Cami Sanches 26/08/2020Mais em: @encantodafuga !Tenho a crença de que os momentos são extremamente poderosos em nossas vidas, em inúmeros sentidos! Quando conduz certa intensidades, certos sentimentos, certas necessidades... E do começo ao fim desse livro me vi pensando sobre isso, sobre como o meu momento influenciou tanto nessa leitura, nos pensamentos, nas sensações, nas opiniões!
Certo, certo. Temos comentários bons e, infelizmente, comentários ruim... Vamos começar, então, com os ruins, para que o final seja mais doce, assim como o livro, como um todo, foi pra mim.
Uma das características que mais se destacou, para mim, nessa leitura foi a construção de dois elementos centrais para qualquer história: as cenas e os personagens. Eles, bom... Melhor conversarmos melhor sobre isso, antes de entender mais sobre minhas opiniões.
Ok, seria bom ir direto ao ponto: a construção dos personagens é bastante problemática. Digo isso com certo receio, já que não pude identificar por completo a intenção da autora com essa construção, e como poderia saber, certo? Entendo que, em muito momentos, a escrita pode ser usada para denunciar elementos tóxicos que, infelizmente, estão ao nosso redor. Entendo que a escrita pode carregar uma réplica critica, mas não foi isso que senti. Eu senti desconforto, tive problema com a exposições de carateristas problemáticas que pode ser que se trate muito de um link com vivências pessoais. O ciúme, a possessividade, construção de uma imagem masculina muto questionável em termos de ser ou não saudável. O uso da violência, um quê abusivo que me deixou bastante receosa. Eu não sei se ela quis representar o pensamento do personagem cru, livre de moralidade ou se realmente é uma construção problemática.
Me pareceu muito que pouco foi desenvolvido sobre os personagens, e aquilo que foi apenas evidenciou características como as citadas. Não digo que o livo tende a romantizar atitudes ou relacionamentos abusivos, não foi isso que senti, mas que são evidenciados, trazidos a tona isso sem dúvidas. Também não é como se os personagens se resumissem a isso também, já que existem elementos neles que me agradaram. Eu gostei bastante de certa sinceridade que foi passada durante a narrativa acerca do relacionamento desenvolvido. Gosto da forma como as incertezas são assumidas, são abraçadas e são expostas. Gosto que a autora traga a tona porque, as vezes, é dessa forma que as coisas ocorrem no dia a dia e isso pode influenciar muito em certa identificação com um grupo que não é muito
Daí entramos em outro terreno um tanto quanto confuso: ao mesmo tempo que levanta essa sinceridade da incerteza, descreve cenas completamente intensas, repletas de paixão, de carinho e... É, fofura! E foi uma delicia vivenciar essa paixão, essa intensidade mesmo que, em algumas situações, parecessem um pouco forçadas. Forçadas porque me parece que os sentimentos acabam não sendo tão bem desenvolvidos. O enredo se torna um pouco confuso na medida que não há um entendimento completo da origem de tamanha intensidade. Ele se constrói, também, apoiado em um grande segredo, estratégia que funciona, para curiosos que nem eu, de uma forma muito boa!
Temos, em termos gerais, uma história que se agarra ao clichê para se sustentar e construir. Não me entendam mal, eu disse que começaria pelos comentários ruins, mas isso não é, necessariamente, uma crítica! Ao longo de toda a leitura tentei, ao máximo, me despir de preconceitos, já que nunca havia lido nenhum livro da autora. Além disso, também refleti muito sobre o significado desse clichê que pode, até mesmo, ser uma escolha da autora. Seria desse jeito que a história faria sentido. Bom, se o clichê é bom ou ruim, deixo a critério de cada um... Eu escolhi, durante essa leitura, me livrar ao máximo esse estigma, tentei não desmerecer o clichê já que, em muitos momentos, é só disso que a gente precisa, e ai o clichê ganha um valor novo, valor coroado pelo momento.
Bom, e o que posso falar sobre o meu momento? Esse gritava por uma necessidade crescente, e assim o começo dessa resenha recebe maior sentido, significado. Meu momento necessitava, a principio, de uma leitura fluida e leve, depois de ter me aventurado em livros de temática muito pesadas e complicadas. Assim, eu me encaminhei pros romances, eu queria um romance! E esse livro chegou no momento certo. Precisava relaxar, distensionar, ficar mais tranquila, mais longe do estresse... E ele fez jus as expectativas. Com um desenvolvimento gostoso, eu a todo tempo me via querendo continuar, saber mais, entender mais. Talvez não tanto por uma questão de conteúdo, mas de proximidade, de dia a dia, de conflitos que se mostravam mais fáceis de digerir que os que vivenciei anteriormente.
Então sim, as vezes tudo que precisamos é um clichê.
Um clichê que nos conforte.
Um clichê que nos abrace.
Um clichê que nos diga (de uma forma misteriosa em que nunca entendi o processo) que vai ficar tudo bem.
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