Desireé (@UpLiterario) 28/09/2018O final épico de uma guerra e de seus vencidos. (@upliterario)[Contém fatos dos 2 primeiros vol.]
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O Bebedor de Horizontes tem início logo após a apreensão de Ngungunyane. O Rei de Gaza e sua família são detidos e levados pelos portugueses, com o intuito de serem levados à praça pública e exibidos em Lisboa como grandes espólios de guerra. A glória portuguesa e o fim da Guerra de Moçambique. Contudo, para os vencidos, esse final demonstra-se mais temeroso do que a morte e seus destinos são traçados, pouco a pouco, pelo fio da navalha e pelo desenrolar dos eventos em terras europeias e africanas, dois mundo tão distintos e extremamente hostis.
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Mia Couto puxa o pé do leitor e nos deixa jogados no chão, durante toda a leitura, mas principalmente, pelos últimos capítulos. A força de sua narrativa e a brutalidade e crueldade tão críveis e tão palpáveis dão o tom histórico da obra e demonstram a escória da humanidade. Os fatos dali nada mais são do que eventos reais, narrados pela visão folclórica e cultural daqueles povos, sem, contudo, perder a essência humana e terrível. O homem em sua pior face. A Guerra como o fruto da crueldade do homem.
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"A cegueira, diz Ngungunyane, é uma prenda em tempos de horrores."
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O final épico, emblemático e destruidor de uma das melhores trilogias histórica de guerra que já li. Aquele término amargo, duro e real e, acima de tudo, emocionante, que vai de uma só vez, destruir toda e qualquer réstia de esperança e deixar um buraco no fundo de sua alma. Apenas a triste realidade de um povo vencido. Outra e outra e outra vez.
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"O amor [...] é a mais passageira de todas as doenças mortais."
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E uma obra forte e cheia de levantes feministas, capazes de nos fazer sofrer e suspirar e refletir sobre a condição da mulher. Uma trilogia mágica, forte e bela. Para ler e reler, em várias fases da vida. Leitura obrigatória!
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