A Gárgula

A Gárgula Andrew Davidson




Resenhas - A Gárgula


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Eudes 18/08/2010

Apaixonante
Marianne Engel. Leio a pelo menos 30 anos, e nunca me apaixonei por personagem nenhum de livros ou quadrinhos. No máximo uma admiração por algo tão cativante e carismático, se tanto. Nunca me apaixonei por algo que não existe, até ler A Gárgula e conhecer Marianne Engel. É uma personagem tão poderosa, tão "real", tão bem construída, que você deseja que ela exista. E talvez exista, de alguma forma.

Eu estava no quiosque de livros usados quando me deparei com a capa de belas costas com asas tatuadas. Estava em ótimas condições e o preço era 12 reais. Mas só me decidi a levar mesmo quando li a curta sinopse na contra-capa:

"Um homem coberto de chagas e cicatrizes adquiridas num trágico acidente de carro. Uma mulher misteriosa garante estar viva desde a Idade Média. Um romance arrebatador sobre a queda ao inferno e a busca de redenção".

A parte que me chamou a atenção foi a que fala sobre a mulher que garante estar viva desde a Idade Média. Um livro com essa prenissa não poderia ser ruim.

Confesso que comecei a leitura e não estava muito entusiasmado. O livro passa vários capítulos tratando sobre o passado do homem queimado. O motivo disso é por ser ele o narrador e protagonista da história. No entanto, seu nome nunca é citado, o livro inteiro.

A narrativa começa com seu acidente, onde ele cai de uma ribanceira com o carro, e este se incendeia, queimando-o terrivelmente. No hospital ele relembra sua vida desde que nasceu. Órfão, criado por tios drogados, vivia enfurnado nas bibliotecas. Com o tempo torna-se ator pornô, viciado em drogas. Quando está no auge da carreira, tendo inclusive sua própria produtora de filmes pornôs, sofre este acidente e é abandonado por todos seus antigos amigos. Sua vida agora é um dia de cada vez, tentando minimizar as cicatrizes das terríveis queimaduras, que tiraram tanto sua beleza, como seu ânimo de viver. Ele pensa em sair dali apenas para, assim que possível, dar cabo da própria vida.

É quando entra em cena, vinda da ala psiquiátrica, Marianne Engel. Ela é uma paciente. Ela se aproxima e age como se os dois já se conhecessem há muito tempo. Na verdade, há 700 anos. Marianne diz que foi difícil encontrá-lo e que, quando consegue, ele está queimado novamente, pela terceira vez.

Sem ter para onde ir, nem nada melhor para fazer, o protagonista aceita as visitas daquela estranha mulher que fala com tanta convicção - talvez a convicção que só os loucos tenham - sobre o fato dos dois se conhecerem e de que são amantes. Sem nunca ter se apaixonado por ninguém, fazendo sexo apenas por profissão ou por diversão, ele sabe que não pode ser verdade que ele a tenha amado.

Quando os médicos tentam afastá-la, ele diz que ela pode continuar vindo, e a cada vez que vem, Marianne conta sobre quem ela é, e como os dois se conheceram na Idade Média. Fala de sua vida, de quando foi abandonada à porta de um convento, onde foi criada e se tornou freira lá. Tendo facilidade para aprender qualquer língua, com o tempo se tornou tradutora. Ela diz ter feito a primeira tradução de O Inferno de Dante.

Marianne intercala a história dela, com outras histórias tocantes sobre amantes que têm trágicos destinos, mas que mostram o quanto o amor supera tudo. O protagonista não sabe o quanto disso é da sua imaginação e o quanto disso é real. Ela trata os personagens como seus amigos e conhecidos. Pessoas com as quais ela travou conhecimento.

Algumas coincidências perturbadoras começam a deixar nosso cético protagonista cada vez mais atraído por Marianne, suas histórias e sua vida. Além de tudo isso, Marianne é a única pessoa que garante que o ama, independente da aparência grotesca que ele tem agora, pois como ela mesma diz, não foi sua aparência que a atraiu e, mesmo assim, você também estava queimado quando se conheceram a primeira vez.

Além de Marianne e os personagens das histórias que ela conta, o autor ainda recheou a trama com personagens cativantes ao redor do protagonista, como por exemplo, o psiquiatra que tenta ajudá-lo a lidar com sua nova condição, a fisioterapeuta japonesa, a médica da Ala de Queimados. Tantas histórias que simplesmente parece impossível que o livro tenha apenas quase 500 páginas.

Mas, depois que Marianne Engel entra na história é como se tudo passasse a girar em torno dela. E creio que gira, afinal ela conta suas histórias - da sua vida e de seus "amigos"- com tanto fervor e detalhes que o leitor se vê envolvido na mesma dúvida do protagonista: será ela uma louca muito criativa ou alguém que viveu tais fantásticas histórias. E o leitor se pega também, assim como o protagonista, não fazendo muita questão de saber, pois já ama Marianne Engel.

Apesar de falar sobre amor eterno, almas gêmeas e etc, o livro é tudo menos piegas. O ceticismo e o anti-romantismo do protagonista parece representar o homem, com suas idéias de praticidade e do que pode ou não ser real. Marianne parece representar a mulher, este ser romântico por natureza e dada a devaneios. É quase um embate entre duas forças. A descrença e a fé. O desespero e o amor.

É uma história de redenção, como diz a sinopse, mas, com o avanço da leitura, você começa a se perguntar quem estará redimindo quem.

Os detalhes sobre vítimas de queimadura, sobre a vida na Idade Média, sobre vikings e sobre o Inferno de Dante, torna quase impossível acreditar que seja o primeiro livro do autor. Sem contar o enredo tão coeso e cativante. Minha única crítica vai para o passado do protagonista que parece ser um pouco forçado e até mesmo coisa de amador. Não é muito crível. Mas isso se perde em meio ao todo e à personalidade de Marianne Engel.

No fim das contas, quando você terminar a leitura, talvez sinta que, assim como todas as histórias de Marianne Engel, a sua história, lendo o livro, também faça parte delas agora.
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Mi Hummel 13/10/2013

Uma viagem aos sete infernos e a redenção por amor.
" A Gárgula" é um livro intrigante.
Apaixonei-me pelo protagonista improvável - um "sedutor" às vezes com o seu pior tormento: a destruição daquilo que um dia fora.

Jamais tive tantas sensações físicas quanto durante a leitura. O início do livro é angustiante e dolorido. Senti-me arder, senti-me abrasada pelas chamas e ouso dizer que me sentia imersa no fedor da carne queimada.

A narrativa é escrita de tal forma que era impossível não estar ali. Compartilhando com o protagonista as dores de cada sessão de corte e enxerto de pele ou ouvindo o sibilar da serpente que desliza por sua coluna.

Marianne Engel é o sol, é a luz e o jorro de água que confere frescor à história e à alma de um homem destroçado.
Seja como for, a tatuagem que repousa em suas espáduas denuncia: ela é um Anjo improvável. Um anjo cuja vida deve ser dedicada aos outros e ao único amor de outras vidas. É delicioso ouvir cada história que ela conta. Tanto de si própria quanto de seus amigos fantasmas. Histórias de amor e dedicação cujo exemplo ela pretende seguir.

Penso que nada seria mais próprio para Marianne do que esculpir grotescos. Filhos que brotam da pedra e que jamais a deixarão. O reflexo de um filho que ela não pôde reter consigo que permanecem esculpidos em material cinzento e indelével. É também um alívio e tanto para o protagonista...Já que toda a energia criadora de Marianne concentra-se em "parir" estátuas.

O desenrolar da narrativa nos deixa em expectativa. Cada página é um doloroso passo a ser enfrentado. Mas... A dor é necessária.

" Quando as palavras, reduzidas a cinzas rodopiavam para o céu, dava-me prazer saber que o meu eu interior se achava mais uma vez em segurança: uma equipe dos melhores médicos-legista do FBI não poderia voltar a juntar minhas emoções. A beleza de guardar as verdades no texto estava em poder incinerá-la a qualquer momento. (...) Dar aos outros o texto significava que ele estaria no universo eternamente, pronto para voltar e vingar-se a qualquer instante."

Ainda bem que o livro em questão se salvou da incineração. E talvez isso se deva apenas por Marianne, já que a jovem freira viu-se banida de toda a história de Engelthal.
Foi uma forma de assegurar que essa improvável figura jamais desapareça, eternizada nas páginas de "A Gárgula" como ela mesma o fazia com suas criaturas de pedra.

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Alba 23/08/2010

Resenha feita por mim, no Psychobooks!
Mais uma vez um livro com um protagonista sem nome. Acho isso meio confuso, mas não tira em nada a magia que envolve cada linha da história.

O livro já começa com um acidente de automóvel com uma das descrições mais reais que já li! Nosso protagonista, um famoso diretor e ator de filme pornô, que leva a vida regada a drogas, sexo e bebidas, é queimado vivo e fica consciente durante todo o tempo.

Recheado de personagens bem-construídos, “A Gárgula” passa de “Dante Alighieri” à Indústria pornô com uma maestria ímpar. Do passado num mosteiro ao presente na ala de queimados e histórias de romances impossíveis. Sem dúvida a personagem mais cativante é Marianne Engel, capaz de detalhar seu passado e rechear o presente com sua personalidade estimulante.

É um romance completamente diferente de tudo o que já li. Um personagem mutilado que encontra a redenção e o amor quando todos os fatores possíveis apontam o contrário.

O autor, Andrew Davidson, é um estreante na literatura, “A Gárgula” é seu primeiro romance, e isso só faz com que a espera por novos títulos de sua autoria se torne agonizante!

Gostou? Quer ler mais?? Acesse nosso site:

http://www.psychobooks.com.br/2010/08/sorteio-gargula-andrew-davidson.html#more

Sorteio do livro "A Gárgula" no Psychobooks até o dia 22 de setembro de 2010!
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skuser02844 28/10/2016

Detalhista.
Eu diria que esse livro tem um romance dos mais diferentes.
Logo no início temos o protagonista, ator pornô lindo, forte, esses caras tudo de bom que sempre tem nos livros, sofre um acidente de carro e acaba com todo seu corpo queimado. No hospital para que foi encaminhado, ele conhece Marianne Engel, uma paciente da ala de psiquiatria. Ela se interessa por ele e isso tem um grande motivo. Ela diz ser sua esposa. Até aí tudo perfeito, só que a história dos dois tem 700 anos. No começo ele não acredita nela, até porque se trata de uma paciente da ala de psiquiatria, mas conforme os dias vão passando e ela se mostra bem apaixonada por ele, é até convincente, ele resolve dar uma chance pra ela.
Demorei dois meses pra terminar esse livro e não é porque ele é ruim. Eu até gostei. Só que ele começa muito bom, um pouco antes do meio começa uma encheção de saco muito grande e foi nesse ponto que a leitura empacou. Gostei da forma como o autor descreve o acidente dele, os danos que ele sofreu e tudo que ele está passando, mas isso fica repetitivo quando em todo capítulo ele menciona quase a mesma coisa. E também a história tem muita influencia religiosa, eu não conheço muita coisa, por isso fiquei meio perdido.
Marianne Engel é uma personagem bastante singular. Apesar de o autor deixar bem claro que não se pode confiar nela, você começa ter uma empatia enorme. É verdadeiro esse amor dela pelo acidentado, mas só não acreditamos que eles foram casados há 700 anos. Eu gostaria que esse livro tivesse imagens. Eu fiquei muito curioso pra ver os grotescos que ela esculpia.
No todo esse livro foi muito bom e muito chato ao mesmo tempo. Não sei se isso é uma definição decente, mas fica aí. Acho que se tivesse 300 páginas ficaria perfeito. Mesmo assim indico porque os detalhes desse livro é coisa de outro mundo.
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Psychobooks 23/08/2010

Diferente e Surpreendente!! Vale a pena!
Mais uma vez um livro com um protagonista sem nome. Acho isso meio confuso, mas não tira em nada a magia que envolve cada linha da história.

O livro já começa com um acidente de automóvel com uma das descrições mais reais que já li! Nosso protagonista, um famoso diretor e ator de filme pornô, que leva a vida regada a drogas, sexo e bebidas, é queimado vivo e fica consciente durante todo o tempo.

Recheado de personagens bem-construídos, “A Gárgula” passa de “Dante Alighieri” à Indústria pornô com uma maestria ímpar. Do passado num mosteiro ao presente na ala de queimados e histórias de romances impossíveis. Sem dúvida a personagem mais cativante é Marianne Engel, capaz de detalhar seu passado e rechear o presente com sua personalidade estimulante.

É um romance completamente diferente de tudo o que já li. Um personagem mutilado que encontra a redenção e o amor quando todos os fatores possíveis apontam o contrário.

O autor, Andrew Davidson, é um estreante na literatura, “A Gárgula” é seu primeiro romance, e isso só faz com que a espera por novos títulos de sua autoria se torne agonizante!

Gostou? Quer ler mais?? Acesse nosso site:

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KK 17/02/2012

Excepcional
Uma história de amor que atravessa séculos. Ela, uma esquizofrênica, artista talentosa que afirma ter nascido nos anos de 1300. Ele, drogado, ex-ator de filme pornô, sobrevivente de um acidente de carro que carbonizou-lhe a maior parte do corpo. Em seu romance de estreia, Andrew nos leva por caminhos e historias de amor profundo e, em alguns casos inusitados, numa mistura de paixão, contemplação e fé.

Bem escrito e bem desenvolvido. Leitura contagiante e envolvente do começo ao fim. Vale a pena,
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Mimi França 07/07/2013

By Mimi
A Gárgula é um livro que chama a atenção pela capa mas te prende pelo conteúdo. Enredo muito bem construído, a personagem Marianne Engel é fascinante e tão real que até penso que ela existe realmente.
A descrição do acidente é tão chocante e descrita nos mínimos detalhes que não tem como não mexer com você. A história te prende do inicio ao fim.
SUPER RECOMENDO!
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Paulo 18/08/2013

Priceless
A priori me incomodou um pouco a forma que o narrador principal se expressa, pois é por muitas vezes corriqueiro. Por outro lado, a partir do momento que aprofundamos em Mariane, não tem como não se apegar. A personagem é bastante real, e suas histórias são fascinantes. Ainda soa "aishiteru" em meus ouvidos até hoje, na pós-leitura. No mais, é uma obra contemporânea bastante recomendável.
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Garotas Devorando Livros 09/01/2018

[...]

As histórias de Marianne são muito criativas e envolventes, ela as conta de tal maneira que o leitor também fica contando as horas para que ela volte no hospital e conte o restante daquele conto. A forma que o autor insere essas histórias nos leva diretamente àquela época e quase conseguimos ver a cena como em um filme. Eu adoro quando isso acontece, eu entro de tal maneira na obra que parece que faço parte de tudo aquilo. Em vários momentos eu me sentia dentro do hospital sendo uma telespectadora da Marianne.

[...]

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