Crônicas Fantásticas 21/10/2020
Minta Por Mim
Minta Por Mim
Por Ana Oliveira
Título: Minta Por Mim | Autor: Anne Holt Muller | Editora: Intempérie | Gênero: Romance | Páginas: 350 | Ano de publicação: 2018 | Nota: 4,0/5,0
Nesse período de quarentena, onde a gente desiste de ler jornal, ver TV e dormir já também não parece um bom programa, nos apegamos aos livros. Sim, sempre foram meu refúgio e nunca me decepcionaram. Imagine o quanto fiquei feliz ao saber que a Amazon estava com um montão de livros disponíveis e com preços interessantes. Fiquei em êxtase e sem demora corri para conferir os títulos.
Não lembro bem como cheguei a ele, mas o fato é que me vi observando a capa de um livro de título “Minta Por Mim”. Ao ler a sinopse, dizia ser o 1º romance de uma autora, famosa por seus livros da seção de thrillers. Não são os meus favoritos, mas eu já havia ouvido falar de “Areia Movediça”. Então, pensei em começar pelo romance.
A autora me era desconhecida e o que consegui descobrir numa pesquisa rápida no Google é que Anne Holt Muller é um pseudônimo e eu fiquei grata em descobrir que a autora é brasileira! Sim, tupiniquim. Natural do Espírito Santo, jovem (nasceu em 1999) e dona de um talento inegável além de uma determinação invejável, já que publicar livros no Brasil não é fácil. Como mencionei no início, ela é conhecida pela série Verflucht.
Acho que quem acompanha as resenhas aqui no site sabe que eu não sou do thriller, então, achar uma autora de thriller que escreveu seu primeiro romance me pôs curiosa. Peguei “Minta Por Mim” para ler. Não vou mentir, tive problemas para engatar na leitura. Acho que demorei uns 3 capítulos, me senti numa espécie de replay de outros livros que já tinha lido, mas me forcei a continuar e no quarto capítulo tive uma grata surpresa quando a narrativa tomou um outro rumo.
O livro conta a vida e encontro entre Catarina e Alberto. Ele é jovem bem sucedido, presidente da editora que herdara do pai. Ela trabalha lá como auxiliar de editora e, mais tarde, depois de formada, passa ao cargo de editora, propondo livros para publicação. Consegue nos cativar com o tempo sendo romântica com um espírito muito juvenil e cheia de energia.
O romance entre o casal principal vai se desenvolvendo de modo a quase parecer um conto de fadas, fazendo você realmente gostar do rapaz. Mas, como sou dessas leitoras que ficam esperando alguma coisa manchar a paz, tudo que tá muito bonito tem algo para esconder. E de fato, existia um problema. Não fiquem surpresos ao descobrir. Ouso dizer que até fiquei um pouco decepcionada quando comecei a notar outras nuances, pois pareciam óbvias demais.
Existiam pontos de tensão muito importantes dentro do personagem masculino principal. O trauma existente nele criou no seu íntimo um problema psicológico grave que era levado na narrativa com muita sutileza, quase como inexistente. O ponto de fuga dele é Catarina. Ela era seu refúgio, seu oásis e em determinado momento isso também some… Arrancado pelas suas próprias atitudes erradas. A narrativa começa com o foco dividido entre Alberto e Catarina. Mas o ponto de peso é Alberto. Ele é o agente motor dos acontecimentos e nossa… Ele precisa muito de ajuda.
Eu tive raiva… Muita raiva em 70% do livro. Fiquei revoltada com praticamente todos os personagens. Para mim existiam incoerências dentro das personalidades, mas no final, a vida não é coerente. A vida é uma bagunça mesmo. A gente que tenta arrumar e organizar ela o tempo todo. Voltando ao livro, quando as coisas começam a se encaminhar pra um final feliz o ritmo acelera de forma vertiginosa e eu me vi as lágrimas. Sim, porque a essa altura eu já tinha perdoado todos os personagens que me fizeram raiva e queria vê-los felizes. E as lágrimas foram o ponto que me fez perceber isso.
O final é clichê, mas lindo. Vale muito a pena ler, pois as voltas que a autora dá para chegar a ele nos deixam com o coração na mão de forma muito intensa. Eu realmente tive medo de que lá no finalzinho do livro a tão desejada felicidade não chegasse para eles. Só precisa ignorar a edição que ficou um pouquinho ruim, nada que interfira no prazer da leitura.
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