Soldados, comerciantes, colonos e índios

Soldados, comerciantes, colonos e índios Mauro Vianna Barreto




Resenhas - Soldados, comerciantes, colonos e índios


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Gabriel Paixão 30/12/2018

Surpreendente
O livro trás descrições de conflitos e personagens que existiram no Norte do Brasil no seculo XVII e que poderiam virar series, novelas, filmes e romances.
Muito interessante.
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><'',º> 14/04/2019

Depois de refazer os passos do escritor Inglês de Souza na Amazônia, por meio de uma leitura socioantropológica, e de escrever uma introdução à Arqueologia no contexto amazônico, com base nos impactos causados pela ação humana, o historiador Mauro Vianna Barreto, professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFPA, publica seu terceiro livro, Soldados, comerciantes, colonos e índios: A disputa europeia pela foz do Amazonas (1616-1647), desta vez, analisando a disputa entre potências colonialistas da Europa pela ocupação da foz do rio Amazonas durante as três primeiras décadas de fundação da, hoje, quatrocentona Belém do Pará.

Antes de mais nada, convém alertar que o livro não se insere no conjunto de obras que tratam exclusivamente de Belém, publicadas no rastro das homenagens pelos 400 anos. A antiga cidade do Pará está presente no texto com a construção do Forte do Presépio, a abertura das primeiras ruas, as casas de madeira e palha que abrigaram os primeiros moradores, entre outros aspectos. Mas a cidade é quase uma coadjuvante no contexto geral da obra. Dela, o autor destaca o significado da fundação no processo de luta pelo domínio do grande rio.

Da leitura de Soldados, comerciantes, colonos e índios depreende-se que a fundação de Belém, em 1616, foi apenas o primeiro ato dos portugueses na disputa que travariam contra piratas, corsários, comerciantes e aventureiros franceses, ingleses, holandeses, irlandeses pelo controle da foz do Amazonas, nas três décadas seguintes. Pela enorme boca do rio, na fronteira da Guiana Francesa e do atual Estado do Amapá, os aventureiros vislumbravam acessar o interior da Amazônia, em busca das riquezas, e estabelecer bases de comércio e povoação na abandonada região, legalmente pertencente, pelo Tratado de Tordesilhas, à Coroa espanhola.

A partilha das terras ao sul do Equador, entre Espanha e Portugal, nunca foi bem aceita pelos anglo-irlandeses e batavos. Embarcações carregadas de produtos das colônias espanhola e portuguesa eram alvos frequentes da ação dos corsários estrangeiros. Em pleno contexto da expansão marítima e comercial no Ocidente, guiados pela sede de riqueza, eles lançaram-se ao mar, estabeleceram rotas de contrabando nas Antilhas, desceram até a região fronteiriça entre Guiana e Amapá, adentraram a Amazônia pela grande embocadura do Amazonas, até chegar à imensa floresta ao Norte do Brasil. A primeira colônia inglesa na Amazônia data de 1609, três anos antes de os portugueses fundarem Belém.

Seguindo a rota do rio, ingleses, holandeses, irlandeses e também os zelandeses, nem sempre com apoio de seus reinos, fundaram colônias, ergueram fortificações, fizeram benfeitorias, sem se descuidar de manter uma relação amistosa com os indígenas, de quem dependiam para avançar por rios e matas e de quem adquiriam, principalmente, o fumo, produto de alto valor no mercado europeu, trocado por produtos manufaturados. Os portugueses logo perceberam a importância estratégica do rio Amazonas. O primeiro embate dos lusos aconteceu no Maranhão, com a expulsão dos franceses. Em seguida, fundaram Belém, de onde partiram para expulsar os invasores.

Os ataques portugueses às fortificações podiam ser diretos ou por meio de cercos, com objetivo de sitiar os invasores, deixando-os sem contato com o rio, por onde podiam chegar navios com reforço militar e alimentos. Tanto o ataque quanto a defesa utilizavam os indígenas que conseguiam aliciar para as suas hostes. Os portugueses atacavam não só as fortificações mas também as aldeias próximas delas. Os índios, que formavam a grande maioria dos soldados arregimentados pelas forças beligerantes, foram as maiores vítimas das lutas pela ocupação da Amazônia. E, neste capítulo, assoma a figura de Bento Tenreiro Aranha, o cruel capitão exterminador de índios amazônicos.

Como observa Mauro Vianna Barreto, os portugueses assenhorearam-se do imenso Vale do Amazonas não sem a complacência da Coroa ibérica. A Espanha isentou-se do ônus de expulsar os inimigos europeus de uma área remota, em que não tinham condições imediatas de intervir. Portugal deu carta branca para seus colonos ultrapassarem a fronteira de Tordesilhas a fim de expelirem os invasores, expandindo seus limites territoriais com a anexação das posições tomadas no Delta amazônico.

A obra é uma síntese de fácil leitura, indicada para professores e estudantes de História de todos os níveis de ensino, assim como para o público em geral.

Fonte:

site: www.jornalbeiradorio.ufpa.br/novo/index.php/resenha
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