Manual da Paixão Solitária

Manual da Paixão Solitária Moacyr Scliar




Resenhas - Manual da Paixão Solitária


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Felipe 09/12/2009

Não merecia o Jabuti de jeito nenhum
Imagine um livro que misture o misticismo e a “espiritualidade” de Paulo Coelho, com ficção científica de livros de banca de jornal e com erotismo barato digno de editora Playboy. Não precisa imaginar, este livro existe é o “Manual da paixão solitária” de Moacyr Scliar.
Além de tudo o livro é muito chato, metade do livro Scliar faz uma adaptação livre do capítulo 38 do livro do Gênesis da Bíblia. Nesta primeira parte quem narra é Shelá, filho de Judá e sobrinho do famoso José que interpretou o sonho do faraó dos anos de vacas gordas e magras. Scliar usa a história narrada na Bíblia e explora as entrelinha deixada na história para fazer sua adaptação. Para quem acha a Bíblia um livro de ficção mal escrito e confuso, imagine o que vai achar de um romance que o uso como inspirador.
Para tanto usa da ficção para criar os manuscritos de Shelá, onde ele narra suas angústias como que para um psiquiatra. Neste escritos ficcionais Shelá revela a homossexualidade do irmão mais velho Er que casa com Tamar, mas não consuma o casamento e prefere o suicídio ao martírio de conviver com sua homossexualidade. Tamar então casa com o irmão do meio - Onan, como era a tradição de sua tribo. Apesar de consumar o casamento ele se recusa a engravidá-la usando para isto técnicas rudimentares. Shelá conta como desejava Tamar desde o instante em que a viu, e deste desejo não consumado por Tamar que vem o título do livro de Sclyar.
O livro é muito chato, pois mesmo quem nunca leu a Bíblia passa a conhecer a história contada no trecho abordado na primeira metade, lido a muito custo. No entanto, não satisfeito Scliar usa a outra metade do livro para contar a mesma história, agora narrada por Tamar. Neste ponto a paciência do leitor comum chega ao limite e chegar ao final do livro passa a ser um desafio considerável.
E ainda existe um terceiro narrador em terceira pessoa em um congresso de discussões bíblicas no tempo presente onde o tema é adivinhem... o capítulo 38 do Gênesis. Também este narra um romance nada incomum entre um professor e sua aluna que jurava odiá-lo. Claro, Sclyar não deixa de lado os detalhes eróticos.
Existem momentos em que o narrador bíblico parece dialogar com o tempo presente, ao melhor (pior?!) estilo “Memórias póstumas de Brás Cubas”. O texto traz termos nas narrações de Shelá e de Tamar que não parecem ser nada bíblicos; suruba, pronome, esperma, tesão e até fake. Outro detalhe que chama a atenção do texto de Sclyar é sua obsessão por pênis grande, ele como médico poderia procurar ajuda especializada para resolver este problema em vez de nos dividir esta sua angústia. Outra detalhe que chama a atenção é a falta de consistência da história criada por Sclyar, pois primeiro ele diz que Judá não tinha beleza física, e depois diz que não teve dificuldade de conseguir um bom casamento devido a sua boa aparência física; ou uma coisa ou outra.
Existem erros tipográficos e alguns equívocos gramáticos, como a opção pelo travessão em vez de reticências. Em outros pontos não sabemos se a frase está mal construída ou é erro tipográfico, como na página “Eu matéria de modelagem era um artista”. Seria “Em matéria de...”? A parte cômica do livro é quando Sclyar lança mão de ficção científica, ele imagina como seria um “cruzamento” entre o esperma de Shelá e uma rainha de um formigueiro, é tão ridículo que é engraçado. Sem citar o diálogo entre tufos de barba.
Como grande fim, sabemos que Tamar engana Judá – sempre a mulher é a culpada, e engravida de gêmeos, um dos quais vai dar origem à uma linhagem que chega até... Jesus. Bons antepassados tem este tal de Jesus, hein!!??
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Luis 09/01/2011

A bíblia como inspiração de grande ficção.
Mais um título de inspiração bíblica do genial Moacyr Scliar, "Manual da Paixão Solitária" não tem talvez a originalidade e sobretudo o humor de seus antecessores, "A Mulher que Escreveu a Bíblia" e " Os Vendilhões do Templo", mas está longe de ser considerado uma literatura "menor". Na verdade, tudo que sai da pena do médico gaúcho está entre as coisas mais valorosas das letras brasileiras.
Scliar brinca dessa vez com o capitulo 38 do Gênesis, narrando a saga de Judá, seus filhos e a bela Tamar, sob duas óticas diferentes : a do caçula Shelá que ocupa pouco mais da metade do volume e a da própria Tamar, que revisita os fatos já narrados por Shelá, mas sob um prisma absolutamente novo, responsável pelos melhores momentos do livro. Para completar, o autor retrata as histórias como encenaçôes de dois monológos apresentados por especialistas biblícos, um homem e uma mulher, notadamente rivais, em um suposto Congresso. É a cereja do bolo que diferencia um grande autor, capaz de transformar a bíblia em matéria de ficção de qualidade ímpar.
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Frankcimarks 07/05/2023

Vamos falar sobre masturbação
Scliar é um mestre. Gosto particularmente dele por misturar o sagrado e o profano de maneira tão direta e sem pudor. Como judeu, scliar se apropria das narrativas bíblicas para criar sua literatura secular.

Nesta obra, semelhante ao que fez em A mulher que escreveu a Bíblia, Scliar mostra o ponto de vista da mulher na narrativa bíblica, em hipótese.

Primeiro ele narra sob o ponto de vista a tradição do levirato, abordando a história de Tamar sob a pena de seu cunhado Shelá. Depois é a própria Tamar quem conta sua história.

Quem inventou a masturbação: Tamar ou Shelá?

Aqui, Scliar corrige o termo onanismo, que por muito tempo denominou a prática de Onan, segundo marido de Tamar, que ejaculava na terra para não lhe dar filhos.

Uma história sobre tradição, homossexualidade, desejo feminino, hipocrisia religiosa, erotismo, rivalidade entre homens e mulheres.

Sou suspeito para falar do Moacyr Scliar, que é um gênio. Ele usa a descoberta de um novo manuscrito para abordar tantos assuntos relevantes. A história que conhecemos sempre é a história de quem está contando, isto é, do vencedor.

A leitura do manuscrito de Shelá por um famoso professor num simpósio e o confronto que uma antiga aluna sua faz ao propor sua leitura sob o ponto de vista feminista revela no final os interesses de cada um. Todo escrito é uma confissão!
Hildo Frota 08/05/2023minha estante
Sempre arrasando nas resenhas, cirúrgico.


Frankcimarks 10/05/2023minha estante
?




Gois 25/05/2022

Deixa a desejar
Já tinha lido 2 outros livros dele e tinha gostado (Especialmente "A Mulher que Escreveu a Bíblia"), mas infelizmente esse deixou a desejar. Reconta uma trecho da bíblia (que é uma premissa parecida com livros anteriores) , o problema é que faz isso 3 vezes (sob pontos de vistas diferentes) ao longo do livro, o que deixa a história meio chata e (obviamente) repetitiva. Tem algumas partes engraçadas, fala um pouco de protagonismo feminino, fala contra tradições sem sentido e eu diria que inclusive critica a igreja. Mas isso não salva o livro de ser apenas mediano. Ganhador do prêmio Jabuti em 2009.
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fsamanta (@sam_leitora) 06/11/2009

Decepcionante. A história me interessou quando li a sinopse. Todo o auê da mídia também despertou a minha curiosidade. Ainda que a abordagem do trecho bíblico tenha apresentado alguns aspectos interessantes, no geral não é inovador como divulgaram e o desfecho é patético, para dizer o mínimo.
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Cid Roberto 13/10/2009

Prêmio Jabuti 2009
Este livro tirou o primeiro lugar na categoria romance na 51ª edição do Prêmio Jabuti (2009) promovida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).
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Cris Compagnoni 02/12/2011

Este é mais um livro do Moacyr Scliar, um dos meus autores preferidos; é uma história bíblica assim como A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA. Porém isso não quer dizer que seja uma história religiosa ou que tenha a ver com religião, muito pelo contrário, é uma história pra lá de divertida, com personagens bíblicos.

Shela é o narrador desta história, ele é o filho caçula do patriarca Judá; acho que o que mais gosto nas histórias de Scliar é o modo como ele chega no narrador da história, em A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA foi através de uma seção de regreção; já em MANUAL DA PAIXÃO SOLITÁRIA acontece um congresso bíblico onde um famoso professor fará uma palestra sobre um manuscrito recentemente descoberto, esse manuscrito teve Shela como seu autor, e o professor “encarna” este autor como personagem e apresenta um monólogo em primeira pessoa dando vida à Shela.

Mas vamos à história. Judá teve três filhos: Er, Onam e Shela, o mais velho Er fez um grande casamento com a linda filha do sacerdote, Tamar; só que ele não era muito interessado em mulheres, e a sua nunca engravidava como todos esperavam; até que um dia Er moreu.

Como era tradição na época, Onam casou-se com Tamar, pois tinha a obrigação de engravidar a cunhada, já que seu irmão não o fez, mas como ele achava que ela era a culpada pela morte de Er, queria vinga-lo, e todas as vezes que mantinha relações com Tamar ejaculava na terra, praticava o coito interrompido, não daria a mulher o filho tão esperado por todos da aldeia. Aconece que Onam de repente adoece e morre.

Tamar vai cobrar de Judá o marido a que têm direito, exigindo se casar com Shela, mas o patriarca com receio e medo de perder o seu agora único filho, pede que Tamar espere, alegando que Shelá não é um homem ainda. Mas Tamar depois de três anos esperando resolveu agir, ficou sabendo que Judá faria uma viagem, se disfarçou de prostituta e seduziu o sogro, deitou-se com ele, mas ele estava despreparado financeiramente, prometeu que enviaria o pagamento depois. Tamar exigiu garantias, pediu que o sogro deixasse o seu cajado, o sinete e o cordão, símbolos de sua condição de patriarca, que seriam devolvidos quando o pagamento fosse efetuado. Mas quando Judá mandou alguém pagar a prostituta, ela não foi encontrada, ninguém sabia dela.

Poucos meses depois o patriarca ficou sabendo que Tamar estava grávida, e como era tradição daquele povo, ela seria condenada a morte pois deveria se manter fiel a memória dos maridos falecidos, e Judá foi busca-la a fim de executar a pena. Só que Tamar revelou quem era o pai de seu filho, mostrou-lhe o cajado, o sinete e o cordão como prova e foi perdoada.

Shela assiste todos estes acontecimentos, sofre sozinho e em silêncio em sua caverna, onde faz figurinhas de barro, escreve, dá asas a sua imaginação; e, principalmente, deixa explodir a sua secreta paixão por Tamar, cria um método para isso, algo inovador, que lhe permite ter prazer sem ao menos estar junto da cunhada, Shela é o provável “inventor” da masturbação; e o seu manuscrito é um verdadeiro manual, no sentido literal da palavra.

Apesar de ter a impressão de que já contei toda a história, ela não termina aí, têm um desfecho surpreendente, que a mim, deixou de ‘queixo caído’, tudo bem que sou muito suspeita para falar isso, mas, Moacyr Scliar é genial. Sobre o final, eu não vou contar, se não perde a graça!

http://criscompagnoni.blogspot.com/2010/10/manual-da-paixao-solitaria.html
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Ana 05/09/2014

Manual da Paixão Solitária
Moacyr Scliar não é meu autor preferido, mas eu tenho uma queda por livros baseados nas estórias da bíblia e os do Moacyr Scliar são de primeira.
O Manual da Paixão Solitária, é um livro que recria uma das estórias da bíblia de forma divertida e quase poética na minha humilde opinião. Sou uma fã de adaptações bíblicas e se alguém tiver dicas comentem e me mandem sugestões.
O livro inicialmente é narrado por pergaminhos deixados por Shelá, que se apaixona pela cunhada, e depois de ver seus dois irmãos morrerem após o casamento, apesar de toda a tristeza, vê na perda a oportunidade de casar com Tamar. Eu simplesmente adorei esse personagem, ele é romântico, filosófico e engraçado ao mesmo tempo. E o livro traz umas passagens tão bonitas escritas por ele.


“Um dia – ou uma noite, de preferência uma noite, a noite é mais propícia para a gente como nós e para a evocação da memória que deixamos – alguém lembrará de mim. Quando isso acontecerá, não sei. Daqui há muito tempo, acho. Séculos, milênios, quem sabe. A entidade que sou – pobre entidade, modesta entidade, lamentável entidade – terá desaparecido. Estarei reduzido a diminutas partículas que ventos e águas disseminarão pelo mundo. Uma partícula fará parte de uma pedra, outra estará na casca de uma fruta, outra na córnea de um leão, no pêlo de uma raposa, no osso de um ser humano.” Página 12

Quer ler o final da resenha? Acesse http://drunkculture.blogspot.com.br/2014/08/resenha-manual-da-paixao-solitaria.html
Esta resenha foi escrita por Ana Cristina, colunista do blog 'Drunk Culture', e a reprodução integral ou parcial da mesma é proibida. Plágio é crime.

Drunk Culture
http://drunkculture.blogspot.com.br/


site: http://drunkculture.blogspot.com.br/
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Nat 25/12/2014

Dois estudiosos discorrem sobre o que acham que aconteceu de verdade em determinada passagem da Bíblia. No fim, ambos acabam falando de sexo e masturbação (a tal paixão solitária). O livro é bem narrado, mas a história em nada me agrada. No fim, os dois acabam fazendo sexo – de forma semelhante ao que narraram das histórias.
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Egídio Pizarro 08/06/2018

A Bíblia como inspiração
A Bíblia é um péssimo livro, mas é interessante como ela pode ser uma ótima fonte de inspiração para enredos de outros livros. Moacyr Scliar, que se dizia um "leitor literário e não religioso da Bíblia", fazia isso como poucos.

Eu já tinha lido "A mulher que escreveu a Bíblia" e achado um livro excelente. Me interessei por este "Manual da paixão solitária" porque soube que Scliar trabalhou a história de Onã na obra, o que me despertou curiosidade. Havia um tanto de ousadia: é uma passagem bíblica onde o sexo está presente e ao mesmo tempo é um tabu, tanto que abre possibilidade para diversas interpretações (usualmente se diz que Onã se masturbava - daí o termo "onanismo" -, mas outros dizem que ele "inventou o coito interrompido").

Eu achava que traria o ponto de vista do próprio Onã, segundo filho de Judá, mas a primeira parte da narrativa é de Shelá, o terceiro filho - uma narrativa que é fruto da imaginação do professor Haroldo, um respeitado historiador. A segunda parte vem com a narrativa de Tamar, a mulher que Onã deveria engravidar. Esta narrativa, por sua vez, é fruto da imaginação de Diana, também historiadora respeitada e rival do Haroldo.

Dentro do que eu esperava e do que eu vi, fiquei bem satisfeito e não houve qualquer decepção. Excelente leitura.
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Simone 29/07/2023

Livro indicado pelo Clube do Livro do Pavinato. Achei a leitura intrigante e interessante. Especialmente por se tratar de personagens bíblicos.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 18/07/2018

O Antigo Costume Do Levirato
Vencedor do Prêmio Jabuti em 2009, "Manual da Paixão Solitária", de Moacyr Scliar, questiona uma passagem extraída do Gênesis que relata a sina do patriarca Judá e de seus três filhos, unidos pelo antigo costume do levirato a uma bela jovem chamada Tamar.

Assim como em outros livros, mais uma vez, o autor reinterpreta um texto bíblico com o intuito de discutir a condição humana. Para tal, "ele reúne sexo, preceitos morais, a Bíblia, além de delírios, sonhos e premonições a uma realidade implacável."

O fragmento bíblico é bastante conhecido, portanto, trata-se de uma historia previsível, mas que ganha novos contornos graças a maneira como é apresentada. Na primeira parte do livro, quem domina a cena é Haroldo, um famoso professor, que como principal atração do congresso de uma hipotética sociedade de estudos teológicos, realiza a leitura de um manuscrito encontrado numa caverna em Israel. Sua autoria é atribuída a Shelá, filho caçula de Judá, e trata-se da visão masculina para o referido episódio bíblico. Apresentando um Deus severo e vingador, ele responsabiliza Tamar pelas desgraças que atingiram sua família, a medida que a sina da jovem é atrair a desgraça para qualquer homem que a deseje.

Já na segunda e última parte, quem centraliza a ação é a professora Diana, ex-aluna e desafeta de Haroldo, que pede a palavra para fazer a defesa da protagonista, adaptando a história a versão de Tamar para o caso. Mediante essa nova perspectiva, a narrativa adquire um tom mais realista, apresentando uma mulher constrangida por dois casamentos fracassados que ousa desafiar as convenções e lutar por seus direitos. Enfim, uma legítima representante do movimento feminista no Velho Testamento...

Porém, "Manual da Paixão Solitária" guarda ainda muitos segredos e com um final muito bem armado, aceite minha sugestão: clique na compra e boa leitura!
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