Nix

Nix Nathan Hill




Resenhas - Nix


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Túlio 05/05/2018

De causar inveja!
Puxa vida! Que livro! Eu sei que as vezes nós exageramos nas resenhas, ou superestimamos as coisas de um modo geral. Eu mesmo detesto isso. Porém tenho que confessar: Fiquei com inveja! Queria ter escrito esse livro! Um feito e tanto!

E antes que os críticos de plantão ou os "leitores profissionais" fiquem perturbados com opiniões não tão formais, aí vai:

Gosto de resumir minhas impressões assim que termino de ler o livro. Eis aqui:

Em primeiro lugar, não parece uma "estréia". De jeito nenhum!!! O autor tem identidade própria, bem definida em sua escrita. Sabe o que faz. E o faz muito bem, com fluidez, e nos momentos certos permite-se "vôos mais distantes". Ele acerta no equilíbrio, na constância da escrita. Sem exageros, sem apelar para emocionalismo, e no entanto, sem deixar de revelar o mais humano de cada personagem.

Aliás, os personagens são muito bem construídos. Gostei da forma como o livro foi editado. Capítulos de 10/15 páginas dedicados aleatoriamente a cada personagem, e a medida que o enredo avança às histórias vão se entrelaçando. É possível 'respirar' e absorver a trama pouco a pouco. O que ajuda bastante, pois trata-se de um calhamaço de 600 e tantas páginas que você engole sem nem perceber.

Em resumo os temas giram em torno de: tecnologia, guerra, família, trabalho, paixão, infância, lealdade, alimentação, drogas, movimento hippie, e obviamente uma pontinha de flashback dos anos 60.

Gostei para caramba! A literatura também precisa ser escrita para tempos atuais. Em minha humilde opinião, esse livro é um bom exemplo disso. Vale a leitura!!

(para quem curte Jonathan Franzen, Zadie Smith, Ian McEwan, etc... vai gostar bastante)
Francisco 29/06/2018minha estante
Muito bom. Que final de 5a parte linda hahaha.


May | @vidadaleitora 27/03/2021minha estante
Sua resenha me deu vontade de ler! Obrigada


Lavinia166 29/03/2022minha estante
Eu adorei demais, resenha perfeita


Carlos531 01/03/2024minha estante
Terminei agora. Minhas considerações foram as mesmas. Muito pesado os dilemas. Emocionante. Não sou de me emocionar tanto em leituras, mas este me fez respirar fundo, tomar uma água e tentar relaxar. Kkk




Gih Camargo 05/09/2021

Melhor leitura de 2021
Mesmo após 15 dias desde que terminei NIX, não consigo tirar esse livro da cabeça. Apesar de ser um calhamaço (particularmente eu prefiro livro mais longos porém tenho preguiça de começar), não achei o livro parado muito menos enrolado. Os capítulos intercalam entre os personagens, e passado e presente, por tanto não é apenas a história de Samuel e sua mãe mas de outros personagens que fazem vc ficar ansiosa pra saber a ligação deles com a historia. O passado de Faye e de Samuel são com certeza a melhor parte do livro, as histórias do fantasma de Faye, a amizade de Samuel com Bishop e como ele se reencontrou com Bethany. Um dos momentos mais difíceis foi o plot twist no final do livro que me deixou boquiaberta por tanto recomento para todo mundo que adora se envolver com o livro e não conseguir largar, porque eu mesma enrolava para terminar por ser tão bom e não querer me desfazer da historia.
Bandeira5 05/09/2021minha estante
Mandei DM




Daniel 21/12/2018

O que você mais ama é o que mais vai te machucar
“Nunca fomos tão radicais em política, tão fundamentalistas em religião, tão rígidos em nosso pensamento, tão incapazes de empatia”.

Livro de estreia de Nathan Hill, a trama é desencadeada quando Samuel vê no noticiário que um político de extrema direita, favorável à liberação das armas de fogo, com seguidores evangélicos conservadores, etc., sofreu um atentado. Com este fato, este candidato até então medíocre vê aumentar muito suas chances de chegar à presidência... História política recente do Brasil? Não! Rs... Estamos em Chicago, em 2011. E quem pratica este atentado - não uma facada, apenas pedras foram atiradas contra ele – é Faye, mãe de Samuel, que o abandonou na infância sem maiores explicações. Este reencontro desencadeará uma série de revelações numa verdadeira jornada em três tempos diferentes: nos dias da ação em 2011; na infância de Samuel, na iminência de ser abandonado pela mãe em 1988; e na juventude de Faye, em meios às manifestações da contracultura em 1968.

É interessante observar o comportamento da juventude do final dos anos 60 (Faye e seus amigos, com seus idealismos, idéias libertárias e pacifistas, criando movimentos contra a guerra e governos repressores) e comparar com os jovens dos tempos atuais (os alunos de Samuel: jovens desinteressados além de si próprios, egoístas, egocêntricos, mimados, cuja única preocupação é ganhar likes nas redes sociais). A apesar destas diferenças gritantes, os jovens são sempre os mesmos: querem ser amados, admirados, abraçando as causas mais diversas atrás de aceitação.

A escrita lembra um pouco a de Donna Tartt – personagens bem construídos, riqueza de detalhes, algumas digressões e prolixidades às vezes excessivas em alguns trechos, pequenas reflexões permeando a narrativa. Ao mesmo tempo em que o enredo de fisga com suas reviravoltas, encontros e coincidências, sempre há espaço para alguma reflexão, tipo esta: “Às vezes estamos envolvidos demais em nossa própria história e não percebemos que somos personagens coadjuvantes na história dos outros.”

Gostei muito, superou minhas expectativas. Achei estranho como um livro tão bom tenha sido tão pouco divulgado. Eu acompanho os lançamentos nos suplementos literários nos jornais, revistas e internet - uma sinopse dessas teria com certeza chamado minha atenção... não lembro de ter lido NADA. Cheguei a ele por indicação de um amigo, que sempre acerta nas suas dicas. Parece que vai virar filme ou seriado com Meryl Streep no papel de Faye. Tomara! Assim as pessoas vão descobrir este livro tão bacana.
edu basílio 21/12/2018minha estante
que legal, dani, sua resenha me deu vontade de ler :-)


Daniel 21/12/2018minha estante
Adorei Edu! Leia sim que vale a pena!


May 01/01/2019minha estante
Eu já estava com vontade ler, depois que li sua resenha a vontade aumentou bastante.


José Carlos 03/09/2021minha estante
Estou com ele na estante! vou dar uma atenção para ele!




RobertaToussaint 15/01/2021

Um dos melhores livros que li na minha vida.
Um livro fluido. Um livro tão bem escrito e construdo. Possueim um enredo cheio de linhas que acabam passando por vários lugares e vão se interligando ao decorrer da trama. A história te preenche e te marca, não te deixando esquecer, mesmo contando com várias informações. É uma leitura sem exageros que te permite respirar e absorver tudo o que ela tem a oferecer, regada de tramas muito interessantes e personagens muito bem construídos, cada um com sua peculiaridade.
Nathan Hill construiu um romance bastante ambicioso e inteligentíssimo, com bastante pesquisa e informação, abordando várias coisas e personagens, cruzando as histórias em diferentes pontos sem deixar pontas soltas. Um livro que entretém, ensina e causa reflexão.

Eu sentir tantas coisas ao ler esse livro. Tantas emoções diferentes e intensas. Amo essa estórias e seus personagens. Vou levá-los comigo pra sempre.
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Guilherme Vechiato 13/05/2021

Você está incomodado com sua vida?
Ler Nix foi uma saga, passando por altos e baixos. É difícil falar sobre esse livro na escrita, seria mais fácil por vídeo, mas eu não tenho coragem kkkk.

Eu gosto muito da história principal do filho querer descobrir sobre a mãe que o abandonou. E isso nos leva em uma viagem por vários momentos da história americana, guerra do Vietnã, até no interior da Noruega. Essa mistura de real e ficção é muito bem feita.

As ramificações da história, os personagens secundários que aparecem não tem a força dos personagens principais, mas ajudam a história a fluir, mesmo alguns sendo muito chatos e os responsáveis pelo lentidão da minha leitura.

Uma coisa que notei é como todos os personagens do livro são solitários e acomodados com a vida ao seu redor. Como eles sonham em mudar, sem forças para conseguir. As vezes o livro te dá um tapa na cara e te mostra como a realidade realmente é.

Mas o que me afastou do livro foi o autor ser prolixo demais, é um exagero de descrições que em vários momentos não influenciam em nada na história. O livro poderia ter 150 páginas a menos, e na minha visão isso o deixaria mais marcante.

A Faye que é a melhor personagem da história, dentro todos que aparecem, ela é a única incomodada com estagnação da vida. Mas isso trás grandes consequência, escolhas difícies, arrependimentos, etc. Então aceitar a acomodação é bom?

Mesmo sendo um calhamaço de quase 700 páginas, ao término você sai satisfeito com o que leu, pois apesar dos deslizes e descrições infinitas o livro te trás uma história que te faz pensar e rever algumas coisas na sua própria vida.
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Matheus 15/03/2021

as coisas que você mais ama são as que mais irão machucá-lo
Por vezes é difícil definir o tema de um livro, principalmente quando este aborda tantas coisas, como é o caso de Nix.

Mas, se posso arriscar um palpite, este seria: frustração.

A insatisfação com as próprias escolhas é o que desencadeia a via crucis dos principais personagens da história. Essa frustração cria ciclos viciosos que afetam vínculos afetivos, a vida profissional e a saúde dos personagens.

Com seus fantasmas e arrependimentos, os personagens impactam na trajetória uns dos outros, através do abandono, do ciúme, do abuso, do julgamento: "às vezes estamos envolvidos demais em nossa própria história, e não percebemos que somos personagens coadjuvantes na história dos outros"

É um convite a refletirmos sobre nossas atitudes para com as pessoas que amamos.



Sarah 05/04/2021minha estante
quero ler!!! tu tem ele físico?


Matheus 05/04/2021minha estante
sim!!




Nath 25/03/2021

"Se você não sente medo, então a mudança não é real."
Esse é um livro que digo sem qualquer vergonha que comprei totalmente sob influência de terceiros (alou Lucas Barros, saudações do surto e obrigada!) e sem qualquer expectativa. Não esperava que fosse ruim, mas também não esperava nada grandioso. Mais um feliz engano, portanto.

Nix foi um dos poucos livros que me fez literalmente gritar de ódio de um personagem. Um dos poucos que me fez sentir quase dor física de tanta angústia ao longo de algumas passagens. Um dos poucos que me fez sentir tanta compaixão, tanta empatia e ao mesmo tempo tanta revolta e tanta raiva que eu honestamente terminei chorando e com a sensação de precisar reavaliar a minha existência por completo. Soa dramático? Provavelmente. haha Mas sinceramente, eu não esperava mesmo pelo impacto.

Esse livro me deixou pensando muito e justamente por isso, vou tentar não enrolar muito pra dar minhas impressões.

À respeito da escrita, posso dizer que gostei muito. É tudo muito simples e objetivo, ao mesmo tempo que dá os detalhes necessários pra que nada fique raso ou mal explicado. Isso ajuda muito na fluidez da leitura, o que em geral já considero muito importante, mas quando estamos falando de um livro que beira 700 páginas, acho que é algo que pesa ainda mais.

Outros aspectos que considero bem importantes e que foram bem atendidos pra mim foram: a forma como o autor desenvolveu assuntos super delicados e polêmicos (o livro tem vários gatilhos, inclusive, vale pontuar) de uma forma super sutil e responsável, nunca deixando cair no sensacionalismo ou na banalidade; e a sensação que tive de que realmente houve um trabalho bem caprichado de pesquisa, de modo que mesmo o que provavelmente foi aumentado e/ou inventado sobre os assuntos/fatos abordados pela história, não deixam a sensação de "absurdo", logo, de maneira geral, tudo parece bastante sólido e verossímil. Inclusive, vale destacar que a atmosfera dos anos 60/70 e o contexto político e social que a envolve é relatada maravilhosamente e é a minha parte preferida do livro (e possivelmente a que mais me fez refletir também).

Gostei demais da construção dos personagens. Em geral, minha preferência disparada nesse aspecto é ler sobre pessoas comuns, independente da situação em que estão inseridas, porque não só me sinto mais propensa a me conectar com elas, mas também gosto de involuntariamente me colocar no lugar delas e me questionar sobre como eu me sentiria e como agiria se aquilo estivesse acontecendo comigo. Nesse livro, encontrei exatamente isso. O autor conseguiu criar vários personagens totalmente críveis e dolorosamente "reles humanos" como quaisquer de nós e todos eles foram muito bem desenvolvidos. Mesmo que alguns obviamente ocupem uma parte significativamente maior do livro, não achei que algum deles ficou mal explorado, por exemplo; na medida de sua importância, cada um teve seu espaço e sua construção de acordo com o que era necessário para contribuir na trama e na minha visão, (quase) todos tiveram desfechos que lhes fizeram justiça.

Como já mencionei, esse livro tem bastante gatilhos (o que eu sinceramente não esperava) e isso, aliado ao fato de que os personagens são tão humanamente próximos da realidade fez com que a leitura me atingisse com mais força. Consegui me conectar e me identificar com mais de um personagem e/ou situação. E tudo isso trouxe muitos questionamentos que sinceramente não sei se estava pronta pra me fazer, mas que são certamente muito válidos.
Eu terminei esse livro questionando a mim mesma (quem sou? o que sou? isso importa?), as minhas escolhas (o que estou fazendo com minha vida e com meu tempo? eu estou onde queria estar ou só me acostumei com o caminho mais fácil e tenho medo de arriscar uma mudança rumo ao que realmente quero?), as minhas relações (nem tudo é sobre mim, será que eu realmente compreendo isso?) e as minhas crenças (afinal de contas, quais são minhas ideologias? Por que? Elas me representam de fato? Até onde o que creio, creio pelo "bem comum" e até onde creio apenas em benefício próprio?). Porque Nix me ensinou muito sobre a efemeridade da vida e sobre a importância das pessoas, sobre conceitos de felicidade, de tempo e de justiça; acima de tudo, Nix me ensinou sobre empatia, desprendimento e perdão. Isso eu certamente vou levar pra sempre.

Nix no fim das contas, não é meu Nix, mas com certeza me marcou pra uma vida inteira.
Catarina42 25/03/2021minha estante
Pronto fiquei com vontade de ler


Nath 25/03/2021minha estante
POIS LEIA AGORA




Jenifer Tertuliano 19/11/2021

Incrível!!
Eu amei esse livro, os assuntos abordados, o drama, a intensidade tudo está na medida certa.
É impossível descobrir os rumos que a história toma, são tramas dentro de tramas, onde os personagens secundários ganham vozes em capítulos inteiros, e nada é colocado sem uma ligação futura com o todo.
Existem descrições nesse livro, que não encontrei em lugar nenhum, a apresentação de uma situação ou um acontecimento é descrita de uma forma tão incrível, que chega a ser real, os cheiros, os sintomas, o formigamento de uma perna que está parada a muito tempo, não li nada igual.
Mais um favorito.
Ainda bem.
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Livros e Pão 07/04/2021

A minha melhor leitura de 2019
Esse foi o primeiro livro que eu li em 2019 e conseguiu se manter no topo mesmo após todos os outros livros que li naquele ano. Ainda hoje, lembro dos meus sentimentos ao lê-lo. Na minha opinião, tem um dos melhores inícios de todos os tempos. Esse livro é sensacional e acho que deve ser cada vez mais lido e comentado.
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Renan 08/09/2020

Nix é, sem dúvidas, uma das minhas leituras preferidas. Confesso que fiquei com um pouco de medo de não conseguir terminar uma livro de quase 700 páginas. Mas Nathan Hill torna a experiência leve, enchendo o leitor de detalhes, histórias, personagens únicos, capítulos curtos e curiosos ganchos entre as divisões. O livro é composto por inúmeros personagens, que não necessariamente interagem entre si, gravitando sobre as histórias de Samuel e Faye. Eu li a pouco tempo um livro sobre a mitologia nórdica, então a história da família de Faye me pareceu familiar e íntima. Finais que fogem um pouco da mesmice e personagens que não foram esquecidos ao longo da obra. E por fim, a "lição"que tiro da leitura: uma mesma história é composta de inúmeras perspectivas, vilões e mocinhos se confundem e protagonistas são coadjuvantes nas narrativas alheias. Obrigado, Hill!
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Luciano Otaciano 21/03/2022

LIVRO muito bom! Um mix delicioso de temas importantes!
Samuel Anderson é um professor de literatura inglesa numa universidade próxima a Chicago. Está na casa dos 30 anos de idade, há 10 anos assinou contrato para um livro – que nunca chegou a terminar de escrever – e sente um imenso tédio ao dar suas aulas: alunos desmotivados, que não se interessam pelo tema e estão lá apenas por obrigação. A única coisa que faz Samuel esquecer um pouco da vida estagnada é Elfscape, um RPG online que joga após o expediente. Certamente Samuel preferiria continuar na calmaria do tédio cotidiano do que ter que lidar com vários problemas que surgem ao mesmo tempo: a PERSEGUIÇÃO de uma aluna que não aceita ser reprovada e o retorno de sua mãe, que o abandonou quando ele tinha 11 anos de idade.
Em Nix, Nathan Hill constrói uma história de relacionamentos – familiares e amorosos – e de fugas. Tudo começa quando Faye Andresen-Anderson deixa sua casa para nunca mais voltar. Seu marido e seu filho não percebem, mas durante um ano as coisas da mãe foram sumindo aos poucos, retiradas uma a uma de casa, até que ela mesma vai embora. Vinte anos depois, Samuel é contratado por um advogado para que ele ajude na defesa de Faye: ela jogou pedras num pré-candidato à presidência dos EUA, ferindo-o no olho, e está sendo processada. Depois de tantos anos sem contato com a mãe, Samuel sente raiva e alívio ao mesmo tempo. Raiva por estarem pedindo que ele a defenda depois de todo o trauma do abandono, alívio por saber onde está sua mãe.
Enquanto a história de Faye se desenrola, Samuel tem que aturar as mentiras de Laura, uma de suas alunas de literatura que foi pega plagiando. A garota tenta usar de todos os argumentos para escapar da reprovação – e essa é uma das cenas mais legais do livro, em que Samuel elenca as falácias lógicas do discurso e as aplica nas lamúrias da própria aluna. Quando vê que a mentira não se sustenta, ela ataca o próprio sistema de ensino. Quando vê que as críticas também não se sustentam, insinua que Samuel esteja a fim dela. Para sair desse turbilhão argumentativo, a única saída que Samuel vê é falar a mais pura verdade: Laura é burra. O problema não é a matéria, não é o sistema educacional, é a incapacidade dela de estudar. Laura, como uma boa jovem que tem certeza de que pode conquistar tudo o que deseja e que acredita ter direitos sobre todos os outros, não engole a ofensa.
Com esses dois problemas para resolver, Samuel ainda recebe outra notícia agravante. Guy Periwinkle, seu editor, avisa que ele deverá devolver o adiantamento do livro nunca terminado, caso contrário a editora entrará com uma ação contra ele. Preocupado com seu futuro profissional e vendo vídeos da mãe jogando pedras num político o tempo todo, ele aproveita a mudança de foco da carreira de Periwinkle para fazer uma contraproposta. Seu editor não se importa mais com literatura, e sim com livros bombásticos, os best-sellers que tratam dos assuntos do momento e vendem como água. Faye é o assunto da vez, e Samuel topa escrever um livro contando os seus segredos – que nem ele conhece. E é dessa forma que ele irá se reaproximar da mãe. Hill intercala a narrativa entre diferentes personagens e diferentes tempos, não se concentrando apenas na perspectiva de seu protagonista. Laura, a aluna, ganha um discurso bem característico de jovem mimada, mas não exatamente burra: ela sabe bem como usar a dissimulação para virar o jogo a seu favor. Pwnge, parceiro de Elfscape de Samuel, tem uma narrativa paranoica e caótica, seu vício no jogo exigindo cada vez mais da sua mente e sacrificando qualquer desejo que ele tenha de ter uma vida saudável – ou de ter sua mulher de volta. Já Samuel tem aquela aura melancólica, uma tristeza provinda do constante sentimento de abandono e também arrependimento pelas escolhas que fez até agora. E para entender melhor por que Samuel se sente assim, é necessário voltar ao passado.
O relato sobre a infância de Samuel é uma das partes que mais gostei do livro e que achei mais consistente. Ele não percebe exatamente a crise que está se instalando em sua casa, pois está envolvido em uma nova amizade com um casal de gêmeos que moram próximos do seu bairro. Bishop é um garoto atrevido, brincalhão, que sempre arrasta Samuel até sua grande casa para jogar videogame, ou o faz se embrenhar no bosque em busca de alguma aventura. Sua irmã gêmea, Bethany, é muito mais contida, uma violinista com grande talento. Samuel sente uma ligação intensa com Bishop, enquanto Bethany vira seu primeiro amor. Mas as coisas nunca andam como deveriam ser: logo após o dia em que Faye deixa a casa, seus amigos também vão embora, e Samuel fica novamente sozinho. Essas duas perdas se tornam o eixo de sua vida.
Por boa parte de Nix a narrativa se concentra em Samuel, nos assuntos inacabados de sua vida e o iminente reencontro com a mãe. Além da questão da agressão, descobre-se que ela  foi presa nos anos 1960 em Chicago por prostituição e participava de manifestações anti-guerra. Informações que Samuel não fazia ideia que pudessem ser reais. Para ele, Faye nunca foi à faculdade, e ele percebe que há muito mais para descobrir.
Importante explicar também a história da própria Faye: filha de um imigrante norueguês, foi criada como uma boa garota da metade do século XX: recatada e estudiosa. Mas seu bom desempenho escolar não era o bastante para fazer que seu pai se orgulhasse da filha. A única coisa que o deixava feliz era relembrar os velhos tempos na Noruega, o lugar em que vivia, o barco em que pescava. Contar para a filha e os amigos, com um olhar distante, as lendas do lugar: os espíritos da casa e outras criaturas fantásticas. Uma dessas criaturas seria o nix, um cavalo que atraía crianças para sua garupa, que cavalgava livremente pelos campos e acelerava com tudo ao se aproximar de um penhasco, de onde se jogava com a criança. Essa lenda é um resumo do próprio livro, se olharmos para a definição que Faye dá para ele:
E é justamente isso o que acontece com Samuel. Primeiro, é machucado pela mãe ao ser abandonado. Depois, por Bishop e Bethany, que vão embora justamente quando a amizade deles estava se fortalecendo – e, anos depois, os dois de certa forma também vão cravar mais uma facada em Samuel. E o motivo desses abandonos todos é a fuga: Faye foge de casa para perseguir a vida que renunciou ao sair da faculdade e voltar para o interior, decidida a se casar com o namorado do colegial e seguir uma vida regrada, constituir sua família. Assim como ela foge de Chicago para não ter que lidar com as consequências dos protestos, que adquiriram uma proporção bem maior do que a esperada. E depois, foge da vida em família para perseguir a vida que sempre sonhou, mas não teve coragem de ter. E Samuel também é uma pessoa que foge, mas da realidade. Quando stalkeia Bethany para saber como ela está, ele tenta ignorar tudo o que deu de errado entre eles. Quando entra em Elfscape, tenta fugir de todos os problemas que estão aparecendo no presente.
Essa divisão entre Faye e Samuel é muito importante no livro. Em um momento sabemos tudo sobre Samuel, mas pouco sobre a mãe. Temos uma visão única de uma história, e ficamos com ela. Mas Hill, na segunda metade do romance, inverte o jogo e coloca Faye no centro da narrativa, até então meio esquecida em meio aos flashbacks do filho. Sua história na pequena cidade onde nasceu, sua ida para Chicago, como foi parar nos protestos contra a guerra no Vietnã, o que aconteceu que a fez voltar para casa e nunca mais mencionar Chicago outra vez. Você se simpatiza rapidamente com a Faye jovem, que só queria ter mais da vida do que se espera de uma mulher. Que percebe as mudanças sociais que estão surgindo e acredita que elas são boas. Que não se contenta em ser mais uma dona de casa.
Nix é um livro com ótimas personagens, mas não é perfeito. Algumas coisinhas durante a leitura, por mais entretido que eu estivesse, me incomodaram. Laura, Pwnge, Bishop e Bethany mereciam mesmo tanto destaque no livro sendo que não são exatamente fundamentais para a história? Pois Hill dedica capítulos e capítulos a essas personagens que não têm participação muito ativa no drama que Samuel vive com sua mãe. Não é algo que estraga o livro ou o torne enfadonho, pois são realmente bem construídas – um dos melhores capítulos narra as consequências físicas e mentais que os games causam em Pwnge, por exemplo. Porém, Nathan Hill quer abarcar muita coisa de uma vez só em seu primeiro romance, e talvez o resultado fosse mais satisfatório se ele se concentrasse nas personagens principais: Samuel e Faye. Em resumo, NIX é um livro muito bom. Os dois primeiros capítulos são muito bem construídos – o abandono de Faye e seu ataque televisionado, com um sarcástico narrador apresentando como funcionam as engrenagens do entretenimento. Ele é um livro com boa dose de humor e drama, e com personagens com quem você facilmente se relaciona, até mesmo as mais irritantes. E há muito mais dentro do livro que eu gostei, mas separadamente, pois não parecem fazer parte da trama do mesmo livro. Enfim, a obra não decepciona, mas também não surpreende de um jeito contagiante. Recomendo! Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima!
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hércules 19/03/2021

Feelings
Que viagem! NIX pode ser qualquer coisa - suas angústias, seus medos, suas alegrias, sua libertação, seu passado, seu lar. O texto que Nathan Hill escreve permeia por uma história rica de conteúdos históricos envolvendo as manifestações que ocorreram em 68, em Chicago; pela infância marcante dos personagens envolvidos e, principalmente, pelas influências que o nosso passado traz para a nossa vida.
É um livro complexo e ao mesmo tempo simples de ser entendido, cativante, emocionante, cruel, verdadeiro, um soco no estômago que nos faz refletir sobre vários aspectos da vida em geral. Uma conversa maravilhosa com o autor e sobre as suas experiências de vida, todas transportadas para o universo de NIX, de forma que eu consegui sentir tudo aquilo que o autor quis que eu sentisse e um pouco mais, e de repente eu me sentia teletransportado para a vida de Samuel e de sua mãe, Faye, odiando-os, depois amando, depois sentindo repulsa e depois torcendo por eles.
É devido a esse misto de emoções que NIX se tornou um favorito. E o melhor de tudo é que eu comecei a ler o livro sem esperar nada - e ele me entregou tudo.
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Ayla Cedraz 22/04/2021

Vida, família e memória
Porque acho que a história é sobre isso, afinal. Em especial, sobre como a segunda e a terceira se emaranham na primeira, desaguando em resultados que, ao contrário do que pensamos, não são finais. Se percebemos que estamos vivendo o resultado de uma série de escolhas ruins (nossas e dos outros), podemos voltar. Tão simples, e comumente esquecemos dessa possibilidade, ou ignoramos.
Não voltar pro começo, é claro. A vida não é uma realidade virtual, como bem esclarece Nix. Não podemos, por exemplo, apagar nosso perfil e começar um inteiramente novo, sem rastros, sem vestígios do perfil anterior. Mas pelo menos saberemos melhor para onde não ir, o que não priorizar, o que não sacrificar.
Saio de Nix pensando tanto sobre a minha vida quanto sobre a vida dos que me cercam. Todas elas também são resultados de uma série de escolhas, e às vezes não percebemos quando alguém está tentando voltar para o ponto onde tudo pode mudar.
"Às vezes estamos envolvidos demais em nossa própria história e não percebemos que somos personagens coadjuvantes na história dos outros".
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suellem 11/03/2021

Nix
Que história sensacional .
Um livro muito interessante, cheio de reviravoltas.
Gostei bastante dessa leitura, apesar de ser um livro grande a história é muito fluída e muito emocionante.
Alice é uma personagem secundária muito interessante. Eu amei acompanhar a história dela e como ela se desenvolve. .
Um livro maravilhoso sobre família , segredos do passado , mágoas e principalmente sobre seguir em frente .
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Nic 26/07/2020

Bom livro.
"As vezes estamos envolvidos demais em nossa história e não percebemos que somos personagens coadjuvantes da história de outros" (p663).
Começou arrebatador, com um prólogo que me fez fechar o livro e ficar pensando... O primeiro capítulo então parecia que eu estava lendo a história de Bolsonaro,um político medíocre que sofre um atentado...
Então o livro (as vezes lentamente demais) vai crescendo, contando sobre Samuel e Faye (sua mãe que o abandonou na infância). A história basicamente é dividida em três tempos, 1968 na juventude da mãe, anos 80 na infância de Samuel e o período atual nos anos de 2011.
É um livro sobre seres humanos, sobre a sociedade atual, sobre o vazio ocupado por jogos de computadores e o virtual, sobre o sonho americano, sobre o quanto o modelo escolar atual vem formando pessoas medíocres, sobre a ilusão da escolha e o consumismo, sobre mídia, política e fake news.
Uma boa leitura para passar o tempo e que também nos faz refletir sobre alguns temas e traz a tona alguns fatos históricos e até mesmo lendas, como por exemplo a lenda norueguesa de NIX.
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