O leitor como metáfora

O leitor como metáfora Alberto Manguel




Resenhas - O leitor como metáfora


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Mariana Dal Chico 12/06/2020

“O Leitor como metáfora” de Alberto Manguel foi publicado no Brasil pela editora Sesc em uma edição belíssima, com diagramação perfeita para conversar com o texto nas margens.

Manguel vai se debruçar sobre três principais metáforas que simbolizam o leitor e sua relação com a literatura; enfatizando seus aspectos positivos e negativos.

- Leitor como Viajante
Fazendo um paralelo com “A Divina Comédia”, o autor desenvolve a ideia da leitura como descoberta do mundo.
Ao mesmo tempo que a leitura permite conhecer novos lugares, culturas, experiências, ela também pode fazer com que o leitor se deixe levar apenas pela aventura e não encontre sentido na viagem, evitando o exercício de autorreflexão.

“A experiência da leitura e a experiência da viagem vida afora espelham uma a outra” p.31

- Leitor na Torre de Marfim
Aqui temos referência à Hamlet, que por vezes se vê paralisado pelo excesso de pensamento. A Torre de Marfim que surgiu como um refúgio para reflexão em busca da compreensão e tradução do mundo, passou a ter uma conotação negativa de esconderijo intelectual, um local para fugir e se alienar do mundo.

“Numa época em que os valores que a nossa sociedade apresenta como desejáveis são os da velocidade e brevidade, o lento, intenso e reflexivo processo da leitura é visto como ineficiente e antiquado.” p. 104

- A Traça
Citando Dom Quixote e, por vezes, Madame Bovary, o autor desenvolve a questão do consumo desenfreado das palavras sem se beneficiar de seus significados e ser devorado por elas, já o ponto positivo está na vivacidade com que o leitor se envolve com o texto. A ingestão cuidadosa das palavras é crucial para diferenciar uma leitura profunda de uma superficial.

“Todo leitor já sentiu, ao menos uma vez, o poder avassalador de uma criatura de palavras, apaixonando-se por certo personagem, detestando visceralmente outro, tendo a esperança de emular um terceiro.” p. 113

Leitura mais que recomendada, com um texto acessível, me identifiquei em diversas situações.

site: https://www.instagram.com/p/CBVtYTkjhDB/
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Marta Skoober 28/05/2020

Deveria ter sido uma leitura fácil, fluída, afinal um livro de um autor favorito, falando sobre livros e seus leitores deveria ser puro deleite.
Não foi!
Comecei a ler o livro do Manguel em outubro passado, sim você você não leu errado, em outubro do ano passado. Eu levei quase oito meses para ler esse livro que não é difícil ou complicado, muito menos extenso. Mas que por hora não me encantou.

Numa leitura de altos e baixos, idas e vindas, cheia de interrupções e leituras atropelantes vencer o livro do Manguel foi quase um parto. Ainda assim como não poderia deixar de ser os grifos foram inúmeros, recolhi apenas alguns.

Contudo como todo livro do Manguel esse também, provavelmente, demandará releituras. ?

Grifos:

Até onde sabemos, somos a única espécie para a qual o mundo parece ser feito de histórias.

As páginas que virão prometem um ponto de chegada, um vislumbre do horizonte.

Todo leitor é um Crusoé de poltrona.

pode- se dizer que se nós, leitores, somos viajantes, não somos, porém, pioneiros: o caminho que seguimos já foi trilhado antes,

O livro é um mundo através do qual podemos viajar porque o mundo é um livro que podemos ler.

Você não pode começar a vida de novo, é uma viagem só de ida cuja passagem você compra uma única vez, mas, com um livro na mão, não importa quão perturbador e desconcertante ele seja, quando você o termina pode sempre voltar ao início; se você gostar, pode lê-lo de cabo a rabo de novo, de modo a conceber o que não conseguiu compreender antes, de modo a compreender a vida.
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Gabrielli 09/10/2023

A leitura como forma de ver o mundo
Maravilhoso! Completamente apaixonada pela escrita de Manguel, pela sua vasta bibliografia e capacidade de nos envolver numa conversa sobre livros e leitura. O autor traz três metáforas diferentes para a forma de ver um leitor, conduzindo-nos em cada uma delas aos aspectos positivos e negativos. Adorei as reflexões e com certeza buscarei mais livros dele!
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anicca 23/03/2023

"Todo leitor é um Crusoé de poltrona"
Primeiramente, um leitor lendo sobre seu mais querido ofício, quantas coisas são tão interessantes quanto isso? Pela possibilidade de autorreflexão, pela alusão a personagens também famintos por literatura, pelo engrandecimento da escrita (enquanto geradora de possibilidades), pela análise de seu impacto (em indivíduos e mesmo na sociedade), pela argumentação fundada em distintas áreas do conhecimento... enfim, muitos são os pontos que fazem desta uma obra ? atrevo-me a dizer ? tão necessária para todos nós.

Alberto recorre a três metáforas a fim de explorar os potenciais da leitura, as posturas que costumamos (e podemos) assumir enquanto leitores e o valor que há em revestir as obras que conhecemos de significados. Em outras palavras, o quão profundamente nos dedicamos aos livros que nos dispomos a ler?

A leitura consegue assumir facetas variadas para cada um de nós. Enquanto viagem, primeiro paralelo estabelecido pelo autor, tem o potencial de nos colocar em contato com diversas emoções, formas de ser e estar, ambientes e assim por diante. Com ela podemos imaginar mais amplamente, desenvolver caminhos diferentes do usual para o pensar e o agir e nos reconectar conosco e com os demais. Trata-se de um ato essencialmente solitário, mas que transborda sociabilidade ? e o Skoob é um bom exemplo aqui. No entanto, é possível que usemos a viagem como válvula de escape, rota de fuga, plano B. Ao focar nas paisagens, nas comidas, nas peculiaridades do local, nos afastamos de nós.

Já a torre de marfim, segundo símbolo apresentado por Alberto, corresponde ao que fazemos por causa da leitura: se confinamos a nós mesmos, se ficamos paralisados diante da vida, se nos tornamos pedantes isolacionistas, se enriquecemos nosso cotidiano e nossa percepção a partir das palavras lidas... Assim, a torre enquanto metáfora literária assume três formas: o exílio, o estudo e a vigília.

Por fim, Alberto ilustra o "bookworm", isto é, o rato de biblioteca, bem como a "traça", resgatando três famosos personagens literários: Dom Quixote, Emma Bovary e Anna Kariênina. A partir dos três ele tece provocações sobre como encaramos o ato de ler e de que forma agimos depois ? levando em consideração as informações que obtemos.


Livros que Alberto me instigou um pouco mais a conhecer/revisitar:

? A casa do silêncio, Orhan Pamuk
? A consolação da filosofia, Boécio
? A divina comédia, Dante
? As viagens de Gulliver, Swift
? Confissões, Agostinho
? Dom Quixote, Cervantes
? Elogio da loucura, Erasmo
? Ensaios, Montaigne
? Gilgamesh, Sin Leqi Unninni
? Ilíada/ Odisseia, Homero
? Imitação de Cristo, Tomás de Kempis
? Madame Bovary, Flaubert
? Matilda, Dahl
? O vermelho e o negro, Stendhal
? Paraíso perdido, Milton
? Robinson Crusoé, Defoe
Rodrigo007 23/03/2023minha estante
Nessa listinha aí tem os maiores clássicos da humanidade. Tô com alguns dela pra ler esse ano, acordei pra cultura agora rs. Já li a Imitação de Cristo e, seja o leitor religioso ou não, é um baita tapa na cara pra deixar de ser um ser humano orgulhoso e egoísta. Ler os clássicos sempre ajuda a ser um melhor ser humano, né?




regifreitas 13/04/2018

Livro sobre livros, a relação dos leitores com esses objetos tão caros a eles, ou mesmo o próprio ato da leitura, são temáticas constantes na produção do escritor argentino Alberto Manguel. É dele, entre outros, o ótimo UMA HISTÓRIA DE LEITURA (1996), publicado no Brasil pela Companhia das Letras. Nesta sua mais recente obra a aparecer por aqui - em um belo trabalho da Edições Sesc São Paulo -, Manguel se debruça sobre três das metáforas mais recorrentes para simbolizar os leitores e a relação destes com a leitura.

Manguel analisa tanto os aspectos positivos quanto os negativos dessas metáforas, e também as modificações sofridas por elas através dos tempos. Assim, temos o leitor como viajante, logo, a leitura comparada com uma estrada a se percorrer, ou como uma viagem por terras alcançadas apenas pela imaginação. Essa estrada, que pode levar tanto ao paraíso como ao inferno, é simbolizada por Dante e a sua DIVINA COMÉDIA. O leitor da “torre de marfim”, aquele que se afasta para pensar o mundo, mas também o leitor isolado e recluso desse mesmo mundo, refletido no Hamlet, de Shakespeare. Por fim, o leitor traça, o devorador de livros, aquele que, ocasionalmente, pode acabar sendo ele mesmo o devorado, como o caso emblemático do Dom Quixote, de Cervantes.

Embora revestido de uma natureza um pouco mais acadêmica, o livro apresenta uma linguagem acessível, não sendo dura ou empolada como costuma ser a maior parte desse tipo de texto. Logo, a leitura dessa obra pode servir como estímulo para quem não conhece, conhecer as obras referenciadas. Mas, principalmente, é um delicioso estudo sobre nós que amamos ler e temos a leitura não apenas como um mero passatempo, mas como um propósito e uma paixão.
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Carol 24/06/2021

Impressões da Carol
Livro: O leitor como metáfora: o viajante, a torre e a traça {2013}
Autor: Alberto Manguel {Argentina, 1948-}
Tradução: José Geraldo Couto
Editora: Edições SESC São Paulo
148p.

Em "O leitor como metáfora", Alberto Manguel, ele mesmo um grande leitor, parte de obras como a Epopeia de Gilgamesh, passagens bíblicas, A Divina Comédia, Hamlet, Madame Bovary, Dom Quixote, entre outras, para descrever leitores arquetípicos.

O primeiro arquétipo é o do leitor como viajante e do livro como instrumento para decifrar o mundo.

"A experiência da leitura e a experiência da viagem vida afora espelham uma a outra." p. 31

Manguel, no entanto, não vê com bons olhos os leitores digitais, no que eu discordo. Livro físico, e-book, audiolivro, independente do suporte, o importante é o texto e o que se depreende dele. Vamos relevar pois Manguel é Boomer ?

A segunda metáfora é a do leitor em sua torre de marfim. Ao se isolar, o leitor reflete seu interior, apreende sua experiência e consegue traduzir o mundo em palavras. O risco aqui é o pensamento sobrepujar a ação. Isolar-se tanto a ponto de alhear-se do mundo.

"Gramsci estava profundamente interessado no papel do intelectual na sociedade. Ele atacava a ideia de cultura como mero conhecimento enciclopédico." p. 101

O último arquétipo é o leitor como traça. É preciso distinguir o leitor atento, que se apropria dos livros para melhor ler o seu redor, daquele leitor que apenas devora um livro atrás do outro, sem reter nada, permanecendo estúpido.

"Em resumo, ele ficou tão imerso em seus livros que passava a noite lendo, do anoitecer à alvorada, e os dias, da alvorada ao anoitecer, até que, por dormir de menos e ler demais, seu cérebro se ressecou e ele acabou perdendo o juízo." p. 125

Reli "O leitor como metáfora" para o projeto "Leituras Avulsas", da @umacertagabi e, coincidência das coincidências, o livro foi debatido, também, na aula aberta do @labopucsp - dica da maravilhosa @andreakogan.

Livros sobre livros são sempre uma delícia de serem lidos e aqui, neste perfil, adoramos e exaltamos Alberto Manguel.
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Daniel263 17/12/2020

Manguel, sempre perfeito!
Publicado em: @curadorliterario

69º livro de 2020.

É sempre um enorme prazer ler Alberto Manguel. Leitor voraz, extremamente culto e com dezenas de metáforas, correlações e aforismos... é quase um reencontro com um velho e querido amigo!

Continuando um dos argumentos de “Uma história da leitura”, o intelectual argentino faz um mergulho histórico, cultural e literário nos 3 principais esteriótipos de leitores: o viajante, a torre e a traça!

Da origem às vantagens e defeitos, cada categoria é analisada de forma muito sublime, tanto nas descrições, como nos exemplos.

Além disso, Manguel tem uma amplitude cultural muito rica e interessante. São deliciosos trechos com curiosidades, marcos históricos e interessantíssimas análises filosóficas e literárias.

Eu vou morrer defendendo que: todos aqueles que amam ler devem ler Manguel!

site: https://www.instagram.com/p/CE4MeXyDvJW/
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Henry.Davy 14/01/2023

Uma estrutura impecável
Eu acho que eu nunca vi um livro tão bem estruturado no que ele se propõe como este, você entende por onde o autor lhe leva e compreende os conceitos abordados e vê vários lados de um mesmo assunto. Além de uma gama de conhecimentos a parte, esse livro e repletos de citações e de pontes com outras áreas do conhecimento para validar o argumento tratado no capítulo. Esse livro e primor de estrutura e a gente vê a sabedoria do autor que nos prende completamente.?
Maria.Luiza 14/01/2023minha estante
Que fantástico




O Ciclista 10/04/2020

Um livro que tira o leitor da zona de conforto e o faz procurar por si mesmo entre as categorias de leitores presente no livro. Cada pagina uma impressionate escrita de como a leitura e o leitor foram retratados em diferentes épocas, cada qual com seu estilo.
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Marcio 05/05/2018

Para quem gosta de literatura, uma boa viagem na história sobre o ato de ler. Livro excelente!
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Zaqueu 12/11/2023

Ler é viver vários mundos em várias épocas.
Leitura espetacular desse autor que eu não conhecia ainda mais que se tornou uma das leituras mais interessante desse ano.

Dentro do próprio livro o autor cita várias livros como A divina comédia, Ana Karienina, Consolação da filosofia interessante porque são livros que eu pretendo ler ou já tive a oportunidade de fazer a leitura.
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Ronald' 24/05/2021

para ajudar quem está começando a ler
Na época que adquiri e li essa obra, me encantei desde o começo,
é um tipo de historia do ato de ler e algumas metaforas sobre,
um livro que me marcou muito desde quando fala que enquanto lemos estamos caminhando por um lugar desconhecido e q reler eh como voltar passar pelo caminho mas observando outras coisas além do caminho em si, detalhes que antes nao percebemos pelo desconhecimento do caminho, até como se enquanto lessemos estivessemos em uma torre isolada e livre de todo o mundo ao redor
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pinksuricato 28/06/2022

Uma história sobre a leitura
Comecei o livro com a intenção de, quem sabe, incluir uma resenha dele na pasta de atividades complementares da faculdade e terminei a leitura completamente fascinada com as metáforas utilizadas no decorrer dos séculos para falar sobre literatura e o papel do leitor.

A primeira metafora a ser dissecada por Manguel nesse livro é a do leitor como viajante - e, claro, a leitura como viagem. Aqui o autor utiliza como referência diversas obras escritas em diferentes momentos da história para tentar entender de onde essa imagem veio. A segunda figura é a da torre (como a torre de marfim, de Hamlet) e a do intelectual como um ser que tem como tendência se isolar, e como isso foi representado nas sociedades. Essa, inclusive, foi a minha parte favorita.

Por ultimo, o autor explora a ideia da traça (ou, do original, "bookworm"). Essa parte tem como ponto alto a diferenciação entre dois tipos de leitores: a Traça e o Louco dos Livros, esse ultimo sendo descrito como alguém que engole "as palavras sem se beneficiar do significado delas, traduzindo o texto não para a experiencia fundamentada, mas para a autoilusão".

O livro traz diversas reflexões sobre a leitura que são, em si, bastante interessantes. Alberto Manguel consegue contar a história desses três importantes simbolos com a ajuda de uma variedade de de menções a outros importantes livros, sem se tornar pedante ou confuso, mas sim mostrando como é vasto o seu conhecimento em literatura.

site: https://pipocaflamejante.tumblr.com/
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Pedro.Inocente 30/09/2023

Alberto Manguel representa detalhadamente os leitores com as metáforas apresentadas em sua obra, mostrando que a leitura não é somente ler, mas tem todo um universo por trás, com certeza você se identificará com alguma das metáforas, se não todas!
Livro excelente, com certeza foi uma das melhores leituras do ano/vida, recomendo ???
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