Às avessas

Às avessas Joris-Karl Huysmans




Resenhas - Às Avessas


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Aguinaldo 03/09/2011

ás avessas
Há quantos anos estou as voltas com a leitura desse livro? Certamente desde meados dos anos 1980, quando José Paulo Paes traduziu a obra-prima de Joris-Karl Huysmans e o romance foi publicado. Mas aquele exemplar ficou perdido em meio a meus guardados, esquecido. Só agora, ao encontrar esta bela edição da mesma tradução pela Penguin/companhia das letras, é que me disciplinei para enfrentá-lo. Vale dizer que várias vezes neste período don André Soares cobrou-me a leitura (é esta a função dos bons amigos, hooray!). "Às avessas" é um romance único, seminal, que inaugura e explora quase todas as possibilidades de uma forma de narrativa dedicada a registrar o tédio, a decadência, a imobilidade, a depressão, o crepúsculo de um tempo, a banalidade das ações cotidianas, a inação e inércia de algo condenado a se esgotar. É um romance que antecipa experimentalismos literários que serão utilizados no início do século XX. Quando publicou o livro Huysmans era respeitado como um disciplinado naturalista, discipulo de Zola, mas com "Às avessas" ele se alinha ao movimento simbolista, influenciado por autores como Baudelaire, Mallarmé, l'Isle Adam e Verlaine. O leitor fica simultaneamente exasperado e encantado, enfeitiçado mesmo com o livro, enebriado com as imagens criadas, perguntando-se a que propósito afinal lhe serve a trama e o cenário que o autor apresenta e descreve. Quem já leu "O retrado de Dorian Gray", de Oscar Wilde, há de se lembrar que apesar de não nominado explicitamente é "Às avessas" o livro que inspira Dorian Gray em sua escalada de vícios e corrupção. Jean Floreissas des Esseintes, o curioso personagem do romance de Huysmans, é uma espécie de esteta infernal. Após terminar seus estudos o jovem duque Des Esseintes, último membro de uma aristocrática e centenária família francesa, decide se afastar da sociedade. Ele passa a materializar um mundo de sonhos, a acumular intensas experiências literárias, botânicas, sensuais, artísticas, estéticas, musicais, como se vivesse em uma Citera, a idílica ilha dedicada aos prazeres (como aprendemos no "Flores do mal", de Baudelaire). "Às avessas" lembra "Bouvard et Pécuchet", mas Flaubert é mais irônico e sarcástico que Huysmans. Des Esseintes é um personagem aparentado ao barão de Charlus (de Proust, claro). A edição é muito especial. Além do texto e de um prefácio do autor publicado vinte anos após a edição original o livro inclui introdução e notas de um especialista (Patrick McGuinness); uma inspirada apresentação do tradutor, José Paulo Paes; uma seleção de pequenos textos críticos; uma cronologia da vida de Huysmans e uma pequena bibliografia. Que bom se todo livro tivesse uma edição tão bem cuidada assim. Qualquer sujeito que fique exasperado com a banalidade reinante de nossos dias, onde a mediocridade é moeda de troca nas relações pessoais e a hipocrisia uma espécie de máscara coletiva, há de se divertir e se inspirar com esse livro. [início 07/07/2011 - fim 26/08/2011]
"Às avessas", Joris-Karl Huysmans, tradução de José Paulo Paes, editora Penguin/Companhia das Letras, 1a. edição (2011), brochura 13x20 cm, 347 págs. ISBN: 978-85-63560-18-6 [edição original: À rebours, Charpentier (França), 1884]
Tainá Antunes 11/09/2021minha estante
Há uns 5 anos adquiri este livro e abandonei a leitura mais ou menos na parte em que ele começa a minunciar as escolhas das pedras preciosas cravadas no casco da tartaruga. Dois anos depois retomei a leitura e estaquei no mesmo lugar. Foi aí que resolvi vendê-lo, justamente nessa edição. As vezes me arrependo hahahahahah


Thais CardBeg 01/05/2022minha estante
Belíssimo comentário!




dormiodiatodo 29/03/2023

Experiência.
Esse livro vai do céu ao inferno. Do cheiro ao fedor. Do belo ao feio. Uma experiência única, de verdade, desconfio que jamais vou ler um livro e ter tantas sensações como tive lendo esse. O autor faz a gente ler cheiros(?). Apesar de ter gostado, na pra página 200 quando ele começa a ficar muito obcecado por religião, a leitura começa a ficar chata.
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Ricardo Rocha 14/06/2011

Um livro que nada me ensine não me interessa
Ler um romance cuja trama é reduzida a quase nada torna-se em regra um tédio irremediável para a maioria dos leitores, o que prova o fato de estar a aba “abandonos” de algumas obras-primas universais aqui do Skoob repleta deles. Por que perdem assim tempo e dinheiro, vá saber. As avessas. Poucos se aventuravam numa obra assim tão sem atrativos. Se então o livro abomina os hábitos sociais e despreza o que é tido como “prazeres” entre os homens, aí então, o que pode restar? Assim é As avessas, contra a corrente até mesmo de clássicos da literatura, como Germinal, pelo fato de tratar as pessoas como se pudesse haver uma “média” de ser entre os humanos (e o pior é que há mesmo). Para mim há prazeres infinitos nesse devaneio em que, justamente por nada acontecer fora, há chance de tudo acontecer dentro. “Um livro que nada me ensine não me interessa”, como diz o próprio Huysmans. É como a conversa. No mundo é bacana “jogar conversa fora”, só vale a pena a conversa que, de alguma forma, traga mais do que traria o silêncio. As palavras de A rebours fazem isso. Porque tudo o que de algum modo vai contra o gosto do mundo tem alguma afinidade comigo.
Daniel 05/05/2012minha estante
"O livro que envenenou Dorian Gray", segundo o próprio Oscar Wilde...




Pablo Paz 21/01/2023

Naturalismo às avessas
É difícil resenhar esta obra, um romance sem intrigas, cuja personagem, o duque Jean Des Esseintes, um esteta de 30 anos com um vasto conhecimento sobre aquilo que hoje chamaríamos artes decorativas, vai divagando e opinando sobre mobílias, perfumes, pintura, música religiosa, flores, tapeçarias, tipografia, escritores latinos do fim do império romano, cristãos da alta idade média e franceses contemporâneos...

O livro tem 17 capítulos, mas cada um deles parece uma espécie de artigo ou monografia sobre um tema do qual a personagem vai destilando opiniões e preconceitos. Claro que a riqueza do livro está na originalidade de suas opiniões, isto é, de um decadente (ou degenerado, como queria a psiquiatria da época): ele sofre de nevrose, tédio e - minha opinião de leitor - é provavelmente impotente, a julgar pelos relatos, assustadoramente misóginos mesmo para a época, que faz de algumas mulheres com quem teve aventuras sexuais. Em suma, não são reflexões de um homem comum, mas de uma personagem com uma psique complexa. Para mim, o estilo do autor, excessos de descrições, não foge tanto do Naturalismo da época como dizem muitos críticos, mas o que o diferencia é que ao contrário das personagens do genial Emile Zola a degeneração da personagem nesta obra de Huysmans não é fruto do ambiente, senão o contrário: o ambiente é que vai se degenerando a partir dela, isto é, da psique de um homem refinado que vai da excitação extrema à mais profunda depressão e melancolia...

É tentador não ver alguns pastiches e clichês que predominam na cultura erudita ir-se transformando ao longo da história de sua literatura: a melancolia dos antigos e dos renascentistas (filosofia/teologia) é aqui, meados do século XIX, vista como nevrose (psiquiatria), que virará, nos inícios do século XX, neurose (psicanálise), que virará, nos inícios do século XXI, depressão (neurociências).

O livro tem 352 páginas, mas o romance mesmo ocupa uns 65%, ou 225 páginas. Se tu fores ler, sugiro que vá direto para a ficção e deixe a fortuna crítica para depois porque o belo ensaio do tradutor, o artigo e notas do especialista dispensam quaisquer resenhas de hoje sobre o livro. Nós brasileiros, temos o privilégio desta obra ter sido traduzida por um poeta talentoso como José Paulo Paes.
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R4 26/11/2014

A essência do decadentismo em Às avessas
A literatura de fin de siècle, final do século XIX, é a que mais agrada meus gostos literários, especialmente por causa de Oscar Wilde, um dos meus escritores favoritos. O espírito artístico desse período ficou conhecido como Decadentismo e foi meu interesse por querer ler mais sobre as obras produzidas nessa época que me fez encontrar Às avessas, de Joris-Karl Huysmans (1848-1907).

Às avessas (À rebours) é um livro que não possui nenhum enredo e apenas conta apreciações estéticas de um aristocrata falido, chamado Des Esseintes, que se entedia com a vida social parisiense e resolve se refugiar em uma propriedade no campo. Ele se isola com o intuito de se dedicar exclusivamente à apreciação verdadeira da arte e resolve se cercar apenas da decoração que ele considerava mais elevada, das melhores obras de arte de seu tempo, das inusitadas jóias, dos melhores e mais raros livros, melhores poesias, dos mais ricos aromas e das mais diferentes plantas. Sua vontade era transformar sua própria vida em uma obra de arte. Sendo assim, cada capítulo de Às avessas mostra ao leitor as diversas apreciações estéticas e sensoriais de Des Esseintes. Por um lado, a obra revela e serve como estudo para o melhor da produção artística simbolista, como Odilon Redon e Gustave Moreau; um destaque e elevação para poetas como Baudelaire e Verlaine. Por outro lado, o personagem busca a apreciação pelo perverso, grotesco ou inalcançável. Essa obsessão pelo diferente e original, e seu claustro fazem com que Des Esseintes se torne doente encontre dificuldades de sobreviver longe dos cuidados e benefícios do contato social.

Esse livro foi o primeiro texto literário em prosa que se dedicou a aprofundar a atmosfera do decadentismo. Também conhecido como estetismo, foi um movimento artístico e social que buscava o prazer através da arte e do belo. Nesse sentido, o Decadentismo se afasta do realismo-naturalismo por tentar abordar temas mais elevados e menos mundanos. A principal figura dessa época é o dândi, um aristocrata que se exprime através de vestimentas originais e luxuosas, e possui uma apurada visão estética do mundo ao seu redor. Esse homem é a figura do aristocrata que tenta sobreviver e rebelar-se contra o capitalismo burguês da revolução industrial. Nesse sentido, o título do livro mostra que ele é A rebours (Às avessas) a toda a arte e gostos sociais da burguesia de sua época.

Através do espírito da decadência, o dândi dedica-se à fruição estética, ao estranho e ao artificial. Apesar de negar o realismo , devido ao seu apego ao feio e ao comum, o decadente também não pode ser considerado um romântico, porque encara a natureza como algo perverso e busca o prazer e a segurança apenas através de artificialidades, pois é como consegue controlar a beleza ao seu redor. É importante entender a figura do dândi para compreender o protagonista de Às Avessas. O aristocrata Des Esseintes é a personagem que representa, no livro, esse espírito de final de século através de sua busca pela arte, pelo seu afastamento do mundo comum e por sua busca pelo artificial, como no caso das flores exóticas e da tartaruga encrustada de pedras preciosas.

O preciosismo estético do decadente revela-se também através da linguagem, pois todo o vocabulário é escolhido por conta de seu som ou de sua raridade. Não há lugar para o comum no decadentismo. A linguagem inclui palavras preciosistas, pelo seu som pouco explorado, e para levar o significado além do que é usado. Assim como o som, o decadentismo – que anos depois se tornou Simbolismo – prima pela exploração dos sentidos através da sinestesia:

"Por outro lado, os cinzas-ferro se encrespam e se tornam pesados; os cinza-pérola perdem o azul e se metamorfoseiam num branco sujo; os castanhos se entorpecem e arrefecem; quanto aos verdes-escuros, assim como os verdes-imperador e os verdes-mirto, atuam da mesma maneira que os azuis carregados e fundem-se com os negros; restam pois os verdes mais pálidos, como o verde-pavão, o cinábrio e as lacas, mas então a luz exila deles seu azul e só lhes guarda o amarelo, que não conserva, por sua vez, senão um tom falso, um sabor turvo."pp.80

A descrição sinestésica para as cores mistura todos os sentidos, como o paladar, o tato e a audição para descrever algo visual como no caso das cores que ele considera para decorar sua casa, visto no trecho acima. Além das cores, são discutidos de forma semelhante: o cheiro dos perfumes, o toque das lombadas dos livros raros, comidas e assim por diante. Essas forma de fazer apreciações estéticas se torna um experimento bem sucedido para o escritor que busca representar o inefável.

O livro possui uma grande importância dentro da literatura, pois se tornou um marco para o espírito decadentista e influenciou Oscar Wilde – que também é um escritor do decadentismo - a escrever O retrato de Dorian Gray. O livro de Huysmans aparece na obra de Wilde através de Dorian, que o lê e descobre nele a vida voltada para o belo e para o prazer a qualquer custo: “Seus olhos caíram no livro amarelo que Lord Henry lhe enviara. (...) Era o livro mais estranho que já lera. Pareceu-lhe que em vestes requintadas, e ao som delicado de flautas, todos os pecados do mundo desfilavam lentamente diante dele. Coisas com que sonhava vagamente, de súbito faziam-se reais para ele.”. A leitura desse livro perverso somada às palavras maliciosas de Lorde Henry servem como estopim para a transformação do protagonista. Como leitora, senti uma certa satisfação por ler o mesmo livro que Dorian Gray leu.

Além disso, Às Avessas é um livro importante porque não possui uma narrativa romântica, já que a obra é formada por diversos ensaios de apreciação artística. O livro não possui uma história e nem uma ação, sendo até difícil resumi-lo. Ainda, possui apenas um personagem e tudo se passa em torno de seus gostos pessoais. Por essas características, o livro escrito em 1884 problematiza a narrativa romântica tradicional e adianta um tipo de literatura que só veremos posteriormente com escritores modernos do século XX, como Proust e Virginia Woolf.


HUYSMAN, Joris-Karl. (1984) Às Avessas. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Penguin, 2011. pp.
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Lucas 31/03/2015

Oscar Wilde fez uma interessante e apropriada homenagem a este romance em "O retrato de Dorian Gray". Lorde Henry presenteia Dorian com o livro; este engata na leitura e não larga mais. "Eu sabia que tu ia gostar", diz Henry. "Eu não gostei, eu estou fascinado, o que é diferente" - é mais ou menos o que Dorian responde. E então manda importar de Paris nove exemplares do livro, cada qual encadernado em uma cor específica, apropriadas para diferentes estados de espírito. De fato, é uma obra fascinante - mas difícil de se gostar. Eu fiquei meio doente enquanto o lia, e um tanto paranoico também. A nevrose me contaminou. Assim que terminei o livro, tudo voltou ao normal. Por mais atroz que seja uma obra assim, como deixar de louvar um romance que aniquila a normalidade com tamanha propriedade, com tamanha personalidade, com uma imposição de espírito tão recalcitrante? Não há muitos Dostoiévskis por aí capazes de algo assim. E não há muitos Houellebecqs capazes de se apropriar do seu legado em plena era do politicamente correto.
Daniel 15/02/2022minha estante
Eu sempre quis ler este livro, por causa do Lorde Henry... É exatamente isso.




CB 05/11/2020

Ahhhh que delicia
A historia da compra desse livro foi bem legal, eu estava lendo lovecraft e ele falou em decadentistas. Fiquei intrigado e pesquisei autores, e comprei esta delicia às cegas. Eu juro que esperava algo tipo "boêmios que choram por amor e caem em decadência e se matam/ coisas do gênero" porem, entretanto, todavia me foi entregue um livro riquissimo em conhecimento e referencias (recheei minha lista da amazon) em todas as artes possíveis. É tanto detalhe que as vezes voce se perde, mas pra mim isto é proposital já que MC é retratato como algo superior, ele é o pica das artes e vou te falar, baixinho pras inimigas não ouvirem, sou arquiteto e tem um capítulo voltado a arquitetura de interiores, já li 3x e ainda não entendi todas as referencias a materiais. Um livro pra ser lido e relido com muita calma e cautela, pois nada ali esta por acaso. Cheiros gostos quadros musicas textos religiosos etc, tudo faz alegoria ao MC e suas escolhas presentes e preteritas (a da tartaruga e do pao de requeijao foram minhas favoritas). Mesmo nao compreendendo todas as referencias amei o livro. A parte ruim fica pros asteriscos que ficam no final do livro ao inves de notas de rodape ou ao final dos capítulos. Alguns trechos nao foram traduzidos e permaneceram em latim/francês. Se voce tem paciência e sede de conhecimento nao vai se arrepender.
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Renato 08/02/2016

Um clássico menos conhecido
Li 'Às avessas', de JC Huismans, por indicação de outro livro, 'Submissão', de Michel Houellebecq. Huismans é repetidamente citado por Houellebecq. Imediatamente terminado o primeiro, passei para o indicado.

Uma surpresa, que passo rapidamente. Muito do que falou Houellebecq está facilmente visível, assim como a analogia a 'Submissão'. Huysmans é autor decadentista. Ao contrário do realismo e naturalismo da sua época, ele enxerga o homem fora da natureza. Embevecido, se não embriagado pela arte, pelos prazeres, pela cultura que é fora do natural, ele descreve Des Esseintes, um rico herdeiro de família decadente que vende quase todo seu patrimônio para viver entre as artes, fira daquilo que há de mais real.

'Às avessas' é particularmente brilhante, por não parecer fazer parte do seu tempo. Por mais que tentem classificá-lo quase como simbolista. Não há enredo na narrativa. Huysmans alterna descrições e digressões sobre a arte, negando tempo, personagem e ação. Algo inusitado ara o século XIX. Não tenho dúvida que foi lido por Joyce, Beckett e Proust. Especialmente este último, que tem muitos pontos em comuns com seu conterrâneo, as longas descrições, as figuras de linguagem, a poesia quase visível de suas palavras.
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Picón 30/04/2021

Erudito, quase ensaístico...
"... Bárbaro em sua abundância, violento em sua ênfase, fatigante em seu esplendor..." - Arthur Symons

"... Era um romance sem enredo e com apenas um personagem. Na verdade, era tão somente um estudo psicológico de um certo jovem parisiense que passava a vida tentando concretizar no século XIX todas as paixões e modalidades de pensamento cultivados em todos os séculos, menos o dele, e também sintetizar em si, por assim dizer, os vários ânimos pelos quais já passou a alma do mundo..." - Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray
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Marcela 05/11/2021

Puro decadentismo
Às avessas (À rebours) é um livro denso e recheado de referências literárias e artísticas. Considerado como a ?Bíblia do Decadentismo?, o livro não possui um enredo específico e conta as apreciações estéticas de um aristocrata falido e verdadeiro dândi, chamado Des Esseintes. O personagem se refugia do mundo em sua propriedade de campo para se dedicar exclusivamente à apreciação verdadeira da arte, acreditando que assim poderá curar seu spleen baudelairiano. Em cada capítulo de Às avessas, o leitor se depara com diferentes apreciações estéticas, desde cores de paredes e cheiro de perfumes até os toques nas lombadas dos livros raros. Diversos autores e pintores também são citados durante o livro. Des Esseintes é paradoxal, revelando um interessante contraste entre fé e ceticismo. Nos capítulos finais a reflexão sobre a suficiência da arte e a crítica ao capitalismo burguês da revolução industrial é magnífica. Uma curiosidade é que Às Avessas influenciou Oscar Wilde, aparecendo na obra O retrato de Dorian Gray, sendo inclusive, juntamente com Lord Henry, o responsável pela corrupção moral de Dorian.
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Ezequiel.Cesar 23/02/2022

Um livro diferente...
...não tem um enredo. O personagem fica discorrendo sobre literatura, pinturas, pedras, plantas, perfumes e até sobre religião.
Por várias vezes pensei em desistir, o livro é enfadonho, o personagem fica falando, falando, mas fui insistente e consegui concluir a leitura.
O autor tem uma erudição impressionante, tive que fazer a leitura com um dicionário ao lado. O livro parece mais um catálogo de tanta menção a livros e pinturas.
Recomendo aos persistentes, apenas aqueles que não abandonam livros porque este é chato pra caramba.
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Marconi Moura 16/06/2023

4,0/10,0
Chato. Enredo chato, personagem chato, autor chato. Tem valor histórico pelo que traduz de reação simbolista ao crepúsculo do naturalismo e à madrugada do modernismo. O livro não tem história. Descreve as reflexões e as crises de Depressão e Ansiedade, agravados pela reclusão, pela má nutrição e pelo sedentarismo, evoluindo com grave dispepsia, de um aristocrata decadente. O autor impõe muita pessoalidade, e o seu próprio despeito à obra. Tem valor histórico, mas é chato.
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laura 07/11/2021

intenso
é incrível, único sem dúvidas. não aconselho pra aqueles que curtem uma história cativa desde o início, é uma literatura mais depressiva.
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Marcos606 22/03/2023

O ápice da decadência
Tanto em seu estilo quanto em seu tema, a obra simboliza a decadência da cultura da elite francesa do final do século XIX. O protagonista, Des Esseintes, exibe os sintomas debilitantes da neurastenia, um distúrbio psicossomático generalizado que entrou em voga naquele período. A condição exige sua aposentadoria temporária de Paris para sua propriedade rural em Fontenay, onde ele segue seu curso "contra a corrente" da vida cotidiana. Enclausurado no luxo, Des Esseintes cria um regime de requintado sensualismo. Ele inventa uma “gaita” de onde sorve combinações “harmônicas” de licores. Ele cultiva uma flora exótica e faz arranjos para que o casco de uma tartaruga viva seja incrustado com joias. Seus gostos excessivamente refinados abrangem perfumes, música monástica, pintura visionária e a poesia de Stéphane Mallarmé. A indulgência descontrolada apenas aprofunda seu mal-estar, no entanto, levando seu médico a ordená-lo de volta a Paris. Tornou-se o livro de referência sobre o esteticismo fin-de-siècle.
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