Lugares Distantes

Lugares Distantes Andrew Solomon




Resenhas -


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Kethlyn 06/01/2024

Só sei que não sei
É um bom livro mas que eu não consigo definir - dar uma nota difícil. Isso porque tinham capítulos que eu queria grifar ele todo e emoldurar e tinha capítulos que eu queria ler pulando e que não conversavam em nada comigo. Mas não há dúvidas sobre a escrita dele ser tão boa e dos relatos tão instigantes e reflexivos!!
comentários(0)comente



Suzanie 07/12/2021

Lugares distantes, mas nem tanto?
Iniciei a leitura desse livro imaginando uma divertida empreitada com a mistura da narrativa fluida de Solomon e de amenidades de viagens, o que certamente me proporcionaria bons momentos, como apreciadora de uma boa viagem.

Surpreendentemente, me vi cercada de muita história geral, mergulhando em conhecimento bem estruturado através de vivências e reflexões das quais o autor nos convida a participar.

Da ação de transitar pelo mundo para o entendimento de que trata-se de um ato político - essa ponte foi o que, semi-consciente, sempre me motivou a vagar por aí - e cuja expressão consciente essa obra tem o mérito de trazer à tona.

Ilustro um pouco do raciocínio que, a meu ver, subjaz à construção do livro por meio desses trechos pinçados do posfácio:

?O tipo de tirania contra o qual muitos dos povos aqui mencionados lutaram ? Afeganistão, Líbia, Rússia, África do Sul, Camboja, Ruanda e muitos outros ? agora ameaça partes do mundo nas quais isso parecia impensável. Suas histórias são prova de que resistência e coragem podem ser aprendidas, e assim deve ser. Se pretendemos sobreviver à autocracia que floresce no Ocidente, devemos estudar a história recente dos países castigados e ouvir as pessoas que dentro desses países defenderam a liberdade, apesar da perseguição implacável.
Alexander von Humboldt, o grande naturalista do século XIX, disse: ?Não há visão de mundo tão perigosa quanto a daqueles que não viram o mundo?. Cada vez mais, as reviravoltas políticas recentes vêm depositando o poder em mãos de pessoas que abertamente se abstêm de ver o mundo, incluindo aqueles que viajam sem ver?.

?Mas o internacionalismo não é um projeto de caridade pensado para salvar hordas sujas no estrangeiro; é o reconhecimento pragmático de que o destino das nações tornou-se cada vez mais inexoravelmente entrelaçado e que a exclusão atinge os exclusores tanto quanto os excluídos. No mundo globalizado, nem a Grã-Bretanha é uma ilha, completa em si mesma.?

?A identificação com um grupo, seja de esquerda ou de direita, não é desculpa para a falta de compaixão para com os que estão fora do grupo. Mas a solução não é o abandono da identidade; é ampliá-la e torná-la inclusiva, deixando que as pessoas definam as particularidades de seus relacionamentos. Enquanto as identidades individuais podem ser extremamente específicas, a autorrealização radicada na política identitária é praticamente universal. Todas as identidades se enriquecem com contatos externos ao grupo.
O ?Ulysses? de Tennyson diz: ?Sou uma parte de tudo que conheci?. Tudo que ele conheceu era parte dele também; Tennyson sabia que cruzar fronteiras constitui uma língua. E está se tornando uma língua ameaçada de extinção.?

?Continuar chocado [referindo-se à Era Trump] exige que você resista à dessensibilização provocada pela repetição. Tem a ver com a capacidade de permanecer alerta ao valor da conectividade, e não assumir o que Sebastian Haffner, em seu memorial de Hitler, chamou de ?transe hipnótico em que seu público embarca, sucumbindo com resistência cada vez menor aos atrativos da depravação e ao êxtase do mal?. Escrevi nestas páginas a respeito de viagens que fiz para entender a depressão, mas na verdade viajar é o oposto de depressão. A depressão é um enroscar-se para dentro, e viajar é abrir-se para fora. Assistir a um mundo global é um meio de fazer um mundo global?.

Amo o texto e visão de mundo de Solomon e me sinto privilegiada por ter chegado a essa narrativa, favoritada!
Débora 08/12/2021minha estante
Suzani, sua resenha me fez querer ler esse livro urgentemente! Amei!?


Suzanie 08/12/2021minha estante
Que legal Debora! Vale muito a pena embarcar nessa leitura!?




Victor Hugo 10/05/2020

Comecei pelo Rio, que bem conheço, mas o olhar do cara e os entrevistados eram tão típicos de gringo que nunca mais consegui confiar.
Sem contar que muitas vezes ele usa artigos de pesquisadores gringos pra falar sobre um país ou cidade, ao invés de locais. Aí tu me complica, né...
comentários(0)comente



Bruno Garcia 21/10/2019

Assistir a um mundo global é um meio de fazer um mundo global
Existem aqueles que viajam para relaxar ou turistar; trabalhar ou estudar; explorar ou se aventurar; se descobrir ou adquirir conhecimento; amar ou fazer amigos; ajudar ou ampliar visões de mundo.

O renomado cronista Andrew Solomon (O Demônio do Meio-Dia; Longe da Árvore) viaja para dar coragem ao garotinho assustado que foi na infância. Americano de família judia criado em Nova Iorque se tornou cidadão do mundo ao escrever para as revistas The New York Times e Travel + Leisure conhecendo 83 países de maneiras diferentes, da Antártida a China entre culturas ocidentais e orientais.

O contato com artistas e ativistas; ex-prisioneiros políticos e vítimas de guerra, xamãs e monges; junto a experiências marcantes em sociedades populosas até as tribos mais remotas são compiladas e revisadas na coletânea de ensaios "Lugares Distantes: Como viajar pode mudar o mundo".

Seus relatos e andanças não programados de lugares específicos em momentos específicos da história contemporânea demonstra como países e governos podem ser alterados por indivíduos. Ler sobre cada transformação social ou hábitos que esclarecem comportamentos culturais tão diferentes dos nossos pelas palavras de Solomon é viajar sem sair do lugar. Nos conectando aos olhos e sentimentos de pessoas comuns em lugares extraordinários através de uma escrita que demonstra compaixão genuína.

Se crônicas dedicadas a arte "moderna" chinesa ou restrições a liberdade expressionista russa podem parecer enfadonhas e uma leitura pesada, são fascinantes: o contato com aldeia na Indonésia onde a surdez congênita formou cultura não excludente e formas de comunicação; bem como um tratamento anti depressão nada convencional "nu, coberto de sangue e tomando uma coca-cola" no Senegal.

As dolorosas marcas de guerras civis em Ruanda, Camboja, Líbia e Mianmar são abordadas escutando vozes que se ergueram, como Aung San Suu Kyi, e respeitando os que se calaram. Nessa temática, a visita ao Afeganistão em 2002 após o atentado de 11 de Setembro constata entre as ruínas de Cabul causadas pelos bombardeios do Talibã, uma surpreendente comunidade artística exuberante e otimista.

Locais que buscam a paz como o Rio de Janeiro, visitado em 2011 e 2014, na "onda de esperança" pós pacificação de favelas e pré Copa do Mundo e Olimpíadas. O autor faz retrato profundo e preciso das mazelas sociais entre a pista e o morro. O cotidiano carioca de violência em que "balas perdidas" matam de crianças a vereadoras. Tristemente os "jogos da exclusão" continuam na cidade maravilhosa.

A abertura social da China é constatada ao fazer tour gastronômico décadas após a primeira viagem. A sofisticação na cultura culinária tem contraponto na poluição do solo e água fazendo que alguns produtos alimentícios sejam prejudicados; aumentando fast-foods ocidentais, alimentos processados e obesidade.

Essa globalização é observada em outros destinos, como: a Zâmbia que virou concorrido destino turístico; o litoral turco na costa leste do Mediterrâneo; o nomadismo e comunismo que diminui na Mongólia. Por fim, uma tripulação "Torre de Babel" frustrada rumo as geleiras da Antártida e uma situação limite vivida na Austrália mostram que viajar também é enfrentar o inesperado... e sobreviver.

Um livro atemporal que pode ser lido fora de ordem, pausadamente e levado na mochila inspirando um olhar curioso e empático sobre o mundo próximo e lugares distantes. Pois viajar é abrir-se para fora.

"Assistir a um mundo global é um meio de fazer um mundo global. O internacionalismo é complicado e confuso, fonte de conflito tanto quanto de paz, mas ao viajar e receber viajantes estaremos favorecendo a justiça. Acreditando que não podemos ser cidadãos do mundo, perderemos o mundo do qual poderíamos ter sido cidadãos."

site: http://iradex.net/18563/lugares-distantes-andrew-solomon/
comentários(0)comente



Lauz 24/03/2018

relato de alteridade
Lugares Distantes é um grande livro, como todos os outros do Solomon, sobre pessoas e, nesse caso, sobre lugares. É obrigatoriedade de leitura para quem ama viajar! Ele trabalha a ideia de alteridade através de viagens a lugares distintos, e como isso muda a nossa percepção do outro e de nós mesmos.
Para quem é fã do Solomon, ele nos agraciou com mais uma leitura deliciosa.
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR