Anno Domini

Anno Domini Leandro Reis (Radrak)...




Resenhas - Anno Domini


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Thomaz 14/05/2012

Um Livro Crú
Não se deixe enganar pelo título: este livro não é sobre manuscritos medievais! Aliás, ele deixa isso bem claro na própria introdução; ele é sobre literatura fantástica, embora tenha algo de medievalista... o volume reúne 50 textos curtos de autores nacionais, alguns conhecidos (como os organizadores e mais meia dúzia) e a grande maioria de novos escritores.

Devo dizer que esperava um pouco mais. Acredito que por haver tanta gente nova no livro, gente nova em idade e em escrita, ele pareça um pouco crú. Não é só uma questão de estilo literário, embora essa seja a que mais chama a atenção. Senti também ausência de originalidade no narrar ou na concepção, ou em ambos. Claro que textos curtos são sempre menos profundos do que outros escritos, mas já li cartas e e-mails com mais interesse.

Uma das coisas que me incomodou foi a tentativa de alguns autores de situar seus textos em uma zona temporal mais antiga através da linguagem. Isso é comum na literatura e há mestres que até abusam desse recurso (Umperto Eco, por exemplo), mais isso é o tipo de coisa que se não for bem feito, fica ruim; e ficou ruim por que vários dos jovens escritores não tem o conhecimento necessário para reproduzir a maneira que se escrevia há 30 anos, quanto mais há 700! Simplesmente colocar um "vós" ou um "tú" no meio do texto e algumas palavras de um dicionário antigo não vão ambientar um texto.

Talvez, por coincidência, os textos que mais me agradaram foram escritos normalmente, na linguagem de hoje. Destaque para o engraçado conto de Rafael de Agostini Ferreira (nascido em 1979) e para o brevíssimo texto do garoto Nicolas Vasconcelos, de apenas 11 anos.

Dito isto, não se enganem também ao pensar que a edição não é bem cuidada. Muito pelo contrário. Achei apenas um erro tipográfico e a encadernação é bonita. Há até uma mini-bio dos autores no final. E, faço questão de salientar, qualquer iniciativa que venha a publicar novos autores no Brasil é muitíssimo bem vinda. Só por esse motivo os organizadores merecem todo apoio e parabéns.

Portanto, digo que o livro é bom no conceito mas poderia ter um conteúdo mais bem trabalhado. No final, é um entretenimento razoável mas não vai causar ondas muito marcantes no oceano literário. Vocês podem até dizer "quem esse cara pensa que é?" e eu concordo, afinal, fico pensando também se meu primeiro texto publicado vai soar assim tão crú.
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Tibor Moricz 13/06/2011

Lido e comentado.
Quando terminei de ler a coletânea O livro negro dos vampiros, a imagem que criei dessas coletâneas caça-níqueis foi exatamente a de um conjunto de contos sem qualidade suficiente nem para sair da gaveta ou da lixeira do autor pretendente ao título de escritor, salvo raras exceções.

Iniciei a leitura de Anno Domini (organizado por Claudio Brites e Helena Gomes) com a certeza absoluta de estar mergulhando noutra coletânea que acabaria me deixando aborrecido.

São cinquenta e três contos tematizados. Idade média.

Cinquenta e três narrativas cujas abordagens são extremamente recorrentes. Vinganças a mão cheia, belas donzelas, cavaleiros de armadura reluzente, castelos, magos, orcs, elfos, camponeses e morte. Muita morte. Carnificinas horríveis.

Me espanta que existissem tantas camponesas habitando sob condições rudes, oprimidas por vontades acima das suas, laborando no campo arduamente do nascer do Sol ao ocaso, belas. Belíssimas. Cabelos soltos ao vento como num comercial da Revlon, rostos angelicais de pura beleza, olhares meigos, pele macia e alva… Fico boquiaberto com isso. Pensava, sinceramente, que as camponesas, em sua esmagadora maioria, nas condições em que viviam (principalmente nas condições citadas na maioria dos contos), fossem menos charmosas.

Imagino mulheres rudes, cabelos desgrenhados, mão e pés calosos, unhas quebradas (nem todas tem calçados apropriados), pele poeirenta e suada, sovaco de dias e ranho no nariz.

Mas a imaginação dos autores dessa coletânea prova que pode vencer as limitações impostas pela realidade e criar ambientes e cenários mágicos nas mais improváveis situações.

Podem pensar que estou a afiar a minha espada, pronto para, num golpe certeiro, arrancar a cabeça dos organizadores dessa coletânea. Mas estão errados.

Surpreendi-me com contos bons. Surpreendi-me com contos médios numa escala larga (aqui, serve um adendo. Muitos contos médios seriam considerados ruins, mas preferi conceder pontos àqueles que, de alguma forma, tentaram quebrar paradigmas ou surpreender o leitor, mesmo que com uma ideia um pouquinho mais arrojada. Isso não significa que, se fosse eu a organizar a coletânea, eles seriam aceitos).

Há, claro, contos ruins e não haveria como não tê-los, também aos Ecas, Duplo Ecas e até dois Triplo Ecas.

Mas li dois a quem atribui um Uau! E isso me causou espanto.

Separando o joio do trigo, peneirando bem, eu daria a essa coletânea um Médio. Acreditem, trata-se de uma avaliação bem diferente da realizada com O livro negro dos vampiros, que recebeu Eca! sem chances para apelação. Isso não significa que eu esteja mudando meus conceitos em relação a essas coletâneas. Ainda as abjuro. Mas dou a mão à palmatória: talvez nem todas sejam tão ruins assim.

Agora vamos aos contos, respectivos autores e consequentes avaliações:

1- Os quatro – Claudio Brites – Médio

2- A batalha do cavaleiro negro – Renato Arfelli – Médio

3- O Graal e o contador de histórias – J. Feltrin – Médio

4- O bolor e o frio – V. Netto – Ruim

5- Uma noite na Taberna – Kathia Brienza – Bom

6- Um breve segundo – Leandro Chernicharo – Ruim

7- O último relato – Gabriel Torres – Médio

8- Você! – Rafael de Agostini Ferreira – Ruim

9- Batismo de fogo – Leandro “Radrak” Reis – Bom

10- A peste – Chico Anis – Médio

11- Desata-me! – Helena Gomes – Uau!

12- A poção dos desejos – Victor Maduro – Médio

13- Sonhos de outrora – Addam – Médio

14- Na escuridão gelada – André L. Pavesi – Médio

15- O preço da vingança – Nazarethe Fonseca – Bom

16- O dragão da noite e a rosa de chamas – Marcos Lopes – Duplo Eca!

17- O forte das rosas – Thiago Lobo – Médio

18- Cassandra Corbu – Ademir Pascale – Médio

19- O algoz do verão – Thiago Cabello – Ruim

20- A fé dos inocentes – Sergio Sparsbrod – Ruim

21- O Drakkar de Leif Eriksson – Jonatas Turcato Syrayama – Bom

22- O misterioso caso do unicórnio azul – Douglas MCT – Médio

23- Obsessão – Hanna Liis-Baxter – Médio

24- A idade das trevas – Almir Pascale – Ruim

25- Andarilha – Rúbia Cunha – Ruim

26- Esperando pela morte – Claudio Villa – Médio

27- O príncipe – Danny Marks – Médio

28- A filha da parteira – Angel – Bom

29- Reino das trevas – Ana Luiza da Silva Garcia – Ruim

30- Kidush Hassen – Bruno Freitas Oliveira – Bom

31- A morte negra – Arlete Sobral – Triplo Eca!

32- A noiva de lúcifer – Ricardo Delfin – Bom

33- Santo cavaleiro – Rossana Santos – Ruim

34- Prisioneiro – Márcio Aragão – Ruim

35- A peregrinação de um camponês oprimido – Karina Brossi – Ruim

36- Reversos – Raphael Draccon – Eca!

37- Asas – Madô Martins – Bom

38- O ferreiro mágico – Paulo Dumi – Ruim

39- Hoje, na idade média – Rodrigo Prata – Eca!

40- A menina Elfa – Albarus Andreos – Médio

41- Proibido – Monica Sicuro – Ruim

42- Vendeta – José Roberto Vieira – Uau!

43- Dias de sombra – Livany Salles – Médio

44- Krispin – Gustavo Lopes – Ruim

45- Vastidão – J.B. Alves – Ruim

46- Herança maldita – Gabriel Torres – Bom

47- Desejo – Kathia Brienza – Bom

48- Vingança – Bruno Schlatter – Triplo Eca!

49- A faca cravada – Brontops – Bom

50- Inverno – Ruim

51- Prisioneiro da suspeita – J. Feltrin – Bom

52- As três pedrinhas – Nicolas Vasconcelos – Bom

53- Do pó ao pó – Helena Gomes – Bom

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