Carous 31/08/2019ChatíssimoObrigada a todos que leram este livro antes de mim, pois suas resenhas apontando os infinitos equívocos do livro me prepararam para não esperar nada da história.
Diferente de muitos leitores, eu nunca fui muito fã desta série. Considero apenas okzinha.
Audrey Rose não é minha protagonista feminina favorita, mas não é das piores - e claro que seu lado feminista precisa aprender muito para eu considerá-la a personagem feminista que a editora tanto vende.
Não consigo suportar Thomas Cresswell por mais que tente; e acho que tanto a parte investigativa e autópsia poderiam ter mais destaque nos enredos.
Por isso que, apesar das críticas, eu não achei que seria penoso ler o livro. A maioria reclamava da lambança que Kerri Maniscalco fez com o casal principal e eu, honestamente, não estava nem aí para eles.
A maioria das críticas advinhas da decepção que tiveram com uma série que tanto amavam e eu nunca senti esse amor.
Mas o buraco era mais embaixo.
Eu só terminei o livro porque fiz leitura dinâmica. Eu não aguentava mais: peguei "Escaping from Houdini" no primeiro dia do mês; a última semana chegou e ainda faltavam 30% para ler. Só não abandonei porque não adivinhei antes quem era o assassino (como ocorreu com os livros anteriores) e não cheguei ao motivo dos assassinatos brutais (embora feliz porque agora a Darkside fez valer o subtítulo que deu à série de Rastro de sangue).
A ironia do livro se chamar "Escaping from Houdini" embora até metade do livro o persoangem tenha apenas sido citado e no resto, quando apareceu e ganhou fala, só mostrou sua irrelevância para p enredo não me incomodou até eu ler os extras do livro em que Kerri explica que os crimes foram baseados num famoso assassino - como em todos os livros da série. Oras, porra, se foi assim, por que ela não fez como Stalking Jack The Ripper e deu o título ao livro de Assassino da Bavária, cacete? E eu aqui pensando que "Escaping from Houdini" era uma homenagem a "O corcunda de Notre Dame". Não era, foi só estratégia de marketing pra pegar bobo (ok, o livro do Victor Hugo também foi, mas pelo menos ESSE é bom)
Audrey Rose nunca foi exemplo de personagem feminista, mas aqui não teve como esconder a hipocrisia dela, sutil nos outros livros. Eis uma personagem que quer ser mais que uma esposa e mãe. Mais do que ter tardes de chá, idas à costureira e comprar tecidos para vestidos. Mas quando sua prima Liza revela que deseja mais do que isso também, ainda que, ao contrário de Audrey ela GOSTE disso, a priminha vem logo com um "pera lá, Liza. Você fica aí cumprindo seu papel de dama da sociedade". Sim, ela tem suas desculpas para ser contra o comportamento da prima e são: ridículas. Audrey Rose pode tentar e falhar, flertar com rapazes e ousar; Liza, não. Liza é muito ingênua, Liza está enganada quanto à índole do namorado (lembrando que Audrey poderia estar também em relação ao Thomas), se Liza tentar e falhar, vai manchar sua reputação na sociedade. Audrey Rose está isenta disso. Está?
Enfim, Audrey Rose precisa comer muito arroz com feijão ainda para ser vendida como feminista, Kerri. E ter uma personagem assim, classificada dessa maneira não ajuda nada o movimento, FYI.
Outro equívoco do livro foi o triângulo amoroso. Eu achei que não ia me importar porque acho o casal Audrey Rose/Thomas mal temperado pacas, mas, santo Deus! Mephispénosaco conseguiu ser mais entendiante que Thomas Cresswell. E seus flertes com Audrey Rose foram ainda mais sem graça do que entre Cresswell e Audrey. Pior: qual a função do mágico chato e inconveniente? Por que Audrey se sentiu atraída por esse mala (resposta: porque ela ama o Thomas e viu semelhanças com o pentelho). Toda vez que ele ou o Thomas falavam eu tinha vontade de gritar "GUARDA PRA VOCÊ" porque eles não diziam nada interessante.
Não bastasse os boys chatos, os boys chatos brigando pela Audrey, o erro enorme que é a existência de Mephispénosaco, ele ainda vem com um acordo PATÉTICO e totalmente contornável que a Audrey tem o displante de achar que: não tem como fugir de dizer sim. Miga, bota a cabeça pra funcionar. "Ó, será que Mephispénosaco estava jogando comigo o tempo todo?", ela ousa se questionar mais adiante no livro. É um grande e óbvio SIM e que você poderia ter se poupado do mico.
Mas, contrariando muitos leitores, eu não acho que Thomas Cresswell merecia mais neste livro. >EU< é que merecia.
Porém tudo estaria bem e seria perdoado se ao menos o desenvolvimento da história fosse bom. Mas por que esperar isso de um livro que sequer tem um enredo consistente? A impressão que tive é que a aurora precisava entregar o manuscrito no prazo e escreveu qualquer coisa e deu pra seu editor. E o editor, tal qual a editora, estavam atarefados demais. Aprovaram o que quer que estivesse naquelas páginas e bola pra frente. Quem pagou fomos nós. E no livro com mais páginas de todos da série (por enquanto) *chora*
Mas simplesmente não faz sentido o quanto Audrey, seu tio e Thomas avançam lentamente na investigação enquanto mulheres são brutalmente assassinadas. O capitão mantém a posição de discrição e não perturbação dos parentes das vítimas, o que é aceitável quando só tem um cadáver, mas depois de 5 TALVEZ o trio de pseudo investigadores deveria desobedecer o capitão. E agilizar as autópsias, a investigação e tal.
Também não faz sentido a calma dos passageiros. Seria ruim a apatia se fossem pobres, mas os ricos e frescos passageiros da primeira classe presos em um navio com um assassino? Não aprendi a voar nessas alturas.
Então a nota final é uma estrela porque eu sinto que não devo nenhuma gentileza à Kerri depois do que passei aqui. Não foi legal, não foi agradável. Não satisfeita, ainda tem um conto que revive a má experiência que tive navegando por esta história. E narrada pelo Thomas Cresswell. Por que você me odeia tanto assim, mulher?
EDIT: Eu sei que a resenha está longa, mas não podia deixar de comentar que, apesar de tantos pontos que me desagradaram, se o livro fosse mais enxuto, se não tivéssemos tantos parágrafos em que Audrey Rose compartilhava o mesmo pensamento escrito de forma diferente e prolixa num monólogo interminável, eu continuaria não gostando do resultado final, mas não acharia tão difícil terminar a leitura. Kerri Maniscalco não estava no seu melhor momento quando começou a trabalhar neste livro. É minha conclusão final