Paula 14/02/2018
Apaixonante
Impressão do Leitor
“Com a certeza de apenas um toque... com a certeza de um olhar. Com a certeza de Você.” (Adam).
Gente, preciso recuperar o fôlego depois de uma madrugada de intensas emoções vividas em Nova York, com meu querido Adam (entendam sim um toque de possessividade que incluo nessa fala, pois é esse sentimento que tenho em relação a este homem: POSSE). Calma gente, não sou nenhuma lunática psicopata, apenas mais uma leitora arrebatada e atropelada por esse deus, onipotente, onisciente e onipresente. (Talvez tenha soado um pouco louca agora...). Dê um desconto a essa pobre leitora apaixonada que vos escreve nesse momento com olheiras de panda e definitivamente com o digitar de um zumbi (não que eu já tenha visto um a fazer isso...). Enfim chega de divagações, acho que recobrei a consciência e estabilizei a respiração... Vamos ao que interessa.
Mais uma vez (de maneira que soa até com uma cacofonia) vos digo que a M.S. Fayes se superou em mais um livro; mais uma vez, vos afirmo que me tornei ainda mais fã (se é que isso é possível) da sua escrita. Quanta versatilidade, quanta criatividade, quanta capacidade de transformar em palavras histórias tão marcantes e envolventes como é Apenas um toque. Com apenas uma frase, no início do capítulo já me deixei levar pelo que eu tinha certeza seria um dos mais lindos caldeirões de emoções literários que já vivi. Tudo bem, confesso que senti isso apenas ao ver essa linda capa que já é um prelúdio do que nos aguardava no interior dessa magia que ela chamou de livro.
O que dizer da história... O livro é escrito com o ponto de vista dos dois personagens principais. O enredo tem uma mistura incrível de sensibilidade, inocência, malícia, suspense, drama e muito romance que chega a ser palpável. Inicia-se com o ponto de vista da Mila, nossa mocinha. Uma jovem que se viu desde muito cedo obrigada a lidar com o lado mais difícil que a vida tem a oferecer e precisou aprender sozinha como fazer isso. Lidou desde a mais tenra idade com sentimentos tão difíceis até para aqueles mais maduros, como a rejeição, o sentimento de não pertencimento a lugar nenhum. Tudo que viveu nesse período tão difícil e ao longo de sua vida serviu para moldar sua personalidade. Ela teve a ajuda de um amigo que se tornou um irmão, com um passado tão marcado e sofrido quanto o dela. O elo que os uniu foi o sofrimento, as perdas e a rejeição, o que somente fortaleceu aos dois e a essa linda amizade que surgiu em meio a tantas vicissitudes.
Tornou-se uma pessoa feliz, uma pessoa gentil, muito solícita, cheia de vida, com um sorriso radiante para toda e qualquer pessoa. Encontrava em situações que poderiam ser constrangedoras e aversivas, um meio de suavizar essas contingências para ela e para os que viviam ao seu redor. Escolheu vencer na vida, escolheu correr atrás dos seus sonhos, mesmo com todas as marcas do passado. É claro que uma vida nada fácil que se apresentou para ela, não trouxe apenas a força e a determinação como marcas, trouxe também (apesar dela afirmar que não) certo probleminha com autoestima, muito disso tem relação com aquele sentimento de não pertencimento. A meu ver, momentos que a pressionavam demais, nunca eram confortáveis, desencadeando comportamentos extremamente aversivos, mas que até com isso, ela se viu obrigada a lidar e criar estratégias de enfrentamento. Diria que ela tem uma capacidade incrível de resiliência.
Uma mulher dedicada aos estudos e ao trabalho como poucos que já vi. Vivia uma vida simples, sem luxo, dentro do que seu emprego como garçonete permitia. E ela não reclamava. Mas ela sempre sentia falta de algo tão sublime, que muitos tinham e nem sempre davam valor: uma família, ser amada, pertencer.
Conheçamos nosso mocinho querido, nosso Adam St. James. É um homem que marca apenas pela sua presença, que, por si só deixa qualquer atmosfera mais densa. Um homem cheio de qualidades, um empresário de sucesso, administrando um império herdado pela família com maestria. Um regente de uma orquestra no mundo dos negócios. Mas naquele momento, naquele breve instante que se permitia ser apenas Adam, era o momento que se sentia mais pleno e feliz; aquele momento em que se sentava a mesma mesa, com a mesma garçonete o atendendo, durante alguns meses, apenas para admira-la e conquista-la aos poucos. Ele chegou devagar, mas ao mesmo se fazendo presente, numa tentativa de não assustar uma pessoa que ele sabia não se encantar pelas futilidades da vida. Ele era um homem terno, profundo e cheio de amor para ofertar, não para qualquer pessoa, mas para pessoa certa.
E confesso que uma das coisas que mais admirei nele foi essa capacidade altruísta de conseguir o que ele quer. Será que me fiz entender? Bom, é claro que todo aquele investimento diário, era para atingir o seu objetivo de conquista-la e aí vocês mês perguntam: Onde está o altruísmo nisso tudo? Ele soube respeitar o momento e quem era Mila, as suas vontades, a sua forma de ver o mundo, colocando tudo isso acima de suas próprias necessidades. É claro que isso foi até onde o desejo arrebatador que sentia por ela permitiu.
E finalmente ele consegue, após marcar seu território de uma maneira tão cândida (suspiros) e ao mesmo tempo tão empertigada e imponente, tudo numa medida tão perfeita que Mila realmente não teve como resistir aos seus encantos que iam muito além de sua exuberante beleza física. Um homem de um coração como poucos, apesar de toda imponência que impunha o seu mundo.
Após se entregarem a uma paixão aterradora, que os fez questionar a veracidade de tudo aquilo, resolveram não se importar, apenas viver, apenas sentir. Mas eis que se deparam com uma situação que os coloca em xeque. Após isso, uma sucessão de equívocos parece distancia-los e cada vez mais afastar a possibilidade de viverem um grande amor.
“Busca-se na força interior a necessidade para seguir adiante.” (Adam).
Os dois passam a viver pela metade, aprender a sobreviver era o que aquele momento exigia. O que pareceu até longo demais para o meu pobre coração, se me permitem um adendo. Aqui entra a dramaticidade do enredo, tornando-o denso na medida certa, arrancando lágrimas e palpitações em várias situações. Este foi um momento de provação que esse casal vivenciou. Confesso que senti raiva do Adam em um primeiro momento, mas quando coloquei a mão na consciência só pude ver que algo estava errado, aquele não era o Adam e aqui peço perdão por quase haver sucumbido a não tão nobre emoção.
“Não há teia mais cruel do destino do que a incerteza da presença da pessoa amada ao seu lado.” (Adam).
Nesse momento precisamos abrir nossos corações e compreender que o passado pode cobrar seu preço. Lembrar como somos moldados pelas nossas vivências e relações. Isso determina quem somos e o que podemos ser. Com base nisso, consegui compreender cada ação de cada um dos dois. Na verdade até de Vic, melhor amigo da Mila.
“Busca-se no anseio interior o desejo de vencer as adversidades.” (Adam).
Pude entender que naqueles momentos de provações (realmente foram vários) eles se depararam com a imaturidade de ambos, com a inexperiência. Ele por nunca ter vivenciado um amor sem interesses e ela, simplesmente, por nunca ter vivenciado o amor. A rejeição que viveu no passado, a autoestima um pouco abalada e alguns outros fatores culminaram naquele momento tortuoso que viviam. Foram obrigados a perceber que não se conheciam a fundo, apesar da possível habilidade de Adam de ler pensamentos, de ler Mila. Foram testados em seus limites, passaram da negação à raiva; da barganha à aceitação; e de tudo isso, ao autoconhecimento e reconhecimento. Foram obrigados a começar do zero, a se conhecer e amadurecer em prol de um bem maior, de um amor que foi construído apenas em um olhar, mas fortalecido na tortuosidade do caminho que trilharam no processo.
“Quando apenas um toque é o suficiente para aquecer o que antes estava insensível e frio...” (Adam).
E em minha opinião, esse é o momento mais marcante de todo o livro. O momento em que se entregam ao que são, mas, além disso, ao que podem ser. Aprendendo a viver isso juntos. Ela, finalmente, aprendendo a pertencer a algo, aprendendo a ser amada e protegida. Ele, aprendendo a amar incondicionalmente, aprendendo a lidar com seus instintos mais primais. Ambos aprendendo a perdoar. E foi nesse processo todo que me apaixonei, em apenas um toque, em um virar de página, fui assolada por um turbilhão de emoções que me levavam do riso às lágrimas em milésimos de segundos (me permitam uma licença poética para algo atemporal, impossível de medir em ponteiros).
“Quando o tempo é apenas uma parcela de um sonho que se deseja conquistar...” (Adam).
Esse livro me ensinou como sempre os livros dessa autora o fazem; ensinou-me a perceber o poder do amor sublime, cálido e idílico, mas acima de tudo, ensinou-me que capacidade de resiliência, habilidades altruísticas e gratidão, são bases que solidificam esses sentimentos ímpares e únicos, transcendendo e suplantando medos, dúvidas e desconfiança. Soma-se a isso, a capacidade de confiar e perdoar, como argamassa nessa muralha de amor, dando o tempo necessário para que tudo se assente e concrete nos corações e almas esse mais primal dos sentimentos. Thank you, Fayes!
“Espera-se no milagre a certeza de que o amor sempre vence” (Adam).
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