@blogleiturasdiarias 03/09/2018Tinha tudo para ser um ótimo livro, mas...Impérios dos Lobos tem um pacote completo para se encaixar como uma ótima distopia. Volume único, um universo bem criado e explicado, personagens que te conquistam, mas desandou no final. Não somente fica ruim no final, ele te deixa sem a resposta principal do enredo.
Éden tem a vida mudada após a Alcateia controlar a Terra. Alcateia é um grupo formado por pessoas denominadas Lobos, que atualmente detêm o poder e controle sobre as pessoas, tornando-a prisoneiras e escravos. Querendo fugir dessa realidade horrenda, seu pai antes de morrer deixou-lhe um guia com várias informações importantes sobre um local seguro chamado Refúgio. Agarrada a qualquer oportunidade de escapar das mãos dos Lobos, quando ela finalmente consegue fugir descobre que o Refúgio não é uma zona tão livre assim, e que muitas das coisas o qual acreditava podem ser mentiras. O que Éden irá fazer? Será que ainda existe um lugar para viver livre? Que mentiras são essas?
Atualmente tenho me perguntado se virou moda livros não terem finais "redondos" — finais onde temos respostas para todos os questionamentos dados durante a narrativa. Posso citar diversas obras lidas somente este ano em que o final ou é aberto ou não explica o que deveria explicar. E é triste ver um exemplar com vários elementos bons se perder por causa do dito cujo fim.
Aqui temos uma distopia com uma base sólida construída, e explicada, de modo que o leitor entende as modificações que ocorreu. Aliás é tão elaborada que temos trechos de acontecimentos do passado que incrementam o que ocorre atualmente no universo. Por si só é um grande feito pois obras únicas tendem a deixar falhas nesse quesito. Me senti impelida, assim como a protagonista, a descobrir o que de fato era verdade e quais mistérios existe após a guerra que conduziu a esse novo tipo de vida.
"Os Lobos pensam que amam a justiça. pensam que criaram igualdade ao inverter os pratos da balança. Eu acho que os Lobos amam apenas a si mesmo. Já faz dois anos que comi sorvete tirado do livro e quase o mesmo tempo que o tubo de sangue e dentes do meu pai fez do meu bolso sua morada. Dois anos podem eclipsar uma vida inteira, ao que parece." pág. 33
Cheguei a ficar surpresa com algumas reviravoltas não previstas — e nem cheguei a imaginar. Éden é fenomenal como personagem, tanto em personalidade quanto em atitudes nas situações impostas. Acompanhamos os altos e baixos dela, e juntos sentimos sua vontade e ganância de querer mudar seu estado atual, de querer sobreviver. Talvez seja por isso que fiquei extremamente chateada com o final aberto. Acho que nem posso classificá-lo como aberto porque a história para, e só.
Pensei que seria distópico misturado com fantástico, porém tende mais para distopia. Tem pontos de ficção científica relevantes também. As informações que alteraram a Terra que conhecemos foram colocadas, e elas estavam inseridas a medida que fosse necessário, para que houvesse possibilidade de desenvolver a narrativa. Mesmo assim, existe buracos.
Como boa parte dos livros do gênero, forma-se um grupo principal de personagens em que numerosos caem pelo caminho, e outros vão até o fim. A presença deles ao longo das páginas são importantes, entretanto não ao ponto do leitor se apegar. Senti falta de um melhor aproveitamento deles na escrita, até porque vários tinham grandes momentos a oferecer, e simplesmente evaporaram — posso exemplificar o Lonan e a Alexa. São falhas que se capta quando a trama fica pequena para quem é acostumado a ler séries, ou porque é rasa demais.
Acho que o enfoque foge um pouco da ficção quando o motivo que move a personagem é a esperança de algo melhor. Quando temos persistência no assunto de acreditar que tudo pode melhorar, dessa fé que pode mover montanhas, me senti meio perdida na leitura. E não é algo grandioso para ser considerado religioso, só que me incomodou. As descrições dos ambientes, dos locais é o maior ponto positivo. Grande parte dos acontecimentos ocorrem em ilhas, florestas, ou seja, rodeados de plantas. Consegui visualizar mentalmente tudo que me era apresentado de modo fácil. Se localizar é talvez a parte negligenciada, e a presença de um mapa resolveria rapidamente o item.
"Imagino que os Lobos são castelos de areia, que podem ser facilmente esmagados ou levados pelo mar. Imagino que haverá um dia em que eles não serão nada além de uma lembrança." pág. 271
De uma forma geral para o que se espera de uma ficção, foi apresentado diversos pontos bacanas. Falhas aqui e ali, falta de explicações, falta de orientação territorial são percalços que podem ser ultrapassados sem dificuldades. O que me incomoda é o final que não convence. Até para aqueles que tem mania de ler o fim antes de iniciar a leitura pode ir sem medo porque não entenderá nada. É como se faltasse capítulos ou um aprofundamento maior. Cheguei a procurar para saber se era volume único afirmadamente, e a informação encontrada foi que sim. Tornou-se mediano.
Na parte física a capa é simples e bonita. Seus elementos representam o que encontramos no conteúdo de forma clara. A edição tem diagramação limpa, sem erros de revisão ou ortográficos. Nada surpreendente. O que na época me fez querer conhecer a obra foi o fato de que os direitos de produção cinematográfica foram adquiridos pelo Leonardo DiCaprio. Espero que funcione melhor nas telonas, se sair. O que nos resta é aguardar.
Após a leitura fiquei um tempo pensando o que realmente pensava sobre Império dos Lobos porque cheguei a pensar que não estou em vibe de fantasia, ou porque li em um momento errado por causa da ressaca literária entre outras justificativas. Só que analisando friamente o que eu levo em conta para chamar um título de bom ou ruim, muitos pontos não encontrei, assim sendo essa minha opinião final.
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