spoiler visualizarMarilda 07/02/2022
Opinião e Fragmentos
"As conversas com Borges eram, ao contrário, o que, na minha mente, toda conversa deveria ser: sobre livros e seu funcionamento, sobre escritores que ainda não tinha lido, sobre ideias que não tinham me ocorrido ou que eu vislumbrara de maneira hesitante, meio que por intuição (...) Eu não tomava notas porque durante aquelas noites me sentia feliz demais." (p. 17/18)
"(...) dizendo que a cegueira e a velhice eram maneiras diferentes de ficar sozinho." (p. 20)
"Garanto que existe entre esse velho bibliotecário e seus livros uma relação que as leis da fisiologia julgariam impossível." (p. 33)
"Sua biblioteca (que, como a de todos os outros leitores, também era sua autobiografia) (...) 'Sou um leitor que busca o prazer: nunca permiti que meu senso de dever influenciasse algo tão pessoal quanto a compra de livro'" (p. 34)
"De Foucault e Steiner a Godard e Eco e os leitores mais anônimos, todos herdamos a vasta memória literária de Borges." (p. 35)
"Não é de surpreender que, na minha adolescência assombrada pelos livros, eu me lembrasse de frases como essa logo antes de adormecer, como um encanto." (p. 43)
"Em parte, também vinha de conversas cotidianas, do hábito civilizado de sentar à mesa de um café ou de jantar com amigos e discutir as grandes e eternas questões com humor e franqueza." (p. 46)
"Não tinha paciência com burrice e disse certa vez, após conhecer um professor universitário particularmente obtuso: 'Prefiro conversar com um malandro inteligente'" (p. 46)
"Dois pesadelos assombraram Borges durante toda a sua vida: os espelhos e o labirinto. O labirinto, descoberto pela primeira vez durante sua infância numa gravura em chapa de cobre das Sete Maravilhas do Mundo, fez com que temesse 'uma casa sem portas' em cujo centro havia um monstro à sua espera; os espelhos o aterrorizavam devido à suspeita de que um dia mostrariam o reflexo de um rosto que não era o seu, ou pior ainda: um reflexo sem rosto." (p. 53)
"Para Borges, o conhecimento do amor devia ser encontrado na literatura." (p. 54)
"(...) ler é, para Borges, uma maneira de ser todos esses homens que ele sabe que nunca será: homens de ação, grandes amantes, guerreiros." (p. 59)
"Depois de Borges, depois da revelação de que é na verdade o leitor que dá vida e título às obras literárias, a noção de literatura como mera criação do autor se tornou impossível." (p. 62/63)
"Ele não fazia caso das críticas por achar que eram ataques às suas opiniões ('o aspecto menos importante de um escritor') e à sua política ('a mais miserável das atividades humanas')" (p. 65)
"(...) o escritor não devia cometer a descortesia de surpreender o leitor." (p. 67)
"'fazer listas é uma das atividades mais antigas do poeta'" (p. 68)
"Ele acreditava, contra todas as probabilidades, que nosso dever moral era ser feliz, e que a felicidade podia ser encontrada nos livros, apesar de não conseguir explicar a razão disso." (p. 69)