Tamara 20/12/2020
É ótimo quando temos muitas expectativas em torno de um livro e elas se concretizam, mas é também maravilhoso quando lemos um livro de forma despretensiosa e ele nos arrebata e se torna uma das melhores leituras do ano. A segunda alternativa foi a situação de A outra Sra. Parrish, um livro cuja leitura iniciei devido às boas recomendações que eu vinha recebendo e também por estar na minha lista há tempos, mas confesso que minha vib de leitura de suspenses estava baixa e eu estava até um pouco desanimada com o gênero naquele momento
Porém, com a escrita dinâmica e fluída da autora e com a trama interessante desenvolvida no início do livro, logo fui fisgada e li os primeiros quarenta por cento em uma curiosidade crescente, mas ainda contida, enquanto me perguntava o que iria acontecer de impactante nessa história para ser uma reviravolta e admito que eu estava, até esse momento do livro, julgando todas as pessoas que faziam parte da história, achando a vilã a maior inteligente do século, a vítima a maior trouxa e por aí vai.
Ah, mas quando o livro foi chegando na metade, todas as minhas concepções caíram por terra e eu senti como se o livro estivesse me dando um belo chute no estômago e me deixando nocauteada no chão, de tão impactante que certas revelações se mostraram. Naquele momento, já tarde, quase madrugada, não consegui mais parar de ler, e me peguei devorando o livro até chegar em seu final fascinante.
A outra Sra. Parrish é tudo aquilo que eu sempre quis ver em um livro, o feitiço virando contra o feiticeiro e o vilão levando o que merece. Mas, também, até chegarmos a um final satisfatório, o livro trabalha temáticas pesadas, nos surpreende com o rumo do suspense que é algo que no início da leitura eu jamais imaginei que acontecia, e em muitos momentos nos deixa de estômago embrulhado, devido a capacidade que alguns personagens tem de cometer certos atos.
O livro é escrito com narrativas alternadas, sendo que na primeira parte encontramos uma narrativa em terceira pessoa, e na segunda e terceira encontramos uma narração em primeira pessoa, tendo como narradoras as personagens principais. Com isso, podemos acompanhar ora o que uma está tramando, e de outro lado vemos também o que a outra tramou, e assim nos surpreendemos, nos chocamos, nos angustiamos e também vibramos a cada passo da história.
Confesso que a autora conseguiu criar um arsenal de personagens detestáveis e mesquinhos, sendo que ainda não sei quem seria o mais detestável para mim porque a disputa foi grande. Sei apenas que a minha personagem favorita foi Daphne, devido a toda a sua história e suas ações, e confesso que torci demais por essa personagem.
O livro é descritivo e carregado de ação na medida certa e temos muitas vezes detalhes do modo como os personagens pensam e agem, o que nos leva a mergulhar mais a fundo na mente deles e nos choca quando descobrimos para onde essa mente está indo.
Não encontro pontos negativos a destacar, pois para mim nada foi previsível e tudo me surpreendeu. Mas, temos temáticas fortes, as quais não posso mencionar infelizmente porque seria um imenso spoiler, mas que pode se tornar um pouco incômodo para quem tem questões relacionadas a esse tema.
Recomendo esse livro para os fãs de suspense com estômago forte e coração que aguenta impactos, e espero que quem for lê-lo tenha uma experiência tão interessante quanto foi a minha, a ponto de torná-lo este o meu suspense favorito do ano e já sei que quero ler tudo o que essas autoras virem a lançar.