Helder 10/06/2018Não é tudo isso não.A mulher na janela chama-se Anna Fox. Ela é uma psicóloga que sofreu um grande trauma e agora sofre de Agorafobia, ou seja, ela não consegue sair da casa onde vive sozinha, pois seu marido e filha estão morando em outro local. O autor nos apresenta sua vida atual, onde sua rotina consiste em jogar xadrez na internet, participar de um site para pessoas com o mesmo problema que ela, ver filmes antigos de suspense, falar com seu marido por telefone, beber muiiiiiitttto , tomar remédios junto com estas bebidas e espionar seus vizinhos com sua mega câmera fotográfica. Nessa rotina ela percebe que tem novos vizinhos, os Russels, que consistem em um pai estranho, um filho amoroso e uma mãe que de repente torna-se sua amiga. Para ela a rotina está bem, até que ela testemunha um assassinato.
Mas será que realmente houve um assassinato? Como confiar numa testemunha tão instável que mistura remédios com álcool em quantidades extremas?
Esta era uma das premissas do livro. Fazer o leitor ter a mesma duvida da personagem, mas o que temos aqui é uma convenção tão grandes de clichês que sinceramente fica difícil ter grandes surpresas. Eu estava com tanta vontade de ler este livro que ele acabou sendo uma pequena decepção. Para mim é somente um livro ok para iniciantes em thrillers. Se você como eu, já leu muitos thrillers e até assistiu Janela Indiscreta, as coisas aqui são muito devagar e quando aparecem as “surpresas”, você ao invés de dizer Uau, simplesmente tica mais um item no seu checklist de thrillers, garantindo que o livro seguiu o manual do curso de literatura americana atual.
Nos EUA existem cursos que ensinam pessoas a escrever romances. Tudo me leva a crer que a primeira lição é que um livro de suspense deve ter uma mulher mal amada que afoga seus problemas em bebidas, vide A Mulher no Trem, Em um Bosque Muito Escuro, A Mulher na Cabine 10. Ai estas veem um crime e ou perdem a memoria ou são desacreditadas pela policia. Que tal mudar de assunto? Dá para mulher se deprimir e roer as unhas só para mudar um pouco?
Só por curiosidade dei um Find na palavra “Taça” no meu aplicativo de leituras e a palavra aparece 78 vezes. Quase uma taça a cada 4,5 páginas. Ou seja: Anna Fox bebia tanto que até o leitor fica alcoolizado. Ai fica difícil se apegar a mocinha, e quando o vilão aparece e esfrega na cara dela o quanto ela é burra, fica difícil não concordar.
O final, para mim é outro problema. Ok, a surpresa da identidade do vilão é interessante. Cheguei a pensar nesta pessoa, até porque não tem tanto personagem assim para a gente desconfiar, mas não tinha como descobrir a motivação, simplesmente porque em nenhum momento tivemos nenhuma dica para aquilo. Como o nosso ponto de vista era da protagonista, acabamos tendo uma visão deturpada até daquilo que ela deveria ser craque, que é conseguir reconhecer problemas psicológicos. Ela não era uma boa psicóloga? No fim, é uma personagem tão coitada que só me deu pena. Ainda não me conformo com a cena com o inquilino bonitão. E se não fosse o vilão ser um(a) 'psicopata arrogante e convencido(a) igual a vilão do Batman" (Mais um clichê ai, gente, o vilão só falta dar gargalhadas satânicas e amarrar nossa doce psicóloga em uma armadilha para morrer devagar) e desenhar para ela tudo o que ele(a) fez , o livro não teria um final, pois a protagonista não descobre nada sozinha.
Nota 3,0 e está muito bom. Autor tem potencial, mas precisa se soltar um pouco mais dos clichês. Bom para ler num domingo de chuva, pois é melhor que programação de TV aberta no fim de semana, o que não é grande Curriculum, certo?.
Tem thriller bem melhor no mercado.