Rayhan Chamoun 13/08/2020
Já aguardo ansiosamente a continuação...
¨O Brakki¨ foi minha primeira experiência com autores brasileiros contemporâneos, e, não vou mentir, o mercado literário brasileiro ainda é um mar de águas desconhecidas para muitos leitores jovens (como eu). Mas, eu não poderia ter tido uma experiência melhor com esse livro, dá orgulho em saber que temos trabalhos de qualidade e promissores, como foi o caso deste livro.
Primeiramente, gostaria de me atentar à edição. Mesmo lendo digitalmente, a diagramação é bem planejada e encontrei pouquíssimos erros de português ao longo da obra, então, minhas congratulações à ¨Acervo Books¨ (minha única observação crítica é quanto ao mapa no início do livro, que não me serviu para nada ao longo da leitura).
Antes de embarcar na história, quero me atentar a prosa do autor. Algumas coisas me agradaram, e outras, nem tanto. O que me divertiu muito foi o modo como as cenas são (bem cinematográficas nas cenas de ação, por sinal) apresentadas e o trabalho de perspectivas e decisões de cada um dos personagens, usando e abusando de elementos narrativos para dar mistério ao elemento principal da estória e dos conflitos.
Já uma coisa que me incomodou é que, apesar da prosa fluída e com períodos em sua maioria curtos, o autor utiliza alguns termos e palavras ¨rebuscados¨ até demais em frases que, ao meu ver, eram banais. E, em frases e períodos que poderiam ser trabalhados de um modo mais floreado (e que não prejudicariam o entendimento ou a fluidez da leitura, pelo contrário), foram usadas palavras simples demais, e isso ocorre ao longo de todo o livro.
Já com relação a estória, gostei muito da narrativa. Uma premissa trabalhada de modo bem diferente da maioria dos livros de fantasia que conheço, principalmente se tratando de um primeiro livro de uma possível série. Os personagens protagonistas também são muito bem construídos, e diferentes de tudo o que eu já vi, um coroa e guarda aposentado, um ladrãozinho meia-boca e medroso e uma jovem que foi adotada por mercantes em um porto, e outros personagens de menos decorrência, mas que são bem legais (como o vilão Bardey, o rei Bertom, Dargo e Pamfa, Igna, entre outros).
O mundo é simples, mas é satisfatório conhecer as localidades e sua mitologia, o que, para um início, está de bom tamanho. Toda a estória é envolvente e, apesar de ser bem retraída no sentido de escala de acontecimentos, não deixa em nenhum momento de ser interessante. Nos apegamos aos personagens, e, a única coisa que me incomodou na narrativa foi o desfecho (ao meu ver, totalmente desnecessário e mal planejado) da Ashia com o Pitra, fora isso, é uma obra que conclui-se bem, deixando espaço para continuações que possivelmente irão envolver a resolução de conflitos grandiosos (que são apresentados ainda no primeiro livro).
Como um todo, é uma excelente obra, que deixa um gosto que só os bons livros de fantasia dão quando são terminados. Recomendo fortemente àqueles que querem adentrar na literatura nacional fantástica, ou, para os que buscam apenas um bom livro para passar o tempo.
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