Queria Estar Lendo 05/09/2019
Resenha: Um sedutor sem coração
Um sedutor sem coração é o primeiro título da série Os Ravenels, da consagrada autora Lisa Kleypas - e também meu primeiro contato com ela. O romance de época, publicado pela Editora Arqueiro, apresenta personagens bastante carismáticos e uma narrativa conquistadora logo de início.
Na história, acompanhamos Devon Ravenel, que acabou de descobrir que herdou a propriedade rural bastante esquecida por Deus de seu falecido primo. Com ela, além dos problemas financeiros, também aparecem a viúva desse primo e suas três irmãs - Helen, Cassandra e Pandora, agora sob responsabilidade de Devon, uma vez que são jovens solteiras que nunca debutaram. E a primeira, bem... Kathleen não parece ter muita vontade de abandonar a propriedade e as garotas tão cedo.
Em um acordo, ela e Devon aceitam conviver sob o mesmo teto desde que Kathleen o ajude a disciplinar as gêmeas e a cuidar de Helen, enquanto Devon tenta fazer alguma coisa para salvar a propriedade. No meio desse convívio, claro, surgem faíscas de sedução e flertes e de repente os dois se envolvem mais do que em um acordo de interesses.
Lisa Kleypas foi uma das autoras que mais me indicaram quando anunciei que estava apaixonada pela Tessa Dare, então resolvi dar uma chance com essa série porque passei por resenhas positivas suficientes pra ter confiança. E fiquei muito satisfeita por não me arrepender!
A narrativa da autora é cativante logo no começo, do tipo que prende sua atenção e te faz querer continuar lendo sem parar. Lisa tem um jeito encantador e bem humorado de contar essa história - bem no estilo da Tessa Dare, que eu gostei tanto; mais rebuscado e detalhista, e um comentário para o quanto eu amei as informações históricas contidas na história. Detalhes que fazem a trama funcionar ainda mais dentro do período em que se passa. Descrições sobre os acordos financeiros, sobre postura em sociedade, sobre louças e vasos e vestidos, coisas que ajudam a enriquecer a narrativa e torná-la ainda mais verossímil com a época.
Kathleen é uma protagonista durona. Difícil, inclusive. E por isso eu gostei tanto dela. Afundada em seu luto - mas não emocionalmente, uma vez que só ficou casada com o primo de Devon por três dias e mal teve tempo de entendê-lo - ela tenta se portar como a viúva que a sociedade exige, mas as circustâncias (e aqui leia Devon e as três irmãs) complicam tudo. Helen, Cassandra e Pandora parecem determinadas a não deixar que o luto as enclausure mais do que já fez pela família, e Devon... Bem, ele parece determinado a conquistá-la.
Meu maior medo com romances de época sempre reside na parte do romance, porque o trauma de encontrar relacionamentos abusivos e tóxicos com a desculpa de "naquela época era diferente" é grande. Não me importa a época, já foi provado que é possível escrever flertes e sedução sem escrever um babaca escroto abusivo pra cima das mocinhas.
Um sedutor sem coração entra para a lista de livros que o casal foi desenvolvido bem e saudavelmente. Há toda uma postura consensual por trás do envolvimento deles. Devon e Kathleen estão bastante cientes do que causam um no outro, e as investidas entre os dois acontece gradualmente, com aquela coisa de slow burn que de repente vira um fogaréu. Eu gostei bastante de como a sedução virou romance e de como eles estavam obviamente apaixonados, mas a trama obviamente também não iria facilitar nesse quesito.
Até porque Devon, como personagem, é um teimoso cabeça dura muito complicado. Com a desculpa de que o temperamento da família é o que o afasta das pessoas, Devon carrega essa aura devassa para esconder o coração - se passa por um sedutor sem coração quando tem um grandioso e cheio de amor para dar. O famoso "sou sarcástico pra mascarar as emoções."
Além deles, as três irmãs têm seus momentos grandiosos na trama. As garotas são cheias de espírito e personalidade - sendo Helen a mais altruísta e cautelosa e as gêmeas as completas bagunceiras - já deixam um gostinho para o que está por vir. Helen é a protagonista do próximo, e seu envolvimento com o par romântico já deixou um que no ar (preciso confessar que todo o envolvimento deles me deixou primeiramente OWN pra depois um grande e rabugento HMMMMMMM, mas vou dar a Lisa o benefício da dúvida pra ver o que vai rolar...)
O irmão e companheiro de Devon nessa aventura, West, é outro personagem que me ganhou demais. De um alcóolatra perdido na vida para um rapaz ciente do seu papel na família e na propriedade, querendo fazer a coisa certa, ele teve um dos melhores arcos secundários do livro todo.
Se teve alguma coisa para tirar o 0,5 foi um conflito entre a Helen e seu interesse amoroso que me deixou com a pulga atrás da orelha - mas, de novo, o benefício da dúvida está ali por eles de tanto que me falaram do próximo livro. Vamos ver como isso se resolve.
Eu queria muito continuar falando e falando sobre como esse livro me encantou e roubou meu coração, como foi carismático e como o ship me encantou e me fez cair na risada tantas vezes, mas acabo a resenha por aqui para indicar a todo mundo que, assim como eu, ainda não leu romance de época e está procurando onde começar. Tô preparada pra falência que mais uma autora vai me proporcionar.
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