@literatotti 02/05/2021Quem nunca sonhou viver em um filme? Esse talvez seja o maior sonho de Molina, personagem de “O beijo da Mulher Aranha” de Manuel Puig. Molina sonha com filmes e com as grandes musas do cinema a ponto de contar as histórias desses filmes com muita descrição e paixão. Os filmes podem ser uma forma de escapar da realidade, principalmente quando ela é tão cruel. Além disso, eles podem nos oferecer coisas que na vida real podemos não ter, como um grande amor.
Molina é bicha e foi presa por corrupção de menores. Condenação muitas vezes usada na História de maneira arbitrária para prender homossexuais por serem homossexuais, como aconteceu com o escritor Oscar Wilde. Sempre excluída e rejeitada pela sociedade, Molina é sonhadora e romântica. Na prisão Molina conhece Valetin, um preso político e filósofo que foi aprisionado por participar de um grupo revolucionário. Idealista, Valetin é o típico homem criado numa sociedade patriarcal e, por isso, extremamente machista e preconceituoso. Para passar o tempo, Molina conta os filmes que assistiu para Valentin. Filmes que são ponto de fuga e de encontro da realidade para as personagens.
“O Beijo da Mulher Aranha”, publicado em 1976 mais parece um roteiro de um filme. Isso porque não há narrador. Há apenas os diálogos das personagens. Talvez por isso o livro tenha sido adaptado para o cinema em 1985 por Hector Babenco, tornando-se uma referência na época. Na história de Molina e Valentin, a realidade vai se confundindo com as histórias dos filmes, mas, nesta, é Molina a grande protagonista de sua obra prima.
site:
https://www.instagram.com/literatotti/