Notas.Literarias 19/07/2018
Sensível
Eu já falei pra vocês que eu não leio sinopses, né? Então, quando eu tive a oportunidade de ler o livro, acreditava que era algo semelhante a Marley e Eu, Quatro Vidas de um Cachorro e Sempre ao seu Lado. Portanto, esperava chorar. Bom, eu até que poderia ter chorado, sim, porque a história é bem triste, mas eu não sou de chorar lendo romances (exceção de Marley e Eu e O Guardião). Se você é mais sensível neste quesito, prepare-se para derramar algumas lágrimas.
Ao pausar a leitura pela primeira vez, até comentei com o meu marido que achava engraçado o personagem ter o mesmo sobrenome da autora. É claro, é a história do pai dela! O romance começa lá no nascimento do menino, que quase não aconteceu. Por seus pais serem da Resistência Comunista, o grupo, ao saber da gravidez de Helena, colocou o futuro do bebê em votação. O resultado: ele nasceria, mas a criança não viveria com os pais.
Depois de duas horas de intenso debate, a companheira Rappoport não será obrigada a interromper a gravidez. Mas não poderá criar a criança que vai nascer, pois teria que deixar de lado seu engajamento político. Ela própria é então autorizada a decidir, consultando se quiser o pai - o companheiro Michal Gruda, - sobre o que será feito com o bebê.
Assim, Jules vai morar com seus tios, irmãos de sua mãe, e só mais tarde o garoto descobre que seus tios são seus verdadeiros pais, e que seus até então pais são seus tios, na realidade. O tempo passa e Jules vai para um internato de crianças da Resistência, depois ele vai morar com outros parentes, com outras famílias....e tudo piora com a Segunda Guerra Mundial.
Se você gosta de livros relacionados a ela, este livro é para você. Grande parte da história se passa nesse período, mas mesmo as outras partes são relacionadas à luta diária que os comunistas vivem para promover um futuro melhor para si e para a sociedade. E Jules desde muito pequeno é atuante na Resistência, seja entregando jornais, seja levando cartas a companheiros de luta, seja onde ele for necessário. Até mesmo como intérprete ou entregador de itens na prisão.
Minha primeira visita a Geneviève ocorre na prisão de La Roquette. Ela parece mais magra, embora cheia de vitalidade. Faz perguntas sobre a minha escola, meus amigos, o que estou lendo. Eu lhe entrego frutas e biscoitos, pelos quais me agradece calorosamente. Ao me despedir, ela sussurra no meu ouvido: - Meu Julot, da próxima vez, se puder, traga cigarros. É proibido. Então você terá de passá-los a mim discretamente.
Jules vai ter de trocar a sua identidade algumas vezes durante sua vida, Inclusive ele vai se chamar com o nome de um colega do internato, Roger Binet, a quem ele deu um apelido nada carinhoso. Enfim, o tempo passa, Jules se torna um jovem e sua vida só complica, ao invés de ser facilitada. Mas ele é um menino de ouro, com um coração puro, nobre, altruísta, então ele passa com muita coragem por todas as adversidades, seja trocar de família, de país, de idioma. Parece que nada nem ninguém é páreo para Jules Gruda.
Será mesmo que nada é páreo para nosso Jules? Isso você só vai descobrir lendo O Menino que Falava com Cães.
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