A Esperança

A Esperança André Malraux




Resenhas - A esperança


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Luiz Pereira Júnior 29/03/2024

Uma antiga canção chamada Brothers in Arms
“A esperança”, de André Malraux, é um livro de guerra. Ou melhor, sobre guerra e, mais especificamente, sobre a Guerra Civil Espanhola. E, para facilitar a compreensão do leitor, transcrevo parte do escrito na orelha do livro:

“Em junho de 1936, o líder da oposição de direita é assassinado na Espanha, deflagrando uma revolta militar liderada pelo nacionalista Francisco Franco. A guerra civil que se seguiu durou três anos, opondo nacionalistas, religiosos e monarquistas, que controlavam o exército e eram apoiados pelos governos da Alemanha e da Itália, e as forças republicanas, que contavam com a polícia e os carabineiros, além de milícias operárias. Os legalistas eram apoiados por União Soviética, Grã-Bretanha, México e França, e principalmente pelas Brigadas Internacionais, formadas por 35 mil voluntários de 50 países.”

Um desses voluntários era o francês André Malraux, que participou ativamente dos combates como observador e como artilheiro e, logo após, viajou aos Estados Unidos para recolher doações para a causa. Ao retornar à Europa, escreveu o livro de que agora falamos, transformado em filme poucos anos depois.

“A esperança” é um retrato fiel da guerra, com a descrição impiedosa e crua do conflito entre compatriotas. Dezenas (talvez centenas) de personagens se cruzam, mas é impossível dizer que são realmente personagens. É mais provável que tenham sido pessoas reais que passaram pela vivência do narrador enquanto participou do conflito, sendo imortalizadas por ele nessas páginas.

Nada é idealizado no livro. Tudo é retratado de forma técnica, tanto por meio de narrações de ações de combate, quanto pelo retrato fiel do enorme sofrimento dos combatentes e dos civis. E é por tal motivo que surgiu a polêmica sobre se o livro poderia ser classificado como romance ou como reportagem. E classifica-se então o livro como um romance-reportagem, ao que parece para conciliar em definitivo tais pontos de vista.

(E eu me lembrei de um dos clipes musicais que mais me marcaram: “Brothers in Arms”, do Dire Straits.)

Vale a pena ler “A Esperança”? Sim, mas não espere heroísmo, idealização ou o pieguismo de certas narrativas que tomam o horror da guerra apenas como pano de fundo para o desenvolvimento (?) de personagens lacrimosos. Se, afinal, o livro já começa nos jogando de paraquedas em meio a um combate em que pouco pode ser entendido, que não dá para saber quem está lutando contra quem e muito menos o que significa o emaranhado de siglas de partidos políticos, de organizações militares e de associações civis, isso demonstra um pouco do enorme horror do que é viver em meio a uma guerra que pode tirar tudo e todos de você, sem nem mesmo ter entrado nela...
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