Alanna. 08/02/2023Não é um bom livro para começar a ler sobre feminismoAcredito que a proposta desse livro, considerando seu formato menor e o título, seja ser uma forma de iniciar as leituras sobre o movimento feminista, mas sinceramente eu acho que é uma péssima ideia começar leituras sobre o tema por esse livro.
Eu já li outro livro da autora, chamado "Complexo de vira-lata: Análise da humilhação colonial", e achei uma leitura muito proveitosa, com excelentes pontos importantes sendo levantados, o que infelizmente não ocorre aqui.
Pra começar, achei o livro mal escrito. Em certos pontos a autora utiliza uma linguagem mais próxima do leitor, e em outros utiliza uma linguagem quase acadêmica, o que já quebra a questão de uma leitura inicial, pra um leitor que não tem contato com o assunto. Outra questão é de temas que a autora levanta sem desenvolvimento, ou sem relevância, inclusive. Em certo ponto ela relata uma história de um padre que "sem querer" faz uma divisão machista de tarefas, ela comenta a questão com esse padre (passa um pano pra ação dele, devo acrescentar), e termina dizendo "não sei como isso terminou, espero que tenha dado tudo certo" (tô escrevendo com minhas palavras, mas o contexto é esse). E eu lendo fiquei ?!?!?!?!?! Pra que coloca um trecho desses se você nem sabe se sua ação teve um resultado produtivo?!
A autora fala bastante de lugar de fala, tanto no começo do livro quanto no final, e desenvolve para termos como lugar de escuta e lugar de dor. Nessa parte ela entra bastante em contradição, mas nem é disso que eu vou falar. Quando retoma esse assunto no final do livro, ela menciona Beauvoir, na clássica frase "Não se nasce mulher, torna-se", uma frase muito significante para o movimento, mas que Tiburi me completa dizendo que de acordo com isso é possível dizer que não se nasce feminista, torna-se, em um contexto de que homens também podem ser feministas. Aí ela me perdeu totalmente.
Teve um trecho que me fez refletir bastante, quando a autora comenta a frase que ficou marcada e até mesmo virou piada nas redes sociais "Bela, recatada e do lar". Ela comenta a questão do contexto em que essa frase surge, e como ela não é meramente uma frase, e tem toda uma questão por trás dela sendo dita, um contexto político e social, principalmente considerando o que aconteceu em 2016, e com a saída de Dilma Rousseff da presidência. Esse trecho eu realmente achei interessante.
Enfim, acredito que existam livros melhores para quem quer começar a ler sobre feminismo. "Porque lutamos?", da Manuela D'Ávila, ou "Sejamos tomas feministas" da Chimamanda Ngozi Adichie" são alguns dos que consigo pensar agora.