Adriana 15/08/2011Esse é o segundo romance de Barbara Delinski que eu tenho o prazer de ler, e me impressiono cada vez mais com a capacidade da autora de abordar temas tão complexos em romances que pareceriam tão simples. Este livro não foi nada do que eu esperava, o que não quer dizer que foi ruim. Eu achava que a trama seria sobre um homem e uma mulher que são amigos de infância e, já adultos, percebem que a amizade se transformou em amor e paixão. Pois é, não foi isso que aconteceu.
A trama conta a história de duas famílias, que foram unidas desde muito cedo. Os Maxwell e os Pope formaram uma entidade, compraram sua primeira casa de veraneio juntos, tiveram filhos juntos, suas casas em um bairro nobre são uma ao lado da outra. Seus filhos são unidos e praticamente nunca fazem nada separados.
J. D. e Teke Maxwell são pais de Michael, Jana e Leigh. O esposo é advogado e Teke se encarrega da casa e dos filhos. Annie e Sam Pope são pais de Zoe e Jon, o marido também é advogado (na mesma firma de J. D. pois são sócios) e a mulher é professora doutora em uma universidade.
A história começa com um triste episódio que desfaz os vínculos tão fortes que os uniam e que deixa sequelas gravíssimas em todos os integrantes da grande família Popewell! Os personagens descobrem que, afinal das contas, suas famílias poderiam ser mais que amigas. E isso não foi uma coisa positiva. Os mais afetados são os filhos, que vivem um drama familiar sem precedentes.
O sofrimento, necessidade de redenção e o perdão são abordados constantemente. Admito que isso me incomodou em certos momentos, porque parecia que o sofrimento não teria fim. Os personagens remoíam sua culpa, os outros os acusavam mais e mais e nada andava na trama. Porém, dá pra entender o sentido disso, pois a autora faz uma reflexão profunda durante toda a obra sobre como um ato, um minuto da sua vida, pode determinar todo o resto.
O romance também está presente, claro, na forma de um amor do passado que volta para perturbar Teke Maxwell, em cada gesto de Annie e Sam para tentar salvar seu casamento e no lindo amor juvenil de Leigh e Jon!
Barbara Delisnski sabe descrever muito bem sobre tramas políticas e também sobre o mundo da advocacia, o que eu já tinha percebido ao ler A Felicidade Mora ao Lado. As descrições dela deste mundo causam ao mesmo tempo repulsa, por pessoas sem moral e ética, e admiração, por profissionais que realmente querem ajudar e promover o bem para a sociedade.
No geral gostei bastante do livro, que me fez refletir e pensar muito em erros e acertos, e também me fez ver a infidelidade de uma forma nova (que ainda não decidi se entendo ou aceito).
Sempre pensei nesta autora como uma cópia de Nora Roberts, mas agora vejo que são muito distintas. Delinski fala apenas da realidade, dos fatos do cotidiano, enquanto Nora brinca com os sonhos, com mundos mágicos e com o sobrenatural em diversos livros. Enquanto a primeira escreve obras densas e complexas, a outra escreve lindos romances para suspirar e soltar a imaginação. Para Nora Roberts tudo é possível!
Enfim, eu confesso que gosto muito mais dos livros da Nora que, para mim, estão em outro patamar. Porém, é bom ler algo diferente e com um conteúdo tão rico quanto este livro de vez em quando.
Resenha em http://mundodaleitura.wordpress.com/2011/08/11/barbara-delinsky-mais-que-amigos/