Carlinhos96 18/12/2023
CONTEMPORANEIDADE EFÊMERA
Zygmunt Bauman foi um grande sociólogo polonês. Recebeu, em 1989, o Prêmio Amalfi pelo livro Modernidade e Holocausto e, em 1998, o Prêmio Adorno pelo conjunto de sua obra – mais de 40 livros! Em Vida Líquida, Bauman apresenta o retrato do homem hodierno na sociedade contemporânea. Para isso, Bauman utiliza todo seu conhecimento de vida, pois vivera no Século XX, época das duas grandes guerras mundiais, holocausto e de regimes totalitários de esquerda e direita. Além disso, autores como Adorno, Arendt, Durkheim, Freud, Heidegger, Kant, Levinas, Marx, Platão e Sartre são usados como referência para discorrer sobre todos os aspectos da vida líquida. A vida líquida é a forma como vivemos na sociedade líquido-moderna.
O autor dividiu sua obra em sete capítulos. Além de, uma breve Introdução, Notas, Agradecimentos e um Índice. Na Introdução, Bauman ilustra o homem contemporâneo na sociedade pós-moderna. Subsequente à introdução, O indivíduo sitiado trata da árdua busca do indivíduo por sua singularidade na sociedade de consumo (‘Seja você mesmo – prefira Pepsi’). No segundo capítulo, De mártir a herói e de herói a celebridade, abordar-se-á a origem e diferença entre o mártir e o herói moderno, de que modo esse último foi usado na construção dos Estados-nações e como fora substituído pelo consumidor satisfeito. Além desses dois personagens, as celebridades também são contempladas como pessoas que são conhecidas por suas características de serem bem conhecidas. No capítulo seguinte, Cultura: rebelde e ingovernável, ver-se-á como os termos cultura e gerenciamento surgiram e de que forma esses termos estão ligados. Refletindo, inevitavelmente, na seguinte questão: Se a cultura é criada pela sociedade, não seria, a cultura, uma forma de gerenciar e preservar padrões? No quarto capítulo, Procurando refúgio na Caixa de Pandora, falar-se-á sobre o mundo, que está ficando cada vez mais traiçoeiro e assustador e, por conseguinte, necessitamos de inúmeras ações defensivas como cercas-elétrica, muros e câmeras. No capítulo sequente, Os consumidores na sociedade líquido-moderna, falar-se-á sobre nós. Exato, nós somos os consumidores, e nós estamos inseridos numa sociedade de consumo, sociedade essa que tem por objetivo satisfazer todos os nossos desejos de forma que nenhuma outra sociedade jamais imaginou. O penúltimo capitulo Aprendendo a andar sobre areia movediça dedicar-se-á a educação. Bauman apresenta um problema, a produção de ignorância em grande escala. Pois, antigamente, um diploma universitário oferecia permissão para exercer a profissão até a aposentadoria e hoje, o conhecimento precisa ser constantemente renovado. Enfim, no último capítulo – O pensamento em tempos sombrios -, Bauman não só retoma os principais pontos dos capítulos anteriores como também aborda a responsabilidade os Estado em influenciar as nossas escolhas. As pessoas ainda estão dentro da caverna que Platão falara há muitos séculos (as pessoas querem ser enganadas, sabem que estão sendo enganadas). Mas deixam ser levadas pelo Mercado (neste caso, as sombras projetadas no fundo da caverna). O papel do Estado, deveria ser, agir para o bem do cidadão, ajudando-o a fazer as escolhas certas, mas não é isso que acontece.
Desta maneira, por mais que a leitura seja complicada, é mister a leitura deste livro. Afinal, essa obra retrata a vida que levamos na sociedade em que estamos inseridos, uma sociedade instável onde a única certeza é a efemeridade dos objetos e das relações.