Sô 22/02/2016Becky Bloomwood é uma jornalista insatisfeita e cabeça de vento que trabalha para uma revista de finanças, mas isso não poderia ser mais irônico. Ela adora torrar dinheiro – com todo tipo de coisa –, mas o grande problema é que ela não tem como bancar esse hobby. Não tem lá muita noção do quanto gasta e continua gastando mais ainda, usando o ato de gastar como desculpa para qualquer coisa chatinha que aconteceu no dia. Sabe aquela velha desculpa de “mas eu mereço!”? Então, mas ela leva isso ao nível super hardcore!
Acho um sarro as desculpas que ela dá pra ela mesma do porquê deve comprar tal coisa – tudo é um investimento na visão dessa mulher! – ou as desculpas para não abrir as correspondências de cobrança, socando-as no fundo da gaveta ou jogando as malditas em algum buraco na rua, “afinal, se eu não li, não posso ser culpada, correto?”. Ela enterra, literalmente, os problemas.
Apesar de não chegar a esse ponto, eu me identifico bastante com a protagonista, principalmente quando ela começa a descrever a sensação de entrar numa loja e achar alguma peça em especial, com um rótulo de PROMOÇÃO ainda por cima. Ou quando quer porque quer sair do shopping com alguma peça para ficar feliz. Quem nunca?
Muita gente não gosta da Becky, justamente por ela ser assim, tão irresponsável, mas isso não me incomodou tanto. Talvez um pouco nas partes em que ela mente para os pais, falando que tem um stalker (quando na verdade é o gerente do banco cobrando os débitos de sua conta), ou quando mentiu para o Tarquin, seu date, a respeito da fundação beneficente da sua tia imaginária.
Tem umas partes meio sem noção e nada reais, tipo esse gerente que fica fazendo essas cobranças, a princípio através de cartas, mas depois vai atrás dela PESSOALMENTE. Será que não existe uma espécie de Serasa no Reino Unido? Ou aquele debate no programa de TV, na qual o Luke é seu adversário. Ela não só consegue ganhar o argumento, como conseguiu um quadro nesse programa de TV e um futuro marido. Mas mesmo assim, me diverti horrores e consigo relevar essas partes.
Reli pela primeira vez depois de oito anos e continuo achando a Becky Bloomwood uma figura. Que livro gostoso de ler!