Toni 03/03/2022
Leitura 073 de 2021
Onde as gaivotas fazem seus ninhos [2017]
Minna Miná (Paraíba, 1994-)
Edição da autora (via Catarse), 2017, 196 p.
Minna Miná é minha conterrânea, nasceu em João Pessoa e formou-se em Comunicação em Mídias Digitais pela UFPB. Onde as gaivotas fazem seus ninhos é o resultado de seu Trabalho de Conclusão de Curso e sua primeira novela gráfica. Inspirada na temporada que passou na cidade do Porto (Portugal) onde estudou Belas Artes, a história acompanha o cotidiano de quatro pessoas em momentos bem específicos de suas vidas, marcados por diferentes formas de se perceber só e pela maneira de se vivenciar, agir, encarar ou abraçar a solidão.
Um viajante sempre em movimento que acaba de chegar à cidade, uma estudante de intercâmbio adaptando-se à vida no país estrangeiro, uma executiva que deixa de ver sentido em seu trabalho e um rapaz que acaba de perder a avó são os protagonistas desse delicado conto sobre desaparecer e tornar-se visível, sobre aceitar mudanças e perceber a beleza por trás de uma forquilha no meio do caminho. As cores de Miná recorrem a uma paleta de tons quentes terrosos e outonais, e seus traços minimalistas são tão precisos que poderiam muito bem dispensar o texto que acompanha as imagens. O texto em si, ainda que acrescente beleza na fatura da obra, não deixa no entanto de conter muitos lugares comuns já usados nesse tipo de enredo. Mas nada que atrapalhe o conjunto.
Optando por páginas cheias e sem muitos enquadros, Miná compõe uma narrativa de leitura fluida e bem marcada por cores e elementos para cada núcleo de personagem. A fluidez, o caminhar e a própria movência da memória relacionam-se, assim, com a disposição das imagens e com o transbordamento de sentimentos que as composições da autora proporcionam. Melancolia e deslocamento fazem deste livro uma estreia auspiciosa e me deixam na expectativa por mais trabalhos da artista.