Natalie e Vivian @avidezliteraria 25/01/2018
“Nós todos vamos morrer um dia, Zef. Não me importo. Foi uma vida maravilhosa, cheia de poeira estelar e magia, e eu tenho uma família incrível”. Ele abriu os olhos novamente. “Você é um bom homem, Zef. Lembre-se disso”.
Confesso que Carnival foi um livro bem diferente do que costumo ler. O fato da trama retratar a vida em um circo itinerante por si só já é bem incomum. Aqui temos Jef, o protagonista principal, ao redor de quem a trama se desenvolverá. Ele é um ex-presidiário, ex-viciado, que abandonou o passado, e encontrou nesse mundo circense uma nova oportunidade e está reerguendo sua vida. Ele é um dos membros de uma equipe que faz movimentos radicais com motocicletas, uma espécie de dublês de ação.
Mas por mais que Jef reconheça que seus novos amigos são uma família, ele ainda é uma pessoa reservada e fechada. Ao fazerem um último show em uma cidade, Jef tem a sensação que alguém o está observando. Deixando para lá essa sensação, todos os membros do carnaval itinerante se preparam para partir e ir em rumo a outro local. Ao chegarem no novo terreno que abrigará o espetáculo, e ao começarem a descarregar os trailers, Jef tem uma bela surpresa: uma moça está escondida.
E dessa forma, sua vida mudará completamente. Sara fugiu com o circo. Literalmente. Após o choque inicial, é decidido que ela ficará com eles, terá um emprego, e quando se sentir confortável para compartilhar o motivo pelo qual está fugindo, ela terá apoio.
E apesar de achar que nunca diria isso, Jef é bem melhor que Sara. Explico. Jef já apareceu em outro livro, Dangerous to know and love, cujo protagonista era seu irmão Daniel. Nesse livro, vemos seu ponto mais baixo, culminando em sua prisão. E ele é um idiota o livro todo. Agora em Carnival, onde temos então seu lado, vemos que ele aprendeu algo na vida e está tentando se redimir. Agora Sara, para mim foi simplesmente detestável.
A parte do começo e meio do livro onde Jef está tentando descobrir qual o segredo dela, é bem interessante. O leitor fica curioso para descobrir também. Mas quando é finalmente revelado, pelo menos para mim, não consegui ficar do lado dela. Desculpa Sara, mas o que você fez é errado em tantos níveis, que nem sei por onde começar a te explicar.
Em meio a toda a trama, a tensão entre os dois é palpável, ambos estão interessados um pelo outro. É bom ver ele lutando o tempo todo com o fato de não se achar bom o bastante para ela, que é muito velho e tem muita bagagem. Ela por outro lado virou uma stalker desde o princípio. Desde que a descobriram no trailer e ao longo de todo o livro, ela o segue o tempo todo, tira fotos, age como se tivessem compromisso. Todas as outras pessoas acham bonitinho esse jeito dela. Jef, nisso concordo com você, é assustador alguém ter esse comportamento.
No fim, Jef é o que salva essa trama. Vemos sua jornada, sua mudança, até ele aceitar que ele merece uma nova chance de ser feliz. Os personagens secundários também são interessantes.
A cena entre Ollo e Jef na roda gigante arrancará lágrimas. Foi um belo desfecho.
O final, onde Sara fica famosa e todos ganham dinheiro foi muito fantasioso. Uma moça de 18 anos que terminou o colegial, sem faculdade, e que ainda por cima foge com um circo, é meio difícil acreditar que ela é um grande talento em Hollywood.
No geral, a trama é boa, o desenvolvimento é inteligente, Jef é um bom personagem que amadurece, mas que merecia outra parceira.
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