Resenhas - Pobre Liza

Bárbara 14/03/2020

A história é simples e previsível: mocinho rico se apaixona por mocinha pobre. Mas, ao mesmo tempo, esse conto é a primeira obra literária a retratar a Russia, como seus cenários campestres e suas relações engessadas e desiguais entre nobres e camponeses.

Jardim de histórias 23/12/2022

Uma leitura curta que fala sobre a inocência e a exploração deste estado, que aborda a desilusão como resultado da ingenuidade e suas consequências. Uma verdadeira tragédia russa contrastada pela ótica poética contada por Karamzin! A verdadeira prosa clássica russa repleta de suas peculiaridades. 

Carla.Floores 20/01/2024

Cinco centímetros por segundo
O narrador (que não sei quem é) faz uma bela descrição de Moscou; as cúpulas, o rio, os bosques.
Ele gosta de passear pela colina em que ficam dois mosteiros e um castelo, de onde se avista toda Moscou. Descreve como imagina que era o lugar e quem viveu ali. Ao avistar o bosque de carvalhos centenários, lembra da Pobre Liza, que viveu numa cabana ali perto, junto com a mãe há cerca de trinta anos.
O pai de Liza era abastado e sóbrio, mas ao morrer, Liza e sua mãe precisaram arrendar as terras. Vivendo de costura e venda de flores.
A mãe de Liza chorava sem parar pela perda do marido e Liza a confortava dizendo que chorar não o traria de volta. A mãe afirmava que choraria depois que morresse, porque pra onde ela iria as pessoas não choram. Liza escondia a saudade do pai.
Num dia em que Liza foi para Moscou vender flores conheceu um rapaz rico que queria lhe oferecer mais do que ela pedia nas flores, ela recusou e ele então pagou o valor pedido por ela. Passando assim uma impressão muito digna e bem-apessoada.
Ela contou para a mãe demonstrando todo seu entusiasmo. A mãe, por outro lado, a advertiu de que mesmo aparentando bem, as pessoas podem ser más. Liza já estava usando as lentes da paixão. Já possuía “um hóspede na alma”. Nada mais fazia sentido além de Erast. Ela já não via a beleza das coisas como costumava ver. Ambos se encontravam às escondidas, porque Erast pediu a Liza que não contasse nada à sua mãezinha.
Erast admirava Liza, contemplava sua beleza, tocava em suas mãos. E fez questão de tornar-se comprador exclusivo de suas flores.
Queria ter ela só pra ele mas sem firmar compromisso. “E, ao ver como ela o amava, ele parecia mais agradável a seus próprios olhos.” Erast era um bom ouvinte, ouvia a mãe de Liza contar sobre tudo a respeito delas e de suas vidas.
No calor das emoções os dois transaram e o narrador reprime Liza “Ah, Liza, Liza, onde está sua inocência?”
O que era contentado apenas com o olhar, depois toque de mãos, depois beijo, em seguida o sexo, passou a não significar nada e não despertar nem um pouco da atenção de Erast.
“O amor platônico havia cedido lugar a sentimentos dos
quais ele não podia se orgulhar e que já não lhe eram novos.”
“a realização de todos os desejos é a mais perigosa tentação do amor.”
Liza, ao contrário, o amava cada dia mais. “como um cordeiro, submetia-se em tudo à sua vontade e só encontrava felicidade no prazer dele.”
Certo dia, Erast decidiu ir para a guerra, tendo assim a desculpa para se afastar de Liza e cumprir seu papel para com a pátria. Mas ele chorou lágrimas de crocodilo ao despedir-se dela. O que a fez pensar que era-lhe penosa a partida. (Isso ficou dúbio pra mim, não sei se ele é um babaca ou só se perdeu pela satisfação dos desejos).
Liza ficou tremendamente amargurada e cogitou segui-lo mas lembrou que tinha mãe.
Erast deixou-lhes cem rublos.
Passaram dois meses e Liza foi até Moscou e viu Erast numa carruagem. Correu e o abraçou. Ele a puxou para o gabinete de uma casa enorme onde ele morava e disse que agora estava casado com uma viúva que há tempos suspirava por ele. (Mas o narrador diz que ele suspirava por Liza. Hã?! Circunstâncias da vida e da sociedade? Vide ‘Cinco centímetros por segundo’).
Erast foi para a guerra mas ao invés de combater o inimigo, perdeu tudo em jogos de cartas. Por isso viu como única alternativa se casar com a viúva rica.
Erast a dispensou e mandou o mordomo colocá-la pra fora.
Ela seguiu moribunda em direção à sua cabana quando parou diante de um lago profundo, de repente viu uma mocinha que era sua vizinha. Pediu a essa mocinha que levasse o dinheiro para a mãe e que lhe beijasse a mão. E então Liza se atirou no rio. A menina correu para pedir ajuda e quando chegaram já era tarde.
O narrador conta que conheceu Erast um ano antes de sua morte, que ele contou-lhe esta história e o levo até o túmulo de Liza.
“Agora é possível que já tenham se reconciliado!”

Sol Belchior 24/08/2021

Ah, os russos...
Um conto delicioso de ler.
Viajar através dos cenários de Moscou e do drama quando se trata do amor... É um belo roteiro.

Gabriela 14/02/2021

"Se nossos olhos nunca derramassem lágrimas, talvez nos esquecêssemos de nossa própria alma"
Pobre Liza retrata a paixão de uma camponesa que, com todos seus sentimentos puros e singelos, padeceu de amores por um jovem da sociedade aristocrata, que no entanto era apenas um jovem supérfluo e incapaz de cumprir suas promessas, jogadas ao vento.

Karamzin foi um autor muito querido para o século XVIII pois apresentou e deu início ao retrato do 'homem supérfluo': para o entendimento dos russos é aquele que é em algum sentido descartável, não consegue realizar planos e cumprir com seus sentimentos. O modelo desse personagem, que na obra representa Ernest, inspirou vários personagens de Dostoievski, como também a obra 'Diario de um homem supérfluo' do Turgueniev e tantos outros nomes. Também está presente na obra alguns elementos místicos, que trazem a pitada do sobrenatural para o conto.

Sassenach 14/03/2021

"Se nossos olhos nunca derramassem lágrimas, talvez nos esquecêssemos de nossa própria alma."

Renata630 03/03/2018

Nikolai e sua influência na literatura Russa
Nikolai Karamzin foi a figura Russa mais destacada na virada do século XVIII e XIX, Ele produiu dois grandes best -sellers em prosa, sendo um deles Pobre Liza (1792).
Pobre Liza é um peça chave ma busca dos artistas Russos pela adequação das formas europeias e da luta pela obtenção de uma linguagem literária Moderna e flexível.
O conto é uma variação das inscontáveis narrativas sentimentais que inundaram a Russia. Na obra já aparece prefigurados elementos - como o tipo de homem supérfluo- que depois ganhariam densidade na obras de Puckin e Dostoieviski.
No enredo surge a atenção ao mundo moral de representantes dos camponeses, em contraste com a figura de Liza uma camponesa, a do heroi também é retratada pelo narrador de forma singular. Eras (amor de Liza) pertence à nobreza, contudo ele é apresentado como uma figura fraca: o primeiro retrato do bem sucedido de um heroi supéfluo.
Pobre Liza tem citação direta na obra Gente Pobre de Dostoieviski.

Texto de apoio: Nova antologia do conto Russo: uma seleção

Aécio de Paula 07/01/2020

Pobre Liza - Nikolai Karamzin
Este conto bem conhecido na Russia que foi publicado em 1792 mostra um amor de uma camponesa jovem e linda por um homem da sociedade. O conquistador barato que só a queria para se divertir começa a se afastar dela. A moça vive um amor solitário e faz loucuras. Dostoievski cita este conto em "Gente pobre".

Emilson5 05/02/2023

Pobre Liza
Pobre Liza é um conto de Nikolai Karamzim, bem ao estilo gótico. A melancolia permeia toda a narrativa, acompanhando a trágica vida da jovem camponesa. Não, não há final feliz nesse conto. E mesmo sendo bem triste, é de uma beleza literária enorme. Ler obras russas é certeza de mergulhar em águas profundas, por mais simples que sejam.