Bíblia - Novo Testamento

Bíblia - Novo Testamento Frederico Lourenço




Resenhas - Bíblia - Novo Testamento


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Ramon 25/03/2023

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"Que nenhum de vós sofra como assassino ou ladrão ou malfeitor ou como escrutinador da vida alheia. Mas se sofre por ser cristão, que não se envergonhe [...]"
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Alan Martins 06/05/2018

Em busca da tradução mais fiel, parte II
Título: Bíblia, vol. II: Novo Testamento: Apóstolos, Epístolas, Apocalipse
Autor: Vários
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2018
Páginas: 616
Tradução: Frederico Lourenço

“Por isso és indesculpável, ó homem, tu, qualquer um que sejas, que te pões a julgar. Pois naquilo em que julgas outra pessoa, condenas-te a ti mesmo, já que tu — que julgas — praticas as mesmas coisas.” Rm 2:1, p. 167

Dando continuidade ao ambicioso projeto de Frederico Lourenço, a editora Companhia das Letras publica o segundo volume dessa nova tradução bíblica, completando a publicação do Novo Testamento.

PORTUGUÊS AMBICIOSO
Frederico Lourenço, além de tradutor, é escritor e professor de grego antigo. Leciona, desde 2009, na Universidade de Coimbra, uma das maiores universidades de Portugal e uma das mais antigas do mundo ainda em funcionamento.

Grande especialista em clássicos, já verteu para a língua portuguesa as principais obras de Homero, Eurípides, Hipólito e Íon. Porém, parece que traduzir todos esses importantes autores não foi o suficiente, pois decidiu dar início a um projeto de maior ambição: traduzir a Bíblia dos Setenta (Septuaginta).

Seu projeto não busca ser a grande revolução bíblica, uma tradução que anulará as demais. Trata-se de uma tradução crítica, ou seja, pretende se manter o mais fiel possível ao texto original, sem que quaisquer interpretações teológicas permeiem as palavras. Sendo assim, esse talvez seja o maior trabalho crítico de uma tradução da Bíblia para a língua portuguesa, o primeiro a se propor a traduzir toda a Septuaginta.

“O amor é paciente, prestante é o amor: não inveja, não fanfarrona, não se incha [de vaidade]; não é indecoroso, não procura as coisas [que são do interesse] dele; não se irrita nem contabiliza o mal [que lhe é feito]; não se alegra com a injustiça, mas se alegra pela verdade.” 1 Co 13:4-6, p. 254

BÍBLIA GREGA
Assim é conhecida, também, a Septuaginta. O nome vem da lenda por trás dessa versão da Bíblia. Dizem que setenta sábios, a pedido de Ptolomeu II Filadelfo (faraó do Egito, de 283 a 246 a. C.), foram reunidos com o intuito de verter o Antigo Testamento para o grego arcaico, conhecido como koiné.

Os manuscritos mais antigos, e mais bem preservados, dessa versão da Bíblia, datam do século IV. Conhecido como Codex Sinaiticus, o manuscrito foi descoberto no Mosteiro de Santa Catarina, em Sinai, Egito. Partes desse códice estão espalhadas por diversos países, porém sua maior parte encontra-se na Biblioteca Britânica. Sua importância é enorme, porque representa um texto mais puro, menos tendencioso, já que alterações, por parte de copistas, eram comuns antes da invenção da imprensa.

Como se sabe, os livros que compõem o Novo Testamento não precisaram passar por um processo de tradução, afinal foram escritos, originalmente, em grego koiné (isso é consenso entre os pesquisadores e críticos do NT).

“Porque se alguém é ouvinte de palavra e não praticante, essa pessoa é como um homem que olha no espelho para a cara [que tem] desde a nascença; viu a si mesmo e afastou-se e logo se esqueceu do seu próprio aspecto.” Tg 1:23-25, p. 474-475

NOVO TESTAMENTO, SEGUNDA PARTE
O primeiro volume desse projeto foi publicado no Brasil em 2017 e apresenta a primeira parte do Novo Testamento: os quatro Evangelhos, que narram a vida de Jesus Cristo. A publicação desse segundo volume completa a tradução dessa coleção de livros tão importante para o Cristianismo.

Se nos Evangelhos conhecemos a história de Jesus, do seu nascimento a sua morte e ressurreição, nos demais textos do NT (Atos dos Apóstolos, Epístolas, Apocalipse) encontraremos o que aconteceu depois: os primeiros passos do Cristianismo.

Um dos mais importantes nomes para a divulgação da palavra de Jesus foi Paulo, que, até antes de sua conversão, era conhecido por Saulo, um judeu perseguidor de cristãos (as primeiras comunidades cristãs sofreram grande perseguição). A maior coleção de epístolas presentes no NT é de autoria paulina (críticos contestam a autoria de algumas dessas cartas, pois, segundo eles, foram escritas por autores pseudopaulinos), e boa parte de ‘Atos dos Apóstolos’ narra sobre os feitos e aventuras desse autor.

Paulo não teve uma vida fácil, sofreu muita perseguição e violência, assim como rivalizou com outros homens que espalhavam a Boa Nova, principalmente no tocante à circuncisão de novos cristãos, ato ao qual se opunha, mas que era defendido por muitos, como o apóstolo Pedro, por exemplo.

“Mas o amor perfeito atira o medo para fora, porque o medo tem castigo; e quem sente medo não se aperfeiçoou no amor.” 1 Jo 4:18, p. 527

SOBRE A EDIÇÃO
Mantendo o design do primeiro volume, o segundo apresenta apenas uma alteração na cor, predominando, agora, o azul. Edição em capa dura com sobrecapa, miolo em papel Pólen Soft, boa diagramação. A edição contém uma fita para marcar as páginas.

A Companhia das Letras preferiu adaptar o texto ao português do Brasil. Acredito que isso não cause nenhum efeito negativo, é apenas uma tentativa de deixar a leitura mais agradável, se levarmos em consideração as diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal. Tradução cuidadosa e primorosa, o que se percebe ao ler as introduções e as centenas de notas de rodapé, onde Frederico Lourenço apresenta um grande trabalho de semântica e sintaxe.

“[…] nós que não olhamos para as coisas visíveis, mas sim para as invisíveis. Pois as visíveis [são] temporárias, ao passo que as invisíveis [são] eternas.” 2 Co 4:18, p. 275

CONCLUSÃO
Ler a Bíblia é algo que vai muito além da fé: é, antes de tudo, uma grande viagem pela história do mundo e da literatura. As bases de nossa sociedade são fundamentadas nos preceitos do Cristianismo, então nada melhor do que ler a fonte disso tudo. Ainda mais nessa brilhante tradução crítica (laica, sem pretensões teológicas, mas sim literárias). Por “crítico”, devemos compreender que a tradução se propõe a manter-se o mais fiel possível ao original, não que se trate de uma crítica à outras traduções, ou algo do tipo. O professor Frederico Lourenço, um grande conhecedor do grego antigo, buscou com esse trabalho apresentar o texto bíblico que foi escrito antes do surgimento das diferentes correntes cristãs. Sendo assim, não temos aqui a melhor opção para você expressar sua fé, porém você terá em mãos uma das melhores versões para estudos, o primeiro projeto a se propor a verter a Septuaginta (Bíblia grega) para o português. Versão muito indicada para quem gosta de literatura, história e semântica.

“Não sejas vencido pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rm 12:21, p. 202

Minha nota (de 0 a 5): 5

Alan Martins

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