imponente à sua altura.

Outra parte excêntrica da obra, tais como: lobos que se alimentam de cadáveres putrefatos no cemitério e abelhas que fazem colmeia dentro de uma mulher, bem como o padeiro de Schadel que assassina toda a família vão dar vida à essa cidade que tem uma essência de “purgatório” em “Tudo que ama e Rasteja” .



Tudo que Ama e Rasteja - Irmãos Livreiros



O desfecho foi a cereja do bolo, pois a cada fim de cada capítulo, um amigo íntimo de Sterbn recebe os insetos coletados dos seres humanos e analisa com precisão relatando uma carta para ele dizendo que está encantado com a variedade de espécies que está contida na cidade de Schadel, aguçando a curiosidade em ir conhecer a pacata cidade e quando acontece, foi para mim, o melhor de toda a narrativa.

O livro tem uma linguagem pesada e escrachada com nuances pulp; um horror que nos dá nojo ao ler por conta do realismo que os personagens transmitem suas chagas, mas que nos encanta com a estranheza e aguça nossa curiosidade. Impossível não gostar desse livro: é uma obra de horror fantástica que indico para todos que são apaixonados pelo que o ser humano tem de mais inusitado para nos passar.

Fãs de terror, horror e literatura pulp fiction, vai curtir “Tudo que ama e Rasteja” .

site: http://bit.ly/AmaRasteja