Natalie e Vivian @avidezliteraria 25/01/2018
“Quando você foi embora, senti como se meu coração tivesse saído pela porta. Eu não poderia deixar você, Acacia, mesmo que eu quisesse.”
Sylvain Reynard está de volta. E como de costume, seu novo livro é recheado de ação, romance, protagonistas marcantes, obras de artes e belas paisagens. E o mais surpreendente, que certamente agradará os leitores nacionais, sua personagem feminina é brasileira. Acacia e Nicholas. Duas moedas de faces extremamente opostas, mas que descobrirão que as vezes, as mais improváveis situações são as melhores. O destino tem mais impacto sobre nós do que achamos.
Acacia trabalha como concierge em um hotel em Paris. Brasileira, manda dinheiro para sua mãe. E esconde um segredo. Até que um dia, um hóspede muito peculiar tirará sua vida dos eixo. Breckman é misterioso. Poderoso, anda cercado de seguranças, e o primeiro encontro com Acacia não é dos melhores. Empregada e hospede claramente não se entendem. Até que um mau entendido faz com que eles acabam se aproximando.
Breckman que na verdade é Nicholas, um rico empresário, tem um trabalho um tanto quanto incomum. Recupera obras de artes roubadas. Lidando com pessoas perigosas, sua vida não está segura, o que explica seus seguranças e toda a engenharia que o cerca. Um fato de seu passado, muito trágico por sinal, envolvendo sua irmã, o transformou na pessoa que ele é hoje, em busca de respostas e vingança.
Ele então faz uma proposta a ela. Como por forma involuntária dele, a vida dela corre perigo, ele propõe que ela parta com ele, trabalhando como uma espécie de assistente pessoal. E de cena em cena, país a país, acompanhamos esses dois interagindo até que a crescente atração se transforme em algo mais. Ao longo da trama, descobrimos como a tragédia que ocorreu na vida de Nicholas o impactou, descobrimos o segredo de Acacia, e vemos como os dois lutam para tentar seguir com suas vidas. Acacia que achou que nunca iria confiar em ninguém, se descobre apaixonada mas ao mesmo tempo relutante. Nicholas que só quer vingança, acaba descobrindo a pessoa com quem quer passar sua vida, mas sua busca por conclusão o faz cego em certos pontos.
As obras de artes tão presentes nas narrativas de Sylvain, aqui também tem destaque, na presença das obras roubadas. Vários quadros famosos, de pintores igualmente famosos farão parte do enredo. Uma viagem a uma galeria também é imprescindível. Sempre tem.
Os cenários também são de tirar o fôlego. Dubai, Paris ou Santorini, todos igualmente bem descritos e belos. O leitor acaba viajando junto com os personagens.
Gostei de Acacia, gostei de sua força, a mulher brasileira foi muito bem representada. É uma personagem bem escrita, que tem um drama familiar que explica seu comportamento, seu gato é adorável e a relação dela com Nicholas é facil de entender, você vê crescendo até se transformar em algo forte.
Nicholas é o típico macho alfa. Milionário, sedutor, perigoso.Mas que por debaixo disso tudo, é humano. Não aceita o destino de sua irmã, não aceita o que aconteceu com seu rosto, assiste sua família se distanciar de tudo o que cause lembranças e não pode fazer nada. O herói torturado. Que mesmo depois de tudo o que passou, recebe uma nova chance da vida de ser feliz. E quase põe tudo a perder.
O lado sensual do livro existe, mas é bem subliminar, não é explícito. Se encaixa no momento da cena.
Um bom livro, com suspense, ação, com toques humanos, personagens cativantes, trama interessante e acima de tudo, o selo de Sylvain Reynard. Impossível de não dar certo.
Obs: Fiquei muito curiosa para saber o por que dessa fascinação com pão de queijo. Tudo bem que a moça é brasileira, mas o por que do pão de queijo especificamente? Entre um acontecimento e outro, como forma de desestressar ela vai para a cozinha.
Obs 2: Me senti “trolada” no final. Como assim a brasileira é somente filha de brasileira? Na verdade ela nasceu na Jordânia e se chama Hanin?
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