Justiça Ancilar

Justiça Ancilar Ann Leckie




Resenhas - Justiça Ancilar


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DeBem 01/07/2021

Maravilhoso e Cansativo
Well! Terminei o livro.
A construção do mundo onde ocorre essa "Space Opera" é muito intrigante, muito louco, muito legal, mas a autora usa o que se chama de "Info Damp", que é uma encurtada de informação ou uma inesperada e absoluta explosão exagera de informação sobre esse mundo, o que a meu ver deveria ser colocada em doses homeopaticas.
Há também um excesso de divagação por porte do personagem principal "Breq" com assuntos aleatórios e sem importância alguma, tornando o livro chato e lento.
A estória em si é maravilha, mas o livro não me cativou em nada.
Imagine só uma nave espacial chamada "Justiça de Toren" narrando sua própria história. Está Nave possui 12 corpos, ou 12 auxiliares, o que resultada em uma mente artificial que pode estar em vários lugares só mesmo tempo, em um mundo sem gênero, controlado por um império galático que lembra uma fusão de império romano + imperio egípcio.
Estória complexa e maravilhosa, mas que não me prendeu por ter tido uma construção sem conexão e com muita divagação, muitos personagens e que ocorre no passado e no presente ao mesmo tempo. Não foi divertido, foi cansativo.
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pehlma 10/06/2018

Uma leve decepção com esse livro. Leve pq eu já sabia que quando a expectativa sobe demais normalmente você se arrepende (e até paga caro por isso), já que o livro foi vencedor de todos os prêmios de FC que concorreu.

Pois é, eu não gostei. Não é um livro ruim, ele só é chato (pelo menos num geral, continua lendo que vc vai entender). E isso, pelo menos pra mim, tem uma baita diferença.

Não vou falar sobre o que é a história, confesso que em qualquer outra review por aí se tem acesso a isso, vou aproveitar para falar o que senti durante a leitura.

O livro pra mim conta com falhas graves. Ele é lento demais em grande parte. A primeira metade do livro não é só chata e arrastada, é ruim mesmo. Se trocasse por um resuminho eu ficava mais feliz (e pagando mais barato).
Os personagens não têm carisma nenhum, eu passei o livro quase todo cagando pra todo mundo ali (não tem ninguém marcante).
Falta motivação, o plot é simples demais: A protagonista segue num objetivo irrefreável de vingança mesmo que nem ela lembre mais direito o pq precisa se vingar.

O livro usa também de capítulos alternando entre presente e passado, já falei antes e quem me conhece sabe que não gosto disso. É como se fossem dois livros diferentes condensados em um. A escrita da autora não é nenhum ‘page turner’ ou seja, um capitulo acaba sem te causar nenhum interesse pra ir para o próximo. Na primeira metade do livro (onde rola essa troca de tempo) eu só queria que acabasse logo e ir pro próximo pq estava sim, bem chato.

Acho que o livro foi tão premiado pelas coisas diferentes que ele traz, não é nada pioneiro Ursula K leguin já fez isso antes, mas a abordagem consegue ser original em sua forma.
Um mundo complexo, o fato de não existirem gêneros, IA com vontade própria e quase humanas, que tem corpos biológicos próprios. Tudo isso é bem interessante de certa forma e nada comum.
O que também me prova o seguinte: Assim como o Oscar, prêmio de literatura não quer dizer nada.

Devido a uma escrita sem muito empolgação e arrastada, eu não consegui me apegar ao plot. É como se alguém me mostrasse aquela pintura de 3 bolinhas e tentasse me dizer como a arte é maravilhosa e te faz viajar, coisa bem intelectual mesmo. Na minha mente eu agradeço a tentativa de me apresentar a filosofia por trás da coisa, mas na realidade pra mim ainda são bolinhas no quadro. Acho que dá pra ver que não sou nenhum sueco apreciador de arte.
Como um amigo diz: ainda é só uma pintura que um macaco conseguiria fazer.



Outra coisa que senti falta, é sobre as reflexões que a FC geralmente te causa, eu particularmente não vi isso aqui. Vi conceitos novos, mas nada muito reflexivo. O livro até conta com um ou outro dialogo mais interessante, mas não são nada densos se comparados a grandes nomes da FC por aí. (Existe sim uma crítica a alguns pontos da sociedade, mas como disse, nada tão forte assim)

O universo é de fato rico, novo e muito bem construído, só que ele é bem construído demais. Por momentos lembra a escrita de Tolkien de tão bem detalhado que é. Eu não sou fã dessa perda de ritmo, se você gosta com certeza vai aproveitar mais que eu.

O incomodo é grande. Vontade de largar o livro a todo momento e ir ler algo melhor... Até que chegam as ultimas 40 páginas, AÍ MERMÃO, a coisa realmente muda.
Toda a ação do livro estão nessas 40 páginas finais.

É obvio que não salva o livro todo, mas faz o que precisa para uma trilogia, que é: te deixa querendo mais.
Não sei se tenho coragem de encarar os outros 2 livros, mas a curiosidade fica e é justamente no final que tu compra a briga da galera ali.

Pessoalmente falando eu acho bem complicado um livro de 400pg só te ganhar nos instantes finais. Eu paguei para ver uma história boa completa, certo?

Eu até acho que entendo os prêmios e a galera que elogia demais esse livro (mentira entendo não), mas pra mim a soma de plot + personagens num todo não encaixa tão bem.
Acho que a autora tem um mundo excelente e único, cheio de tramas políticas, mas ainda tem muito a melhorar. Talvez os próximos romances (é uma trilogia), sejam melhores já que não foram premiados.
Resumindo, achei um livro ok, começa mal, continua mal, vai terminando mal e melhora bastante.

Justiça Ancilar - Ann Leckie
Nota: 6/10

site: http://resenhanaestante.blogspot.com/2018/06/resenha-justica-ancilar-ann-leckie.html
Nalí 23/06/2018minha estante
Boa resenha, mas também é engraçado como gosto pode ser diferente! Achei o desenvolvimento do livro muito mais interessante do que a ação do final.


pehlma 01/07/2018minha estante
Isso é bem verdade mesmo Nalí, mas o legal também é isso, mesmo sem concordar em tudo tivemos uma visão parecida.


Isa Gama 26/07/2018minha estante
olha, comprei o ebook esperando O LIVRO. Só li o começo (acho que 3 ou 5%) e tem sido uma decepção. Agora olhei a sua resenha e perdi o chão.... Tô numa fase meio tensa e tava a fim de ler algo empolgante no mínimo e já vi que esse livro não vai ser... Assim não vou desistir, mas já vou pôr a expectativa lá embaixo. Muito obrigada pela resenha! Espero que ao final do livro eu tenha uma opinião um pouco mais positiva que a sua (mas por enquanto, tô achando bem chatinho)




Andre.Rios 23/11/2021

Uma nave tem desejos?
Que história criativa!! Uma IA que controlava uma nave e todos os soldados e tripulantes da mesma agora se vê presa apenas a 1 ponto de vista de um de seus soldados, e a IA agora quer vingança.
Espero q lancem logo os outros da série em português!!
Osmar 28/10/2022minha estante
Caro André. Acho que a editora Aleph não irá continuar a trilogia. As opções para poder seguir com a série são lê-las em outra língua que você saiba, ou que outra editora se interesse.


livrosepixels 24/04/2023minha estante
Osmar, agora que a Aleph se lançou a uma nova fase, com mais obras escritas por mulheres (que convenhamos, está feio pra Aleph mesmo não ter autoras, com tantas autoras boas por ai) eles falaram que vão publicar a continuação




cristian_yuri 10/05/2023

Melhor livro que comprei por 27 dinheiros!
Comprei esse livro de forma aleatória para me distrair dos meus dias...

Confesso que nas primeiras 100 páginas eu fiquei boiando na maioria das vezes, razão disso seria a subversão do gênero no texto que é um dos aspectos mais interessantes do livro e a história alternando em passado e presente a cada capítulo.

Acompanhamos a história de Breq, uma inteligência artificial que - antes era uma grande nave que possuía vários corpos auxiliares e poderia estar em vários lugares ao mesmo tempo, agora sendo apenas um corpo em busca de sua vingança.

Mas... se Breq possuía vários corpos com a mesma consciência, todos esses corpos seriam Breq, então um deles não poderia ser corrompido sem que a consciência principal ou todos os outros percebessem... Não é?

Com uma leitura totalmente envolvente, uma escrita fluída e um universo (personagens, ambientes, culturas) inteligentemente construída, essa space opera com certeza irá encantar todos os fãs de ficção científica.

Me entristece saber que esse livro ainda não tem continuação traduzida.
Lora_Bee 05/01/2024minha estante
Eu fiquei tão chateada pq comprei o livro por 27 reais e depois lançaram a continuação, só que com outro projeto gráfico ?


cristian_yuri 05/01/2024minha estante
Eu comprei por esse mesmo valor e me encontro na mesma situação KKKKKKKK




giovanna | @theuniverse_bookshelf 12/09/2020

Apesar de lento, é de tirar o fôlego
IG: @theuniverse_bookshelf

"Justiça Ancilar", o primeiro livro ultra premiado de uma trilogia de ficção científica, nos conta a história de Breq, que era parte da inteligência artificial que constituía a nave porta-tropas "Justiça de Toren", comandando e controlando milhares de soldadas nos processos de anexação do Radch, o império que domina a galáxia. No entanto, acontecimentos de cunho político destruíram tudo o que Breq conhecia, e agora resta a ela, em um único corpo humano e acompanhada de Seivarden, um ser que há mais de mil anos perdeu sua nave e teve sua vida basicamente destruída, colocar em ação seu plano de vingança contra a Senhora do Radch, a soberana da galáxia que habita vários corpos e é praticamente imortal.

A narrativa, até o clímax do livro, intercala capítulos no presente e no passado, permitindo ao leitor ir entendendo aos poucos tudo o que aconteceu e as motivações atuais da protagonista. É um recurso que eu gosto muito, mas que desagrada muitas pessoas.

Um outro aspecto muito comentado sobre este livro é o fato de que ele é todo flexionado no feminino (com algumas exceções que são explicadas em nota do editor ao início), uma vez que as radchaai não fazem distinção de gênero. Apesar de na narrativa em si não haver reflexões sobre esse assunto (e de parecer estranho principalmente para nós que falamos a língua portuguesa, que apresenta uma diferença significativa na flexão de gênero das palavras), ao final da leitura é fácil de perceber que, de fato, a distinção entre feminino e masculino de nada importa.

"Justiça Ancilar" prendeu minha atenção desde o começo, mas só para a metade os capítulos começaram a ficar mais interessantes. Isto porque, até +/- a página 150, a narrativa é relativamente lenta; sabemos dos planos da protagonista por causa da sinopse, mas nada até então foi revelado no livro, não dá para saber exatamente aonde a autora quer chegar com o que está nos contando. Além disso, ela vai usando palavras e nomes e afins desconhecidos para o leitor sem dar maiores explicações; vamos lendo com um ponto de interrogação na cara até que os termos começam a se assentar. Estes dois aspectos - a lentidão e os muitos termos inexplicados - foram duas das maiores críticas a esse livro nas resenhas que vi aqui no Skoob, mas para mim foi justamente o que me intrigou a continuar, porque é perceptível o quão bem criado e complexo o universo dessa história é e como provavelmente a clareza viria com o decorrer da leitura.

Outro ponto é que a autora descreve muuuito os cenários, mais ou menos como eu imagino que seja a escrita do Tolkien, mas achei que a descrição física das personagens - ou das "raças", por falta de termo melhor - deixou a desejar, afinal, não conhecemos nada de radchaai, presger, garseddai etc. E por mais que muitas coisas tenham se esclarecido com o passar das páginas, algumas outras ainda me deixaram confusa e curiosa, porque não foram aprofundadas.

Minha grande ressalva, entretanto, é de que a motivação de Breq em seu plano de vingança não me pareceu muito bem justificada, considerando que o grande acontecimento em si que deflagra os problemas que vão culminar na vingança é que é mind-blowing, algo que eu nunca tinha visto em nenhuma obra de ficção científica.

Particularmente, é um livro que eu acho que demanda releitura, e apesar de ter levantado aqui os pontos que considerei mais críticos, achei a obra sensacional! Como ele não teve uma recepção tão positiva no Brasil, ao que parece a Aleph não publicará as continuações, uma pena!

4⭐
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DryBooks 08/04/2021

Disclaimer: I'm a dumb bitch!
Oq dizer sobre um livro q me fez recinhecer minha própria burrice?
Definitivamente ele não foi escrito pra mim.
Tipo, eu gosto de me relacionar com um personagem, entender ele pra então seguir a história. Mas e dificil pra mim me relacionar com a personagem principal aki pq ela (ou ele... acabou q eu nunca fiquei sabendo qual dos dois) é uma entidade eletrônica q esta num corpo humano, mas costumava ter varios corpos.... e confuso.

Eu gostei q esse livro poderia ter contido ZERO emoção humana, como mtos scifi gosta de fazer, mas a autora escolheu colocar alguns laços emocionais nele. Oq e bom pq do contrario eu nao seria capaz de terminar

Mas ainda foi mto pouco pra mim. Eu achei todas as teorias de um futuro imperio conquistador no espaço bem divertidas, mas a exploração de ciência impossivel não é mto a minha vibe at all.

Provavelmente lerei mais um livro da trilogia pra ver se agora q eu tenho alguma noção do q ta acontecendo eu me divirto mais.
Stay tuned.
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P. 26/12/2021

Essa space opera trabalha com tantos tropos clássicos de sci-fi de forma inovadora que é absolutamente essencial sua leitura se você gosta do gênero. Acho que grande parte dos reviews negativos aqui se dão, na verdade, pela falta de contato prévio com mídias que lidam com os temas de IA, Super-Impérios, clonagem (e os problemas de identidade a partir disso) e afins, e isso acaba tornando a leitura muito mais confusa do que deveria.
Longe de cair no clichê, a cultura do Império Radch não evoca aquela imagem de pura limpeza e estética da apple que se repete muitas vezes; é orgânico, seja pelos "soldados-cadáveres", o chá, as luvas e intrigas palacianas entre as casas de diferentes status. O gênero, religião e linguagem são abordados de forma muito bem pensada, e ressaltam mais ainda a narrativa pluricultural que se desenvolve num universo expandido dessa forma.
É, entretanto, um livro em grande parte muito sóbrio, devido à sua própria narradora, mas as nuances e características de todas as personagens estão sempre presentes e criam uma teia de relações muito interessante de acompanhar. O ritmo do início do livro é quase cinematográfico, e as mudanças de ponto de vista temporal geram uma espécie de quebra cabeças sendo montado na sua frente enquanto você lê.
Recomendo muito especificamente pra quem curte divagar no pensamento sobre consciência de IAs, humanidade e identidade.
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Moringan 05/01/2024

"Meu coração era um peixe"
Esse livro é realmente intrigante.
Por vezes, sua complexidade pode parecer desconcertante; nada parece fazer sentido, mas sua construção meticulosa revela conexões significativas entre os eventos a medida que a leitura avança.
Conexões essas que te deixam embasbacado, a surpresa é sorrateira e te pega desprevenido. Às vezes, em apenas uma linha.

Nada é intuitivo e o grau de dificuldade em tentar prever os acontecimentos é alto. Logo, você se vê no meio da intriga, tentando compreender o que está acontecendo e o mais importante, em busca da verdade.

As ameaças, intrigas contrárias e traições infestam o império Radch.
Como lutar contra si mesmo? Contra a própria consciência? Como destruir a soberana da galáxia quando ela habita vários corpos e é praticamente imortal?
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Janaina 29/10/2022

Em 1° lugar, fora, Bozo!
Esse foi o livro que escolhi para tentar me distrair dessa última semana de 2° turno e manter a minha sanidade.
Foi um leitura difícil de acompanhar, pela própria estrutura da estória, suas idas e vindas no tempo, mas tbm pelo aspecto do gênero usado, o que era exatamente o que eu precisava nesse momento.
Achei a subversão do gênero no texto uma das coisas mais interessantes que já li recentemente, mas não só. A autora aborda temas como consciência e luta de classes, meritocracia e organização social de uma maneira bastante original.
Recomendo.
Helô Kleine 17/09/2023minha estante
Obrigada pela resenha!! Por conta dela resolvi ler o livro! ?




GuruNeko 14/03/2021

Depois que engrena...uau!
Confesso que me interessei em ler Justiça Ancilar por conta do fuzz ao redor da obra. Afinal, o livro de estreia de uma autora ganhar logo um Nebula não é pra qualquer um. Quando iniciei a leitura, fiquei bem confusa. Afinal, nossa mente está condicionada a diferenciação de gêneros, coisa que a narradora (personagem principal) ignora completamente. Depois de algum tempo, consegui acompanhar e me adaptar. Mas, o estilo narrativo me fez refletir sobre meus próprios pré-conceitos. Digo isso porque era automático visualizar um homem quando a narradora descrevia um indivíduo impetuoso. E imaginar uma mulher quando o indivíduo era descrito como frágil. Isso me fez pensar no quão longe ainda estou de atingir um pensamento de fato igualitário 😢
Enfim, a história é muito boa e bem amarrada. Mas a principal razão pela qual recomendo essa leitura é justamente a autoreflexão que ela propõe aos leitores.
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Wenceslau 02/02/2024

A forma como Ann Leckie escreve é complexa e cheia de detalhes ricos focados no diálogo e na forma como trata a linguagem. Algo que, por vezes, faz falta na maioria das obras contemporâneas. O enredo se dá pelo uso de uma.logica política interna que vai sendo desvelada ao longo da narrativa. A preocupação com os detalhes e comentários sobre cada cultura pela ótica da Justiça de Toren nos fazem querer conhecer cada um dos lugares pelos quais a narrativa passa e descreve. O final aberto para o próximo livro é de um tom poético filosófico que perpassa todo o livro.
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Carol Nery 24/09/2018

Sci-fi que me gerou empatia
“- Temos um ditado no lugar de onde eu venho: poder não pede permissão nem perdão”.

A resenha hoje é sobre o romance de estreia da autora americana Ann Leckie, lançado nos Estados Unidos em 2013, e ganhador de diversos prêmios da literatura fantástica, como o Hugo e o Nebula. Por meio de sua inventividade e ousadia, Justiça Ancilar também foi indicado para vários outros prêmios da ficção científica. Mas, antes de chegarmos nessa história, gostaria de explicar um subgênero da ficção científica de forma muito sucinta, o qual essa obra se enquadra.
Justiça Ancilar é uma Space Opera, ou seja, uma aventura espacial fantástica. Fãs de sci-fi costumam considerar esse subgênero um dos mais empolgantes, tanto quando se trata de literatura, quanto de cinema ou televisão. Em 1941, quando o termo foi cunhado ficou conhecido de forma pejorativa, hoje, não mais. Geralmente os protagonistas são quase que invencíveis, existem sempre grandes naves e frotas envolvidas, batalhas espaciais épicas, relacionamento (físico e/ou amoroso) entre alienígenas, e esse frenesi todo. As aventuras e personagens continuam sendo marcantes, e a fama do estilo além de melhorar muito no decorrer dos anos, cresceu vertiginosamente.
E tendo noção desse clima é que iremos conhecer mais sobre o primeiro livro da Trilogia Império Radch que se passa em um remoto planeta gelado, nessa história com elementos de ficção científica e enredo de um bom thriller. Breq (ou Um Esk) é nossa narradora e protagonista, é um acessório singular, uma ancilar, e ela está prestes a concluir seus planos de vingança. Era parte do império que domina a galáxia – ela foi conhecida como a nave Justiça de Toren (uma porta-tropas gigantesca com uma única inteligência artificial que habitava e controlava o corpo de milhares de soldados). Através de um ato de traição, tudo o que Breq conhecia foi devastado. Agora só lhe resta um único e frágil organismo humano para enfrentar o império.

“As radchaaid não ligam muito para gênero, e a língua que falam – minha própria primeira língua – não marca gênero de forma nenhuma.”

Através uma nota da editora logo no início do livro, somos informados a respeito da forma como os gêneros para definição de personagem masculino ou feminino serão utilizados ao longo da narrativa, e através dessa informação se pode perceber como a linguagem foi usada de forma complexa, o que veio a enriquecer mais ainda esta obra. O idioma que Breq utiliza, como membro do Império Radch, não possui pronomes com gênero definido. A escolha da autora foi escrever sua história flexionando as palavras para o gênero feminino, mas essa forma de escrita ficou mais evidente após a tradução para o português. Acabamos tendo a impressão das personagens sendo como uma massa homogênea, e desprovida de traços definido-res. Se a autora não definir e anunciar o gênero das personagens, o leitor não tem como o saber.
O tradutor em diversas situações utiliza o “ela”, mas isso não significa a especificação do gênero da personagem, mas a forma como seria dito em radchaai. Apesar de que quando utilizando outras línguas no decorrer da narração, poderá ter-se referência a personagens com pronomes masculinos. Parece complicado, mas a gente se acostuma...
Após essas pontuações, vamos conhecer melhor Justiça de Toren, uma Nave do Império Radch que possui sua consciência dividida em várias ancilares, que por definição, seria uma Inteligência Artificial instalada em corpos humanos. Ao passar das páginas descobrimos que a Nave desapareceu há vários anos atrás, e os motivos serão revelados aos poucos, uma vez que os capítulos (até mais da metade do livro) são divididos entre tempo presente e passado, sendo o tempo passado 19 anos antes da data atual. E o único corpo restante da Justiça de Toren é de nossa narradora Breq, que chega até nós viajando por paisagens inóspitas e muito hostis.
Logo no primeiro parágrafo Breq faz o resgate de Seivarden Vendaai, uma antiga oficial da Nave, uma jovem tenente que foi promovida. Todos pensavam que ela havia sido morta há mais de mil anos, mas Breq a reconheceu em meio à desolação de um clima de 15° C e grandes quantidades de machucados e hematomas. Embora Seivarden nunca tenha sido uma das oficiais preferidas de Breq, a ancilar ainda assim cuida dela e a leva consigo. O motivo de Breq estar nessa peregrinação e o que está procurando, logo será desvendado.
Realmente são muitas informações que recebemos a todo instante, e invariavelmente é necessário retornar a algum parágrafo para melhor compreender o que está acontecendo. O universo criado pela autora é muito bem desenvolvido e abundante em segmentos. Caso ache necessário, faça anotações ou cole post-it para conseguir demarcar os acontecimentos, as nomenclaturas criativas e desconhecidas, bem como diferenciar as demais personagens e suas referidas funções dentro do Império.

“- Se você está disposta a fazer isso por alguém que odeia, o que faria por alguém que ama?”

Para que possamos entender e gostar do estilo de escrita de Leckie, precisamos perceber e tentar visualizar os aspectos religiosos, sociais e políticos do Império Radch; um povo que se divide de forma parecida a de um sistema de castas. O poder é dividido conforme as casas, e os fatores hereditários tem peso nessa hierarquia. Mas, existe um poder maior ao qual o Império obedece e teme.
Anaander Mianaai possui muitos, mas muitos corpos mesmo – compartilhados por uma mesma consciência, e é a líder máxima do Império Rach. Nos capítulos que ficamos conhecendo os acontecimentos do passado, percebemos que Anaander Miannai tem uma situação problemática com a tenente Awn – essa, uma das oficiais de preferência da Nave. E no desenrolar da relação entre Miannai, Awn e a Nave é que a história não mais se divide, e é narrada como tempo presente, onde Breq continua sua busca por justiça, ao lado de Seivarden.
Quando descobrimos o real plano de Um Esk – que tem a ver com uma conspiração intergaláctica – ficamos atônitos e com a certeza de que será uma missão impossível. Breq tenciona matar a senhora do Radch, mas como a líder possuí inúmeros corpos, não interessa quando um deles é assassinado. E é esse desdobrar de acontecimentos que faz a terceira parte do livro, a final, ser tão empolgante e frenética. Conseguimos criar expectativas com o plano de Breq e nos envolvemos com a esperança de uma luta bem sucedida. Mas isso se dá por termos vivenciado com a Um Esk os acontecimentos do passado, e que justificam a vingança do futuro.
Se você gosta de ficção científica, protagonismo e inovação, o universo que Leckie criou irá atender seus critérios. A ideia de ancilares, que nada mais é do que corpos humanos mortos modificados para receber uma inteligência artificial e ser conectados à Nave, fez minha mente explodir! É uma leitura que exige dedicação e concentração, mas que vale a pena quando você consegue enxergar quão rica e elaborada é a história.

“Pensamentos que levam à ação podem ser perigosos. Pensamentos que não levam à ação significam menos que nada.”

A edição da editora Aleph é em brochura, com 384 páginas, edição com orelhas, papel pólen e o tamanho da fonte é muito confortável, e com uma formatação simples e sem muito detalhes. A ilustração da capa nos remete o clima da história, auxiliando na criação imaginativa do leitor. A revisão está muito boa, o trabalho do tradutor deve ter sido muito trabalhoso e divertido, mas também está ótimo. A editora também disponibilizou um infográfico que destrincha os elementos contidos nessa trilogia, e que auxiliam muito na compreensão dessa ficção científica: https://medium.com/@editoraaleph/infográfico-justiça-ancilar-1767a163735d
Eu atribui a nota de 4 estrelas em 5, e aguardo ansiosamente a publicação dos próximos livros, que já saíram lá no exterior. Uma das coisas que me fez me envolver com o enredo proposto por Leckie foi a ideia inovadora da autora de dar identidade, personalidade, e independência a uma ancilar dotada de Inteligência Artificial. Foi a forma de construirmos um vínculo com a protagonista, onde os anseios da mesma tornam-se desejáveis a nós leitores. Após as primeiras 100 páginas o ritmo da leitura fica intenso, e me apeguei à Breq e sua causa. Gostei muito da construção de tudo que pode vir a ser a Trilogia Império Radch, e super recomendo àqueles que curtem Space Opera.

“- Engraçado – disse a Misericórdia de Kalr. – Você é o que eu perdi, e eu sou o que você perdeu.”

Ann Leckie é uma autora e editora de ficção científica e fantasia. Estreou com o romance Justiça Ancilar, vencedor de diversos prêmios na categoria sci-fi. Nasceu dia 02 de março de 1966 em Ohio, Estados unidos. Tem diversos contos publicados, outro romance além da Trilogia Império Radch, e muitos prêmios conquistados.


site: http://www.coisasdemineira.com/2018/09/resenha-justica-ancilar-ann-leckie.html?showComment=1537461484229#c5056440031908658187
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Bombinha ð 18/07/2020

PEDRA DE GELO
Pelos prêmios cumulados, o leitor de F. C. fica em um desespero manicomial para ler uma obra dessa, massss....

Legal ? - > O Universo criado pela autora e os pontos de vista abordados pela protagonista que é uma nave I. A. que se estende por diversas ancilares.

Porre ? - > A história é cansativa e não anda, a protagonista busca vingança por algo que não convence nem a ela mesma e os capítulos se revezam no passado e presente sem fazer a gente arrancar as unhas pra saber o futuro.

Lembrando que é o primeiro livro da autora, talento tem, só dar uma aperfeiçoada que voa....
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Brendo4 12/11/2023

Supere o começo do livro e leia o melhor Sci-Fi de 2023
Essa resenha não vai focar em aspectos do livro, mas sim numa recomendação geral para quem pensa em começar a lê-lo ou esteja começando.

É importante primeiro destacar aquilo que pode desagradar você ao ler este livro, eventualmente até fazendo com que abandone a leitura e perca o livro de ficção científica mais criativo de 2023:

A trama acompanha os membros do Império Radch, uma força intergaláctica que existe a base de expansão e anexação de mundos ao seu redor. Nesse império, seu idioma não faz distinção de gênero referindo-se a todas no que seria a forma feminina (quando traduzido para outros idiomas). Como nós, leitores, não estamos lendo o livro em radch, a autora brinca com a tradução para o inglês (no nosso caso, o português) de modo que todos os pronomes são femininos.

É bem óbvio o quê a autora quis indicar, marcando algumas vezes, na perspectiva da protagonista-narradora, que a preocupação com o gênero dos interlocutores era uma preocupação desnecessária que, ainda bem, o Radch tinha superado. Isso faz referência a uma discussão que hoje nos EUA está bem mais adiantada, acerca de pronomes e linguagem de gênero neutro.

Assim, quando a protagonista fala no que seria o idioma radch, toda as referências são em feminino. Para nós, leitores em português, isso pode soar como um obstáculo para a imersão no livro (para mim foi), afinal, ler um livro é observar uma sucessão de palavras que vão formando imagens em nossa mente. Referir-se a personagens no feminino para depois, em outro momento, descobrirmos que era masculino, pode causar estranheza e de algum modo atrapalhar nossa imersão no universo do livro.

O segundo problema é a narradora. Isso talvez seja o maior salto de criatividade do livro, uma vez que a protagonista nada mais é que uma Inteligência Artificial que, antes, administrava uma Nave (estruturas que desempenham um papel muito importante na dinâmica do Império Radch, onde a história se passa).

Então, por estar em vários lugares, ter vários corpos, olhos e bocas, acompanhar a narração por esse ponto de vista (no começo do livro, apenas) pode ser confuso e nos fazer voltar algumas vezes para entender que o quê estava acontecendo eram duas cenas diferentes.
Em terceiro, tem-se que, pelo menos, no primeiro terço do livro a autora não está nada interessada em explicar nada, então só vai despejando uma enorme quantidade de nomes e informações que você pode ficar ?o que éééééé, senhoraaa????

Mas superado isso, do meio para o fim do livro, quando compreende a dinâmica geral e o que está acontecendo exatamente, você se pega diante de um livro genial, inovador, sem medo de experimentar e lidar com conceitos de ficção científica ainda pouco abordados.

As últimas páginas do livro indicam que é o começo de uma saga, embora o livro possa funcionar como uma história só (pelo menos para mim).

Recomendo demais, ressaltando que talvez seja necessário certa força de vontade para passar dos primeiros capítulos.
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