Stella F.. 03/05/2022
Tempo corrido X Tempo de Contemplação
A Salvação do Belo – Byung-Chul Han – Editora Vozes – 2019
“O liso é a marca do presente” (pg. 7)
A cada capítulo o autor vai nos falar do conceito de beleza contrapondo com a contemporaneidade, o liso.
Vai trazer conceitos do assunto em Kant, Barthes, Walter Benjamin, Schopenhauer, Platão, Santo Agostinho, Hegel, Heidegger, Adorno, Nietzsche, entre outros, além de mencionar escritores como Rilke e Proust.
Vai nos mostrar que na atualidade nada pode ter aspereza, tudo gera likes, nada pode carregar sofrimento, confronto e negatividade.
A contemporaneidade é o lugar do perfeito, com nada fora do lugar, nada que nos faça pensar muito, nos mobilizar. Tudo é efêmero, é o tempo de uma curtida, e já se visualiza algo diferente.
Com isso vai nos falar de esculturas, de close-up do cinema, de carros arredondados, vai contrapor belo e sublime, belo natural e belo digital, vai nos mostrar o velamento na escrita, e a perda da noção de outro, da alteridade, além de vários outros aspectos.
“A tarefa da arte consiste, desse modo, na salvação do outro. Salvação do belo é a salvação do outro. [..] A crise da beleza consiste hoje justamente em que o belo é traduzido à sua subsistência, ao eu valor de uso ou de consumo. O consumo aniquila o outro. O belo da arte é uma resistência a ele.” (pg. 97-98)
Achei interessante quando cita o tempo em Proust e nos fala da beleza como reminiscência, uma repetição do ter-sido (Platão).
“É a tarefa do escritor metaforizar o mundo, ou seja, poetizar. Seu ponto de vista poético descobre as ligações ocultas entre as coisas. A beleza é um acontecimento-relação. Nela reside uma temporalidade particular. Ela se despoja de um gozo imediato pois a beleza de uma coisa aparece apenas muito depois à luz de uma outra como reminiscência. Ela consiste de sedimentos históricos que fosforecem.” (pg. 106-107)