Fernanda3113 17/09/2017André é um garoto, cuja idade a gente não faz ideia de qual seja, que apresenta de maneira insigne sua assimilação inocente aos acontecimentos que são desencadeados pela morte de seu tio Ivan e pelo "BICHINHA" escrito em seu caderno por alguém do colégio.
O livro pode parecer simples, no entanto não é. Se for analisar cada detalhe, é notório o quanto foi bem trabalhado e talvez seja por isso que encontrei muita gente comentando que não entendeu, logo não gostou.
Ao se prender apenas no que a escrita aparenta, e não no modo como ela chega a ser peculiar e instigante a ponto de marcar a personalidade incrível do personagem André e também do leitor, a história pode se mostrar rasa - não que seja. A verdade é que compreender a intenção da escrita é essencial para o total compreendimento do plot, uma vez que esta não mascara nada.
"[...] se fosse pintor, eu não gostaria de pintar natureza-morta, que é quando a pessoa pinta coisas inanimadas como frutas numa travessa, porque natureza-morta é sem graça e dá um pouco de tédio dependendo do dia. Ou então pintaria a natureza-morta do meu ponto de vista, que é quando coisas inanimadas como girassóis viram uma novidade, mas não sei se eu tenho um ponto de vista, que acho que é algo que poucas pessoas têm. E também não sei se é vantagem ter um ponto de vista se depois vamos dar um tiro no peito aos 37 anos, ou cortar uma orelha." (p. 19)
No Presente traz uma veracidade incrível e um intelecto voraz ao texto, abordando de maneira sublime e natural a temática da orientação sexual, além de criticar, por meio de diversos recursos narrativos e linguísticos, a visão extremamente conservadora e padronizada ainda entranhada em nossa sociedade.