Pam 31/01/2021
"As coisas são mesmo confusas na vida real! Não são claras e precisas como são nos romances"
Enquanto vimos no livro anterior momentos de transição da infância para a vida adulta, aqui, a maturidade finalmente cria raízes.
Anne passa a ir para a faculdade fora da Ilha, o que a deixa com infinitas novas oportunidades e, a própria faculdade fornece os caminhos para o amadurecimento dela. A procura de moradias, a escolha do bacharel, a ideia de casamento... Todas essas questões, praticamente inimagináveis na vida na pacata Avonlea, começam a surgir e a trazer muitas experiências novas e diferentes para a nossa protagonista. E não só pra ela: assim como em "Anne de Avonlea", esse livro traz um oceano ainda maior de novos personagens e cenários, os desenvolve muito bem, além de sempre deixar espaço também para os antigos: Diana, Jane, Ruby, Pricilla e, destaque aqui, principalmente, para o Gilbert.
O desenvolvimento do romance dos dois sempre foi slow-burn e aqui continua assim, porém com avanços mais claros e definidos. A Anne começa a enfrentar questionamentos sobre diferentes tipos de amor (romance? amizade?) e a forma como eles são abordados é muito bonita, nós vamos observando a Anne se descobrindo e aprendendo a lidar com sentimentos mais adultos que antes não eram explorados.
O livro todo é de uma metalinguagem bem interessante: A Anne sempre fala como gosta de histórias com grandes tragédias, e aqui vemos momentos dignos dos contos de infância da Anne. Não darei detalhes para não entrar em campo de spoilers, mas vale a pena citar que o livro tem um grande momento agridoce, em que mesmo que seja de grande tristeza, a forma com que tudo é abordado é tão bela, que você se sente privilegiado de estar lendo isso. Uma linda reflexão também sobre a juventude, a vida, e a morte.