A Holdford 11/05/2018Um protetor de 4 patasA trama começa com Cristiana, uma garota que s veste como gótica e costuma frequentar cemitérios com sua turminha, na qual eles se auto denominam "tribo", para declamar poesias, admirar as estátuas e obras de arte deste museu ao ar livre, cultuar a morte, ouvir músicas e jogar conversa fora. Eles são tão "tranquilos" que acabaram por fazer amizade com o vigia, Azeitona, e costumam presenteá-lo com alguma bebida alcoólica também. Porém, em momento nenhum eles depredam o cemitério ou profanam túmulos, embora constantemente sejam questionados se fazem isso.
A moça, Cristiana, é quase que como uma "líder" do grupinho de jovens e tem um site na internet onde vende produtos góticos, além de ser apaixonada por gatos. Aliás, falando deles, o rimo dela, Diego, não consegue resistir aos olhos tristes dos gatos para adoção no pet shop ao lado de seu serviço e acabou levando mais de 50 gatos ao longo do tempo para casa deles.
Além dos primos e os vários gatos, moram também na casa Hermelinda (mãe de Cristiana) e Madalena (a avó). A mãe de Diego, Ruth (que é a pessoa citada na sinopse do livro) faleceu a muito tempo, quando as duas crianças eram apenas nenéns de alguns meses, por conta de alguns probleminhas no qual vou falar um pouquinho mais para frente, segure a curiosidade.
No começo do livro Café, o gatinho preto da capa e primeiro a ser adotado por Diego para que Cristiana cuidasse, dá um jeitinho de escapar da certa e invade a casa da vizinha, onde uma gata de raça mora, a Valeska, e deixa os vizinhos Suzana e Alan revoltados. A mulher até ameaça envenenar o gato caso sua gata tenha ficado prenhe e isso revolta Cristiana. Há uns arranca rabos nervosos entre elas, alguns me deixaram brava e outros me fizeram rir, pois quem tem gato está suscetível a várias dessas situações (que revoltam na hora, mas com o tempo nós rimos mesmo ao lembrar).
Mas, fora o arranca rabo com a vizinha, a família de Cristiana segue seus próprios dramas. O avó delas, Miro, morreu sete meses após a filha, Ruth, se suicidar e é apenas com o decorrer do livro que entendemos a complicação que levou a tal situação. Há tantos mistérios que envolvem a paternidade dos primos e a vida de suas mães que é preciso que uma situação trágica e irremediável aconteça para que Hermelinda aceite contar, mesmo a contra gosto, o que aconteceu no passado.
Confesso que gostei dos personagens, o autor soube trabalhar bem a sexualidade de Hermelinda, ela assumiu lésbica e sente-se segura de si, mesmo que tenha que fazer coisas as quais não gosta para manter o emprego de seu sobrinho. Por outro lado, um outro personagem não é seguro de assumir-se e nós vemos o como ele acaba procurando o caminho errado, adoecendo e mesmo assim não consegue aceitar seu vício, culminando em um triste fim.
Mas, claro, é um livro espírita, então nós também vemos o desenvolvimento dos personagens que já estão do outro lado e o como alguns deles aprenderam com seus pecados e tentam ajudar os outros para redimirem-se, enquanto outros vivem em trevas e ainda não conseguiram aceitar seus erros e desculpar-se do ocorrido.
Com o tempo Cristiana acaba conhecendo um rapaz também e há mais um caminho e tanto para que a moça e ele percorram para conseguirem ficar juntos, mostrando que amar é algo muito maior que aparência e convenções sociais. E que, mesmo nos momentos mais tristes, ainda pode existir uma luz no final do túnel.
É um livro gostoso de ler, mas que uma situação sobre a concepção de um dos primos me pareceu meio fajuta, já que biologicamente é impossível, então no final de tudo me pareceu que ficou algo ali sem ser realmente explicado, sabe? Ainda assim, e uma leitura maravilhosa.
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