Raquel 05/09/2022A forma da águaNo auge da guerra fria, o militar Richard Strickland é designado para uma missão quase impossível: capturar um lendário ser amazônico, chamado de deus Brânquia, um misto entre homem e anfíbio. Após meses de buscas, ele finalmente consegue cumprir sua missão e leva o ser para uma unidade secreta de pesquisa aeroespacial, chamada Occan.
Elisa Esposito trabalha na equipe de limpeza da Occan no período noturno, onde todos os turnos são iguais (frios, calados e sem graça), até o dia em que ela, limpando um dos laboratórios, descobre o homem-anfíbio. Sua vida se enche de cor e sentimento e, apesar da enorme diferença entre eles, um amor sincero surge entre os dois.
Mas a obsessão de Strickland ameaça a vida do ser, e Elisa não consegue ficar imóvel diante de tanta violência. Ela precisa salvar o deus Brânquia, precisa libertá-lo. Ela não sabe como fará isso, mas está determinada a dar a sua vida por aquele ser que a viu como ela é, a aceitou como uma igual, e a amou mesmo apesar do abismo que separa as suas espécies.
Os personagens principais da trama, se excluirmos o vilão e a criatura, são três pessoas que representam minorias, principalmente para a época em que a história se passa, nos anos 60: Elisa, uma mulher muda, orfã e com um passado triste; sua melhor amiga Zelda, uma mulher gorda e negra que cuida sozinha da casa porque seu marido não consegue ficar em um emprego por muito tempo e Giles, um homem já não tão jovem, gay e que está perdendo lugar no mercado de trabalho, já que era pintor de anúncios e naquela época, as fotografias estavam em alta.
Gostei muito que os personagens foram crescendo com o passar da história, por exemplo Elisa uma mulher pequena, que exalava fragilidade, mas que, quando conhece o homem-anfíbio e se identifica com ele, descobre uma mulher forte em si que antes desconhecia.
Eu assisti o filme há alguns anos e achei bonitinho, mas o livro é muito bom! Ele mostra duas coisas que no filme não aparecem: a expedição na Amazônia para capturar o deus e os pensamentos doentios de Strickland, que o deixam mais amedrontador ainda. Aborda racismo, machismo, homofobia, o desespero dos americanos em conseguir uma arma efetiva contra os russos, o descaso do homem com a natureza por conta da ganância e muitos outros assuntos sérios.
Eu diria que a mensagem principal é que a bondade não vem do seu status social ou da cor da sua pele, ou de sua opção sexual. A bondade vem de dentro de cada um de nós, e somente nós é que podemos dá-la sem querer algo em troca.
Recomendo!